sábado, 29 de novembro de 2008

Tuuuurn me ooooon

Como é possível? Como a senhora Bianca "Coco" Casady conseguiu este milagre com sua voz? Hein, senhora Sierra "Rosie" Casady, como, como vocês fizeram isso? Que mágica é essa? Como explicar a maneira como estas duas criaturas, CocoRosie oh Coco & Rosie, querida Coco, querida Rosie, como vocês conseguiram transformar uma das canções mais nojentas e machistas do mundo nesta coisa deslumbrante, nesta canção linda, linda, linda? Isto é o que eu chamo de gender politics, eu quero dormir com Coco miando "tuuuurn me on" nos meus ouvidos, que coisa linda. Pasmo em performance. Turn me on.



sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Poemas visuais e sonoros

ALGUNS POEMAS VISUAIS & SONOROS




Ricardo Domeneck. "Hap", novembro de 2008.

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(Ricardo Domeneck, "Auto-retrato do poeta como anfíbio", 2006)

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(Ricardo Domeneck, "Sermão da cocanha da madre superiora do bar oco", Texto satyricrítico, 2007)

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(Ricardo Domeneck, "Garganta com texto: um oralfesto", 2006)

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(Ricardo Domeneck, "History of Poetry as Displacement of Attention or The Gräfenberg Spot of Language Art", POEMA VERBIwhereisthevocoVISUAL, 2008)

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(Ricardo Domeneck + Tetine, "Mula", uma colaboração. Vídeo de Eugen Braeunig. 2007)

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(Ricardo Domeneck, "epic glottis", 2006)

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(Ricardo Domeneck, "Pequeno estudo sobre os ciúmes", 2007)

§

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Alguma poesia brasileira andando em Portugal


(A Poesia Andando: Treze Poetas no Brasil, Lisboa: Cotovia, 2008)

com os poetas


Angélica Freitas
Aníbal Cristobo
Augusto Massi
Carlito Azevedo
Fabiano Calixto
Felipe Nepomuceno
Heitor Ferraz
Marcos Siscar
Marília Garcia
Ricardo Domeneck
Simone Brantes
Valeska de Aguirre
Walter Gam


Não, não é um panorama. Não. Não é o novíssimo milênio. Não são todos os poetas. Não são os únicos e se são os melhores não se sabe, não se diz. Não saberemos nós. Não. Não nesta vida. Não são, vejam bem, treze poetas do Brasil, pois um nasceu em Buenos Aires. Não são, porém, treze poetas no Brasil, pois três deles vivem na Zooropa. Não conhecem todos os focinhos dos outros. Não gostam todos talvez da poesia dos outros. Não concordam talvez com a seleção. Não dão conta da poesia completa do Brasil. Não andam em Portugal. Não. Não vejo a hora de pôr mãos e olhos e garganta neste livro.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Primeira noite das "European voices"

Ontem à noite leu a primeira leva de poetas do festival European Voices, na sala de leituras do Literaturwerkstatt. Abriu a noite a poeta britânica Joanne Maria McNally, com três poemas ligados à cidade de Berlim, onde vive desde 1988. Difícil julgar seu trabalho por estes três poemas, portanto deixarei de lado minha placa de auto-interdição a esta praia até obter maior informação sobre a poeta.

Em seguida, leu o poeta português Gastão Cruz (Faro, Portugal - 1945), "membro" do grupo conhecido pelo nome da revista que editou, Poesia 1961, que incluía ainda Luiza Neto Jorge, Fiama Hasse Pais Brandão, Casimiro de Brito e Maria Tereza Horta. Um poeta muito delicado e inteligente, tivemos uma longa e divertida conversa depois da leitura, sobre poetas brasileiros (João Cabral de Melo Neto, Haroldo de Campos) e portugueses, como Herberto Helder, Ruy Belo, Alberto Pimenta e Adília Lopes, assim como sobre o poeta Luis Miguel Nava (assassinado aos 37 anos, em 1995), e também sobre a revista que co-edita, a Relâmpagos. Foi um prazer conhecê-lo.

ESPECTROS, poema de Gastão Cruz

Restas Dentro da
luz nascido
erraste nas areias que
foram para ti o universo Estás
em tempos diversos onde a ave

que sobrevoa agosto até ao
extremo já não te vê e tu
não podes ver
as asas que te queimam
Mas a vida descobre-te sozinho

tropeçando na carne dos
espectros E tu
restas
Essa luz é
o nada A praia já entrou

no verão
infinito A aurora eterna
expulsa-te Mas
restas A memória
interpreta-te és a

vítima do dia que te recusa
e exibe Nessa
luz da origem
sobrevives
interrogando o corpo incorruptível

§

Em seguida leu o francês André Velter. Conhecia-o apenas como organizador da antologia Orphée Studio: poésie d'aujourd'hui à voix haute (Paris: Gallimard, 1999), com poemas-para-performance de Jacques Roubaud, Christian Prigent, Serge Pey, entre outros. Gostei de sua leitura, vou procurar mais de seu trabalho.

Fui o penúltimo a ler. Iniciei minha leitura com meu texto-para-performance en inglês "This is the voice", lendo em seguida os poemas "Linear", "Mula", "Sempre o exílio" e "falar hoje exige", precedidos por suas traduções para o alemão, lidas pelo poeta Alexander Gumz (que leu as traduções para o alemão de todos os poetas da noite). Terminei a leitura com o poema em inglês "Poem (for Jonas Lieder)".

Encerrou a noite o poeta dinamarquês Morten Søndergaard, com um trabalho bastante interessante.

Hoje ocorre a segunda noite do festival, com o meu querido colega Tomaž Šalamun (que nasceu em Zabreb, na Croácia, em 1941, mas cresceu e vive em Liubliana, na Eslovênia), um dos mais conhecidos poetas europeus contemporâneos. É a segunda vez que lemos juntos em um festival este ano. Um cavalheiro delicadíssimo.

Lê ainda a minha queridíssima Nora Gomringer, com quem divido o microfone pela terceira vez (lemos/performamos no mesmo festival em Barcelona em 2007 e mais tarde em Madri, em maio deste ano). Nora Gomringer é filha do poeta Eugen Gomringer, sim, aquele da fundação internacional da Poesia Concreta, e sua filha é uma das mais importantes poetas-performers da Alemanha. Delícia de criatura.


(Nora Gomringer em Barcelona, "Du baust einen Tisch", com tradução para o catalão, acompanhada pela banda Bradien)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Para engolir e curar a tristeza

Não tive a oportunidade de conhecer o poeta Leonardo Martinelli pessoalmente. Trocamos muitas mensagens eletrônicas, discutimos poesia, a alheia e a nossa, trocamos poemas, comentamos o trabalho do outro. Acreditava que seria um dos encontros bonitos quando finalmente passasse pelo Brasil mais uma vez. A notícia de sua morte, este fim-de-semana no Rio de Janeiro, deixou-me bastante triste. Martinelli foi uma das pessoas que me trataram com gigantesca generosidade, desde que publiquei meu primeiro livro. Considerava-o um amigo, companheiro, aliado, colaborador, cúmplice. Termino esta nota, muito triste, com um de seus poemas, talvez meu favorito entre os que escreveu antes de desaparecer.

Receitas para engolir e curar o fracasso

Origem, compra, preparo e sabor


1. Ave sertaneja
de porte médio
fibrosa, rija
de vida noturna

Preços: vinte e
sete contos o quilo
no Mercadão de
Madureira ou

trinta e sete
(ágio de dez paus)
nos açougues febris
da rede Mundial

O jeito é pegar
um 254 na madruga
ou encarar de frente
o trem da Central


2. Embrulhe o fracasso
com jornal de ontem


3. Afogue duas postas numa
panela de barro contendo
dois litros de vinho barato

Salgue e asse
em fogo alto

Enfeite o prato
com uma dúzia de

amóreas secas + 100 g
de fios de óvulos


4. Aí vai ele
numa baixela dourada
ridícula - duas
palavras
em francês fajuto
farão sorrir amarelo

o rapaz de
meia-idade e enrubescer
as bochechas
gentis suburbanas
à mesa

Rende
para uma duas três
mil pessoas


Posologia

Uma vez
hiperdosada
vai-se a bula ao
mar de bile

--- poema de Leonardo Martinelli (1971 - 2008)

sábado, 22 de novembro de 2008

Los poetas

Acabou hoje o Festival de Poesia Latino-Americana de Berlim, conhecido como Latinale. A última leitura foi esta noite, no Instituto Cervantes. Sem apoio financeiro este ano, o festival concentrou-se em poetas latino-americanos vivendo na Europa, o que limitou a seleção. Mesmo assim, Timo Berger e Rike Bolte conseguiram organizar um festival com um belo número de poetas realmente muito bons. Alguns são, em verdade, excelentes poetas. Com uma ou outra escolha "institucional", o festival conseguiu trazer poesia latino-americana de qualidade à capital alemã.

Foi um prazer conhecer os mexicanos Luis Felipe Fabre e Minerva Reynosa, poetas muito bons, inteligentes, com quem foi um prazer conversar. De Luis Felipe Fabre posso agora ler, graças à sua generosidade, o livro Cabaret Provenza, com belos poemas, e o livro de ensaios Leyendo agujeros. Ensayos sobre (des)escritura, antiescritura y no escritura. Gostei de conhecer pessoalmente a argentina Carolina Jobággy, uma poeta elegante, em todos os aspectos. Mesmo que não me interesse por 100% de sua pesquisa poética, seu trabalho chama a atenção. Em outro espectro, ainda que a alguns tenha parecido uma espécie de diva ensandecida, a espanhola Montserrat Álvarez me agradou muito com seu trabalho e sua presença. A uma diva com o seu talento, perdoa-se tudo. Também me alegrou a leitura do peruano Domingo de Ramos, com um trabalho que poderia apenas descrever, agora, como legítimo, um poeta que inspira respeito. Conversei com outro poeta a respeito de sua geração, que este chamou de "geração de poetas-performers dos anos 80 na América Espanhola", sobre a qual conhecemos muitíssimo pouco no Brasil, praticamente nada, já que nos chega em geral apenas o trabalho dos soldados da máfia da elefantíase semântica (a Modo de Usar & Co. é uma das várias revistas tentando pluralizar/complicar a fotografia).

O grande prazer deste festival foi, no entanto, rever o chileno Yanko González, um poeta excelente, uma pessoa que respeito muito. Conheci-o em Buenos Aires, em 2006, durante o Festival de Poesia Latino-Americana de Buenos Aires, conhecido como Salida al mar. Estávamos os três (Yanko González, Angélica Freitas e eu) hospedados na casa do poeta argentino Cristian De Nápoli, e tivemos tardes e noites de ótimas conversas e debates. Seu livro Metales Pesados (1998) pareceu-me um dos melhores trabalhos da última poesia latino-americana que havia lido. Sua leitura no festival em Buenos Aires foi impressionante, um poeta que escreve muitíssimo bem, sabendo, porém, que estes TEXTOS serão um dia oralizados. Escrevo esta postagem com seu mais recente livro ao meu lado, chamado Alto Volta (2007), excelente livro. Sua leitura foi, esta noite, um dos pontos altos do festival. As conversas que tivemos, regadas a vinho, foram outros pontos altos do meu semestre.

§§§

POEMAS DE YANKO GONZÁLEZ


gremio

Fui donde Morgan y le dije:
dame este retrato mío que tienes en la cabeza.
No te enojes -me dijo-
ya te lo doy.
Se abrió la testa y me lo dio.
Después fui donde Taylor :
Edward ese retrato mío que tienes en la cabeza
dámelo
Estás enfermo –dijo-
Me impacienté le di un palo
le abrí el cráneo y saqué mi retrato.

Boas escuchó el grito y vino corriendo:
pero hijo mío ¿qué has hecho?
Cayó otra víctima
Se lo abrí y saqué mi retrato.

Me visitó la Mead:
Maggie dame ese retrato mío que tienes en la cabeza.
Se abrió el cráneo y me lo dio.
Busqué a Ruth y mudo
le partí el cráneo con un fierro
le saqué mi fotografía blasfemando
Con el cráneo abierto
Como abierta le dejé la puerta de su casa.

(Se me cruzó Evans
Con su mismo rifle le destapé los sesos usurpándole mi imagen)

Volví y estaban todos almorzando

Claude L. S. y el Polaco
Se levantaron y sin siquiera saludarme
se abrieron sendos cráneos y me dieron el retrato
haciéndome una venia.
Partí a donde todos mis “amigos”.

Se había corrido la voz y no tuve ningún inconveniente
Me saludaban amablemente
Mientras con la otra mano me daban mi retrato
Yo les decía al mismo tiempo "gracias"
Y les cerraba su cráneo con deferencia.

Al séptimo día me fui a Ninguna Parte
Con mi bolso de cuero y lana repleto de fotografías
Me empiné como pude
Y las puse sobre una nube que pasaba y les prendí fuego.

Volví de una carrera
Los busqué uno por uno

Pero allí estaban todos

Con ese otro retrato mío en la cabeza.


§§§

ejemplo

Quieren que me vaya como si yo no quisiera irme
Entonces les digo me voy
Pero al primer
o quinto paso
Corren a buscarme
para que les planche el aire
Les abra una zanja
donde han de cruzar sus trajes.

Ayer fue lo mismo
Entendí claramente
quieren que me vaya
Eso es lo que se decían mientras cuidaba de sus niños

Yo jugaba a lo que en Alto Volta se jugaba
Ejemplo
La silla se llama lavabo la puerta sardina
La mesa vajilla y los zapatos cadira
Entonces los niños gritaban
Amarillo
Ábrenos la sardina.

Era un juego y dijeron que me fuera
Que tenía que enseñarles las palabras
Como se debían

Ejemplo
abrir la boca
se dice
reír.

§§§

que no quiere

“Que
no
quiere
morir
como
un
perro
nadie
quiere
morir
como
un
perro
todo
ser
humano
merece
no
morir
como
un
perro
ha
vivido
como
cerdo
y
no
quiere
morir
como
un
perro”

§§§

Pasavante

No,
si puedes quedarte
pero sucede
es decir la casa está
digamos que no hay
mucho por donde una
o dos puedan veamos
es que estoy con un ritmo
digo al mismo tiempo
con esto para allá
con lo otro preferiría
No,
si puedes quedarte
pero sucede
es decir la casa está
digamos que no hay
mucho por donde una
o dos puedan veamos
es que estoy con un ritmo
digo al mismo tiempo
con esto para allá
con lo otro preferiría
No,
si puedes quedarte
pero sucede

§§§


(Yanko González, lendo no festival chileno Poquita Fe, 2008)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

no dia 25 de novembro, em Berlim

Leio poemas no festival European Voices, com Tomaz Salamun, Nora Gomringer e outros.



European Voices.
25/26 de novembro no Literaturwerkstatt.
Berlin.

Com os poetas

Gastão Cruz (Portugal),
Ricardo Domeneck (Brasil/Alemanha),
Joanne Maria McNally (Grã-Bretanha),
Morten Søndergaard (Dinamarca),
André Velter (França),
Nora Gomringer (Alemanha),
Paolo Ruffilli (Itália),
Tomaž Šalamun (Eslovênia)
e Serge van Duijnhoven (Holanda)

http://literaturwerkstatt.org

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Entrevistando Owen Ashworth

Conduzi esta entrevista com Owen Ashworth (Casiotone for the Painfully Alone) no final de 2006 em Berlim, nos meus tempos de editor da revista Flasher. Os excertos de seu concerto foram filmados na noite anterior.


(Owen Ashworth em entrevista com Ricardo Domeneck, Berlim, inverno de 2006)

O poeta-músico Owen Ashworth nasceu na Califórnia em 1977. Após abandonar o curso de cinema, fundou o projeto Casiotone for the Painfully Alone em 1997. Seu álbum Etiquette (2006) é uma coisa muito bonita.


(Casiotone for the Painfully Alone, "White Corolla")

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Yo! Majesty

Hoje é uma noite de gender-guerrilla na berlin hilton. Temos a honra de apresentar Shunda K, uma das integrantes do coletivo YO! MAJESTY, que tem causado furor nos últimos meses, desde que foi "descoberto" pela mídia que suga as energias do mundo da música. Hoje, 19 de novembro, na berlin hilton.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Peter Watkins, cineasta & provocateur

Descobri esta semana o trabalho do cineasta inglês Peter Watkins (n. 1935) e estou estupefato. Seus longas e curtas em estilo docudrama são simplesmente geniais. Assisti ontem à noite o longa Punishment Park (1970), que imagina um governo totalitário nos Estados Unidos de Nixon, e o curta The Forgotten Faces (1960), este último sobre a Revolução Húngara de 1956. Seu trabalho transformou-o em dissidente político na Inglaterra e o diretor vive há anos em exílio "voluntário", na Suécia, Canadá e, hoje em dia, França. Vou caçar esta semana o longa-metragem La Commune (de Paris, 1871) (2000), que tem (!) mais de 5 horas de duração.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Alemão!

Houve aquele rapaz brasileiro que disse que só se pode "filosofar" em alemão. Eu, pessoalmente, acredito que o alemão funciona muito melhor para o Punk do que para a Filosofia. Mas é tudo questão de gosto, de sabor, de flavour, será?

Hein? Dizia minha mãe: "o que seria do amarelo se todos gostassem do azul?" e eu dizia por dentro, "que se tinja! ou invada o azul e invente o verde! abaixo o status quo!"

Bom, meu amigo Florian Puehs concorda comigo. Preferiu usar sua língua para o punk do que para a filosofia. Foi vocalista da banda Surf Nazis Must Die e hoje é vocalista da banda Herpes. Filmei os vídeos abaixo em dois de seus concertos. O primeiro foi o último show deles em Berlim, no clube Lokal, o segundo vídeo foi a performance deles no nosso "own private Cabaret Voltaire" batizado de "berlin hilton":


(Florian Puehs e Herpes @ Lokal, Berlin - outubro de 2008)


(Florian Puehs e Herpes @ berlin hilton, Berlin - fevereiro de 2008)


(Florian Puehs e Surf Nazis Must Die, em Bremen - 2003)




Tradução para Jerome Rothenberg

A Noiva Mecânica

já não é mais mecânica, hoje
não nem amanhã
alicerçam-na sob o túnel
que leva seu nome
triste noiva
teus rebordos minúsculos incham & caem
o homem que compra teu conversível
guincha-te até o baile
mecânica e brilhosa
como um cérebro maquinal
o papa do DADA galga-te
chupa teus tubos
mais tarde há-de bombear seus arrebites nas
tuas almofadas de látex

(tradução de Ricardo Domeneck)

§

The Mechanical Bride

no longer is mechanical, today
not nor tomorrow
they prop her under the tunnel
that bears her name
sad bride
thy tiny flanges swell & fall
the man who buys thy roadster
hauls thee to the dance
mechanical & beaming
like a brain machine
the pope of DADA mounts thee
sucks thy pipes
later will pop his rivets on
thy rubber cushions


Jerome Rotherberg nasceu na cidade de Nova Iorque, em 1931. Ainda que seja contemporâneo dos poetas do grupo que ficou conhecido como Escola de Nova Iorque (Frank O´Hara, John Ashbery, James Schuyler, Barbara Guest e Kenneth Koch, entre outros da primeira geração), Rothenberg manteve-se independente mesmo das poéticas mais conhecidas do pós-guerra, entre os chamados "New Americans", devido à antologia organizada por Donald Allen em 1960, intitulada New American Poetry. O poeta estréia neste mesmo ano de 1960, com a coletânea White Sun Black Sun. No fim da década de 60, Jerome Rothenberg torna-se um dos principais teóricos e criadores do que ele viria a chamar de "ethnopoetics", centrada neste momento na antologia Technicians of the Sacred (1968). Unido ao poeta-performer David Antin, passa a editar também a revista some/thing, publicando vários poetas norte-americanos que retomam as estratégias da primeiras vanguardas, contextualizando-as ao novo momento político.

Uma das características interessantes da antologia Technicians of the Sacred foi a tentativa de Rothenberg de borrar, na verdade, as fronteiras que separavam as poéticas ocidentais modernas das poéticas mundiais "arcaicas" (uso a expressão nos termos de Mircea Eliade, e não com os preconceitos euro-etnocêntricos), ligando em arco poetas de culturas não-ocidentais a certas vanguardas européias, vendo, por exemplo, em DADA mais que niilismo destrutivo e anti-tradição, mas (como tenho defendido) o retorno a características dormentes do trabalho poético, que se torna muito mais que mera franquia da literatura.

London Onion - Jerome Rothenberg
(Jerome Rothenberg, "London Onion", 1985)

DADA se tornaria uma espécie de "musa" para Rothenberg, nas palavras da poeta Diane Wakoski, poeta ligada também ao grupo da "Deep Image", com Rothenberg, Robert Kelly e Clayton Eshleman.

Este retorno às estratégias do grupo do Cabaret Voltaire liga poetas como Jerome Rothenberg, David Antin e Clayton Eshleman aos poetas do Grupo de Viena, como H.C. Artmann e Gerhard Rühm, ou a poetas franceses como Henri Chopin e Bernard Heidsieck.

Em 1981, Rothenberg publica a coletânea That DADA Strain, em que sua musa dadaísta ganha voz e signo. No prefácio ao volume, ele escreve: "Ninguém, é claro, realmente é DADA hoje, mas a resistência (enquanto esta continua) pode tomar o suficiente de um olhar para o passado e considerar os que nos precederam. Vista desta forma, sua liderança seria através da linguagem - seu colapso e reconstrução - que os levou a inventar novas linguagens..."

Abaixo, uma das "Horse Songs" em performance de Rothenberg.

Horse Songs I - Jerome Rothenberg
(Jerome Rothenberg, "Horse Songs 1")

sábado, 15 de novembro de 2008

Café-da-manhã de um sábado

Após a típica noite de excessos de uma sexta-feira qualquer, café-da-manhã sob cobertores, lendo um ensaio de Susan Sontag sobre os filmes de Robert Bresson, bebendo café e terminando a manhã com Shurayukihime ou Lady Snowblood (1973), de Toshiya Fujita:

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O futuro é urgente

Nesta quarta-feira, na "berlin hilton", o evento semanal que co-dirijo aqui em Berlim no clube Neue Berliner Initiative (our own private Cabaret Voltaire), nós tivemos um gosto de hoje é agora. Lá estávamos, na capital alemã, de madrugada, enquanto nossa atração principal da noite estava em Tóquio, capital japonesa, transmitindo sua performance ao vivo via Skype, com o sol brilhando. Foi nosso primeiro concerto intercontinental. Infelizmente não há registro, mas mostro aqui o concerto que Puma Mimi fez, via Skype, entre Tóquio e Nova Iorque:


Tim & Skype Mimi Live @ Santos NYC from tim alstublieft on Vimeo.

Poetas, vamos usar?

Amigos em revistas: Brett Lloyd - Dazed and Confused (UK)

BRETT LLOYD fotografa Josh Beech e Ash Stymest para a Dazed and Confused.



(Brett Lloyd, "Josh Beech and Ash Stymest for Dazed and Confused", styling by Nichola Formichetti, 2008)


§

No meu próximo livro, chamado Sons: Arranjo: Garganta, a sair pela coleção de poesia contemporânea Ás de Colete da Cosac Naify em breve, o retrato da capa foi feito também por Brett Lloyd.

(Brett Lloyd, "Ricardo", 2007)

Amigos em revistas: Freitas @ Nioques (França)

Com tradução de Nathalie Quintane, poemas de nossa camarada em armas Angélica Freitas na terra de Gertrude Stein, ora, sim, na França, no quarto número da revista Nioques.



Enquanto isso, em Portugal, a antologia "A Poesia Andando: Treze Poetas no Brasil" vai dando seus primeiros passos pelas ruas de Lisboa, carregando poemas de Marília Garcia, Angélica Freitas, Fabiano Calixto (camaradas am armas!) e meus, além doutros. Ora, pois.

Abaixo, dois inéditos de Dona Freitas, publicados na revista espanhola Poesía Digital:


alguém quer saber o que é metonímia
abre uma página da wikipédia
se depara com um trecho de borges
em que a proa representa o navio

a parte pelo todo se chama sinédoque

a parte pelo todo em minha vida
este pedaço de tapeçaria
é representativo? não é representativo?

eu não queria saber o que era
metonímia, entrei na página errada
eu queria saber como se chegava
perguntei a um guarda

não queria fazer uma leitura
equivocada
mas leituras de poesia
são equivocadas

queria escrever um poema
bem contemporâneo
sem ter que trocar fluidos
com o contemporâneo

como Roland Barthes na cama
só com os clássicos

§

ítaca

se quiser empreender viagem a ítaca
ligue antes
porque parece que tudo em ítaca
está lotado
os bares os restaurantes
os hotéis baratos
os hotéis caros
ja não se pode viajar sem reservas
ao mar jônico
e mesmo a viagem
de dez horas parece dez anos
stop-overs no egito?
nem pensar
e os free-shops estão cheios
de cheiros que se podem comprar
com cartão de crédito.
toda a vida você quis
visitar a grécia
era um sonho de infância
concebido na adultez
itália, frança: adultério
(coisa de adultos?
não escuto resposta).
bem, se quiser vá a ítaca
peça que um primo
lhe empreste euros e vá a ítaca
é mais barato ir à ilha de comandatuba
mas dizem que o azul do mar
não é igual.
aproveite para mandar e-mails
dos cybercafés locais
quem manda postais?
mande fotos digitais.
torre no sol
leve hipoglós
em ítaca comprenderá
para que serve
a hipoglós.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

se Perséfone / em alfândegas / da quarentena

se cansar do turismo
entre hemisférios
do sim do não
decidir que tudo
mais
vá para o inverno
a maré de azares
entre cafuné e açoite
há sim
de pisotear
em pessoa o camelo
que me ultrapassa
pela direita insciente
dos semáforos
a cada centímetro
de epiderme couro
escama para tua própria
segurança senhor
feitor ausente
à palestra
em que provo
por A
+ Z
que "até tu
Brutus" não
é o mesmo
que "o capitão
afunda
com o barco"
só resta senhor
credor
equacionar com brio
XY + XY = 0
à esquerda
na madeira
que se rebela
contra o fogo
queimando
The End
o prefácio
dos créditos
(in order of appearance)
do senhor diretor
que não
coadjuva

Que o vácuo remanescente seja raivoso como Polly Jean Harvey

mas mesmo a inglesa cansa-se, caminha de um deserto em Dry (1992) a um deserto em White Chalk (2007) e onde a fúria por qualquer forma de satisfaction, na vingança do pus em separar do ar pele ferida e pele intacta, apouca-se, serve morna quem cansou de assoprar queimadura em grau e prato da revengíssima,

the art of
fucking losing
isn´t hard
to master,
Master,

comece com os grunhidos em ameaça de "make you lick my injuries" e termine com sussurros aos favores da "dear darkness cover me again", yes! ja! oui! o caminho da maturidade, sim?, retirar das perdas a lição, é isso?, hein Master?, A Educação pela Perda, hein?, aproximo-me com exclamativos e me abordas com quatro perdas nas mãos? fiz meu dever de casa, Master oh Master, contei com os dedos nos cálculos e nos rins,

subtração decréscimo contagem regressiva deflação
dos males o menor,
menos valem os pássaros voando
que aquele que defeca em minha mão,

sei, ouvi, aprendi, cresci sem estilingue sem bacamarte sem artilharia anti-aérea, demonstrarei meus bons modos ao kamikaze e toda a minha hospitalidade oferecendo-lhe a outra a melhor face.



Angie and I don´t!

Oh wise, wise Stephen Patrick Morrissey.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Perturbações da semana: Paul de Man

"Modernity and history relate to each other in a curiously contradictory way that goes beyond antithesis or opposition. If history is not to become sheer regression or paralysis, it depends on modernity for its duration and renewal; but modernity cannot assert itself without being at once swallowed up and reintegrated into a regressive historical process. (...) The historian, in his function as historian, can remain quite remote from the collective acts he records; his language and the events that the language denotes are clearly distinct entities. But the writer´s language is to some degree the product of his own action; he is both the historian and the agent of his own language. The ambivalence of writing is such that it can be considered both an act and an interpretative process that follows after an act with which it cannot coincide. As such, it both affirms and denies its own nature or specificity. Unlike the historian, the writer remains so closely involved with action that he can never free himself of the temptation to destroy whatever stands between him and his deed, especially the temporal distance that makes him dependent on an earlier past. The appeal of modernity haunts all literature. It is revealed in numberless images and emblems that appear at all periods - in the obsession with a tabula rasa, with new beginnings - that finds recurrent expression in all forms of writing."

Paul de Man, "Literary History and Literary Modernity" in Blindness and Insight: Essays in the Rhetoric of Contemporary Criticism – as perturbações críticas desta semana.

domingo, 9 de novembro de 2008

Orgulho dos amigos: Brett Lloyd

É bom, é feliz ver os amigos "chegando lá", conseguindo reconhecimento por seus trabalhos, especialmente quando acreditamos tanto no talento deles. É uma coisa muito feliz. Conheci o jovem fotógrafo britânico Brett Lloyd em 2006, quando me apresentei em Londres como DJ pela primeira vez. Soube de cara que suas fotografias estariam nas revistas mais conhecidas do mundo em breve, mas me surpreendeu a rapidez com que tudo aconteceu. Brett faz algumas das fotos mais delicadas





e ao mesmo tempo é um dos mais criativos fotógrafos de moda dos últimos anos. O próximo número (dezembro) da revista londrina Dazed and Confused traz uma série de fotos suas.

sábado, 8 de novembro de 2008

Sábado à noite sob cobertas

Após a bomba de imagens e palavras de Guy Debord (que pude finalmente ver na telona), seguida de uma noite de excessos em dois clubes berlinenses, noite de sábado tranqüilíssima, com 3 filmes em DVD, um pote de sorvete de doce-de-leite, cobertores e travesseiros.

Programa da noite:

The Heiress (1949), de William Wyler
They Shoot Horses, Don´t They? (1969), de Sydney Pollack
Die Bleierne Zeit (1981), de Margarethe von Trotta

Antes de dormir, alguns poemas de Unica Zürn, mais algumas páginas de Paul de Man, e Illinoise, o álbum lindo de Sufjan Stevens.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A leve, aérea esperança, aérea, pois não!

Rondó do Capitão

Bão balalão,
Senhor capitão,
Tirai este peso
Do meu coração.
Não é de tristeza,
Não é de aflição
É só de esperança,
Senhor capitão!
A leve esperança,
A aérea esperança...
Aérea, pois não!
- Peso mais pesado
Não existe não.
Ah, livrai-me dele,
Senhor capitão!

(Manuel Bandeira)


Entre terça-feira e a manhã de quarta, passamos horas diante de uma tela de TV, aguardando resultados, experimentando entre amigos este momento muito, muito bonito em que os americanos, ridicularizados e detestados por 8 anos por terem "cometido" George W. Bush, dão este passo corajoso, democrático, correto. Há duas semanas, eu ainda acreditava ser muito difícil ver Barack Obama na presidência dos Estados Unidos, mas quando sua vitória surgiu no horizonte, contemplei com uma alegria imensa a forma como os americanos entregaram-se a um instante de esperança, não ingênua, mas aquela delicadíssima esperança que se equilibra no possível.

Esta semana, o país que foi às urnas foi aquele que podemos e devemos respeitar, o país onde nasceram Henry David Thoreau, Gertrude Stein, Miles Davis, John Cage, Patti Smith, entre tantos outros.

A eleição de Barack Obama mostra que passos coletivos ainda são possíveis, e que talvez possamos salvar este planeta, que segue caminhando para a devastação completa por corporaçoes que poluiriam até nossa saliva, se tivessem acesso a ela.

O coletivo Kute Bash faz seu "Acceptance Speech"



KUTE BASH é o coletivo responsável por intervenções est-É-ticas na capital alemã, com o evento-eixo conhecido como BERLIN HILTON entre elas.

O coletivo é formado pelos interventores Ricardo Domeneck aka Kate Boss, Viktor Neumann & Niklas Goldbach aka Zuckerbrot & Peitsche, Oliver Krueger aka OL!, Daniel Reuter, André Scheffler aka Andre Lange, Philipp Sapp aka K.Jell, Jonas Lieder aka Shrivel, entre outros cúmplices e colaboracionistas irregulares.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Inéditos de Angélica Freitas

A revista eletrônica espanhola POESÍA DIGITAL traz este bimestre alguns inéditos de Angélica Freitas, traduzidos pela poeta madrilenha Sandra Santana.

Inéditos de Angélica Freitas AAQQUUII

"Carl", 5:08 - DV-PAL - 2006



(Ricardo Domeneck, "Carl", 5:08 - DV-PAL, 2006)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Algumas notícias para novembro

§ no dia 5 de novembro, a poeta Marília Garcia apresenta seu texto "Um escritório sobre o Atlântico: Testimony, de Charles Reznikoff, e os documentos poéticos para a escrita de Emmanuel Hocquard", no ciclo de palestras da Universidade Federal Fluminense, organizado por Célia Pedrosa, chamado "Poéticas contemporâneas: subjetividades em devir". Participam ainda, desta mesa redonda, o poeta Franklin Alves Dassie, com o texto "A ficção morte: relações entre doença e poesia", e o poeta Antônio Andrade, com o texto "Escritura e militância em Néstor Perlongher". Universidade Federal Fluminense, Campus do Gragoatá, Instituto de Letras, bloco C – sala 218C, Niterói, RJ. 5 de novembro, entre as 18h e as 19h30.

§ no dia 6 novembro, são lançados em São Paulo os novos livros de Dirceu Villa e Pádua Fernandes. Tive o prazer de ler em primeira mão os manuscritos de Icterofagia, de Villa, e Cinco lugares da fúria, de Fernandes, e são livros que devem certamente entrar no debate poético contemporâneo. Ambos são publicados pela Editora Hedra e o lançamento será na Livraria da Vila, nesta quinta-feira, entre as 18:30 e as 21:30.

§ entre os dias 7 e 13 de novembro, ocorre no Rio de Janeiro a exposição O Funâmbulo e o Escafandrista, da poeta e artista visual carioca Laura Erber. O local é a galeria Arte Contemporânea, na rua Siqueira Campos, 143 sobreloja 118, Copacabana.

§ no dia 9 de novembro, será lançada em Lisboa, Portugal, a antologia A Poesia Andando: 13 Poetas no Brasil, pela Editora Cotovia. A antologia foi organizada por Marília Garcia e Valeska de Aguirre, a convite da editora portuguesa que, interessada no trabalho das duas poetas cariocas, convidou-as a selecionar poemas de sua autoria e de poetas brasileiros contemporâneos com quem tivessem afinidades poéticas. Tenho o prazer de ter poemas na antologia, ao lado de Marília Garcia e Valeska de Aguirre, e ainda Angélica Freitas, Fabiano Calixto, Aníbal Cristobo, Walter Gam, Felipe Nepomuceno, Marcos Siscar, Carlito Azevedo, Heitor Ferraz, Augusto Massi e Simone Brantes. Na mesma data, a editora lança ainda o livro Um crime delicado, de Sérgio Sant’Anna.

§ entre os dias 15 e 22 novembro, acontece na Alemanha o festival de poesia latino-americana conhecido como Latinale. O festival deste ano traz um dos meus poetas favoritos, o chileno Yanko González, que faz uma leitura impressionante. Conheci-o no festival de poesia latino-americana de Buenos Aires, o Salida al mar, e sua leitura foi realmente espantosa. Outros destaques são os mexicanos Luis Felipe Fabre e Minerva Reynosa, assim como a argentina Carolina Jobbágy.

§ nos dias 25 e 26 de novembro, participo do festival de poesia européia conhecido como European Voices. O festival acontece nas cidades de Berlim, Viena, Roma e Helsinki. Terei o prazer de ler em Berlim ao lado de poetas como Tomaž Šalamun e Nora Gomringer.

European Voices. 25/26 de novembro no Literaturwerkstatt Berlin.

Com os poetas Gastão Cruz (Portugal), Ricardo Domeneck (Brasil/Alemanha), Joanne Maria McNally (Grã-Bretanha), Morten Søndergaard (Dinamarca), André Velter (França), Nora Gomringer (Alemanha), Paolo Ruffilli (Itália), Tomaž Šalamun (Eslovênia) e Serge van Duijnhoven (Holanda)

http://literaturwerkstatt.org

sábado, 1 de novembro de 2008

Leitura / Reading @ STYX Projects

Hoje à noite, na Galeria STYX Projects (Landsberger Allee 54), farei uma leitura de poemas em inglês e português. Também lêem os autores Martin Lechner e Mathias Traxler.

Tonight, at the gallerie STYX Projects (Landersberger Allee 54), I will be reading some poems in English and Portuguese. The German authors Martin Lechner and Mathias Traxler will also be reading.

Ricardo Domeneck
Martin Lechner
Mathias Traxler

Borderlines Reading Series.
STYX Projects
Landsberger Allee 54

Saturday / Samstag / Sábado
Nov. 1, 2008
19:30

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