sábado, 29 de junho de 2013

"Aos que vierem depois de nós" - Bertolt Brecht (Tradução de Manuel Bandeira)



Aos que vierem depois de nós
Bertolt Brecht

I.

Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.

Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
Esse que cruza tranqüilamente a rua
não poderá jamais ser encontrado
pelos amigos que precisam de ajuda?

É certo: ganho o meu pão ainda,
Mas acreditai-me: é pura casualidade.
Nada do que faço justifica
que eu possa comer até fartar-me.
Por enquanto as coisas me correm bem
(se a sorte me abandonar estou perdido).
E dizem-me: "Bebe, come! Alegra-te, pois tens o quê!"

Mas como posso comer e beber,
se ao faminto arrebato o que como,
se o copo de água falta ao sedento?
E todavia continuo comendo e bebendo.

Também gostaria de ser um sábio.
Os livros antigos nos falam da sabedoria:
é quedar-se afastado das lutas do mundo
e, sem temores,
deixar correr o breve tempo. Mas
evitar a violência,
retribuir o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, antes esquecê-los
é o que chamam sabedoria.
E eu não posso fazê-lo. Realmente,
vivemos tempos sombrios.

II.

Para as cidades vim em tempos de desordem,
quando reinava a fome.
Misturei-me aos homens em tempos turbulentos
e indignei-me com eles.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Comi o meu pão em meio às batalhas.
Deitei-me para dormir entre os assassinos.
Do amor me ocupei descuidadamente
e não tive paciência com a Natureza.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.
A palavra traiu-me ante o verdugo.
Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantes
Se sentiam, sem mim, mais seguros, — espero.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

As forças eram escassas. E a meta
achava-se muito distante.
Pude divisá-la claramente,
ainda quando parecia, para mim, inatingível.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

III.

Vós, que surgireis da maré
em que perecemos,
lembrai-vos também,
quando falardes das nossas fraquezas,
lembrai-vos dos tempos sombrios
de que pudestes escapar.

Íamos, com efeito,
mudando mais freqüentemente de país
do que de sapatos,
através das lutas de classes,
desesperados,
quando havia só injustiça e nenhuma indignação.

E, contudo, sabemos
que também o ódio contra a baixeza
endurece a voz. Ah, os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.
Vós, porém, quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem,
lembrai-vos de nós
com indulgência.

:


An die Nachgeborenen
Bertolt Brecht

I

Wirklich, ich lebe in finsteren Zeiten!
Das arglose Wort ist töricht. Eine glatte Stirn
Deutet auf Unempfindlichkeit hin. Der Lachende
Hat die furchtbare Nachricht
Nur noch nicht empfangen.

Was sind das für Zeiten, wo
Ein Gespräch über Bäume fast ein Verbrechen ist.
Weil es ein Schweigen über so viele Untaten einschließt!
Der dort ruhig über die Straße geht
Ist wohl nicht mehr erreichbar für seine Freunde
Die in Not sind?

Es ist wahr: ich verdiene noch meinen Unterhalt
Aber glaubt mir: das ist nur ein Zufall. Nichts
Von dem, was ich tue, berechtigt mich dazu, mich sattzuessen.
Zufällig bin ich verschont. (Wenn mein Glück aussetzt, bin ich verloren.)

Man sagt mir: iß und trink du! Sei froh, daß du hast!
Aber wie kann ich essen und trinken, wenn
Ich dem Hungernden entreiße, was ich esse, und
Mein Glas Wasser einem Verdurstenden fehlt?
Und doch esse und trinke ich.

Ich wäre gerne auch weise.
In den alten Büchern steht, was weise ist:
Sich aus dem Streit der Welt halten und die kurze Zeit
Ohne Furcht verbringen
Auch ohne Gewalt auskommen
Böses mit Gutem vergelten
Seine Wünsche nicht erfüllen, sondern vergessen
Gilt für weise.
Alles das kann ich nicht:
Wirklich, ich lebe in finsteren Zeiten!


II

In die Städte kam ich zur Zeit der Unordnung
Als da Hunger herrschte.
Unter die Menschen kam ich zu der Zeit des Aufruhrs
Und ich empörte mich mit ihnen.
So verging meine Zeit
Die auf Erden mir gegeben war.

Mein Essen aß ich zwischen den Schlachten
Schlafen legte ich mich unter die Mörder
Der Liebe pflegte ich achtlos
Und die Natur sah ich ohne Geduld.
So verging meine Zeit
Die auf Erden mir gegeben war.
Die Straßen führten in den Sumpf zu meiner Zeit.
Die Sprache verriet mich dem Schlächter.
Ich vermochte nur wenig. Aber die Herrschenden
Saßen ohne mich sicherer, das hoffte ich.
So verging meine Zeit
Die auf Erden mir gegeben war.

Die Kräfte waren gering. Das Ziel
Lag in großer Ferne
Es war deutlich sichtbar, wenn auch für mich
Kaum zu erreichen.
So verging meine Zeit
Die auf Erden mir gegeben war.


III

Ihr, die ihr auftauchen werdet aus der Flut
In der wir untergegangen sind
Gedenkt
Wenn ihr von unseren Schwächen sprecht
Auch der finsteren Zeit
Der ihr entronnen seid.

Gingen wir doch, öfter als die Schuhe die Länder wechselnd
Durch die Kriege der Klassen, verzweifelt
Wenn da nur Unrecht war und keine Empörung.

Dabei wissen wir doch:
Auch der Haß gegen die Niedrigkeit
verzerrt die Züge.
Auch der Zorn über das Unrecht
Macht die Stimme heiser. Ach, wir
Die wir den Boden bereiten wollten für Freundlichkeit
Konnten selber nicht freundlich sein.

Ihr aber, wenn es so weit sein wird
Daß der Mensch dem Menschen ein Helfer ist
Gedenkt unserer
Mit Nachsicht.





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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Soteriologia


Distância entre Uauá
e Euclides da Cunha
una
Xucurus do Ororubá
aos Griots do Yorùbá.

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Porque a luta contra o macho-alfa é internacional



Como é internacional a luta contra o macho-alfa e hoje nós aqui nas trincheiras tivemos uma vitória no Texas, ao lado da senadora Wendy Davis, comemorei traduzindo um poema de Meridel Le Sueur.


Meridel Le Sueur (1900 - 1996)



Meridel Le Sueur foi uma poeta, escritora, ativista e feminista norte-americana, nascida em Murray, Iowa, a 22 de fevereiro de 1900. Fez parte do Movimento Proletário norte-americano dos anos 30 e 40, e muitos de seus textos são vistos como precursores do Movimento Feminista dos anos 60/70, como seu importante ensaio "Women on the Breadlines" (1932), sobre a situação das mulheres durante a Grande Depressão advinda da Crise da Bolsa de Valores de 1929. Publicou ainda os romances The Girl (1939) e North Star Country (1945). Em seu volume de poemas Rites of Ancient Ripening, Meridel Le Sueur escreveu sua mitopoética matriarcal. Foi uma precursora de poetas como Audre Lorde (1934 - 1992) e Adrienne Rich (1929 - 2012), com quem pode ser vista na foto abaixo:


O poema traduzido aqui foi extraído de seu livro acima mencionado, Rites of Ancient Ripening. Logo abaixo, o início de um documentário sobre a autora. Nestes tempos de violência e ataques aos direitos das mulheres em todo o mundo, pela horda dos machos-alfa no poder, é importante lembrarmo-nos e retornar a poetas como Meridel Le Sueur. E também a Emily Dickinson, e Lorine Niedecker, e Forough Farrokhzād, e Patrícia Galvão, e mais, e mais.






POEMA DE MERIDEL LE SUEUR

Oferece-me refúgio

Meu povo da campina é meu lar
Pássaro eu volto em voo a seus seios.
Fluindo para fora de todo espaço em exílio
Elas oferecem-me refúgio
Para morrer e ressuscitar em sua
floração sazonal.
Meu alimento seus seios
ordenhados pelo vento
para dentro de minha faminta boca urbana.

(tradução de Ricardo Domeneck)

:

Offer me refuge

My prairie people are my home
Bird I return flying to their breasts.
Waving out of all exiled space
They offer me refuge
To die and be resurrected in their
seasonal flowering.
My food their breasts
milked by wind
Into my starving city mouth.

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domingo, 23 de junho de 2013

Participo da Bienal das Américas em Denver, Colorado, EUA.


Preparei um poema-outdoor a convite da Bienal das Américas, para integrar a exposição "Draft Urbanism", que abre em Denver, Colorado, nos Estados Unidos, no próximo dia 16 de julho e vai até 2 de setembro. O poema estará em cerca de 26 outdoors/billboards/painéis espalhados pela cidade e arredores de Denver. Quando começar a exposição e tiver imagens, posto-as aqui com o poema. "Draft Urbanism" tem curadoria de Carson Chan.

Lista completa dos artistas e escritores participando: 

Absolute Vitality, Julieta Aranda, Gustavo Artigas, Sofia Borges, Pia Camil, Corina Copp, Douglas Coupland, Simon Critchley, Ricardo Domeneck, Jeromie Dorrance, Travis Egedy, Juan-Pedro Fabra Guemberena, James Franco, Cyprien Gaillard, Liam Gillick, Daniel Jackson, Jason Lazarus, June14 (Sam Chermayeff, Johanna Meyer-Grohbrügge), Suwon Lee, Laurel Nakadate, Tom Noel, Dmitri Obergfell, Jennifer Osborne, Giandomenico Tonatiuh Pellizzi, Pezo von Ellrichshausen (Mauricio Pezo, Sofia von Ellrichshausen), plan:b (Federico Mesa, Felipe Mesa), Zach Reini, Jon Rafman, Steve Rowell, Isabella Rozendaal, Kate Sansom, Alex Schweder, Jeremy Shaw, Michael Snow, Timur Si-Qin, Erdem Taşdelen, Amalia Ulman, Kandis Williams, David Zink Yi, & Mario Zoots.

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sábado, 22 de junho de 2013

Três dos melhores poetas argentinos em Nova Iorque: Mirta Rosenberg & Alejandro Crotto, com apresentação de Ezequiel Zaidenwerg.


Pertencendo a duas gerações distintas, os poetas Mirta Rosenberg (Rosário, 1951) e Alejandro Crotto (Buenos Aires, 1978) estão entre os poetas latino-americanos que mais respeito e admiro hoje em atividade. O vídeo acima foi filmado em sua leitura na Universidade de Nova Iorque, a 7 de março de 2013, na série organizada por Lila Zemborain. A apresentação ficou a cargo de Ezequiel Zaidenwerg (Buenos Aires, 1981).

POEMAS

Una elegía
Mirta Rosenberg

En la época de mi madre
las mujeres eran probables.
Mi madre se sentaba junto a mi abuela
y las dos eran completamente de carne y hueso.

Yo soy apenas una secuela estable
de aquel exceso de realidad.

Y en la ansiedad del pasado indefinido,
en el aspecto durativo de elegir,
escribo ahora: una elegía.

En la época de mi madre
las mujeres eran perdurables,
completamente hueso y carne.
Mi madre se ponía el collar
de plata y de turquesas
que mi padre le había traído de Suecia
y se sentaba a la mesa como una especia exótica,
para que todo se volviera más grande que la vida,
y cualquier ficción fuera posible.

En la época de mi madre, las mujeres
eran un quid: mi madre nos contó
a mi hermano y a mí: ‘cuando salía de la escuela,
iba a buscar a mi padre al trabajo,
en Santa Fe, y los compañeros le decían es un biscuit,
tu hija es un biscuit, y nunca supe qué querían decir,
qué era un biscuit’, un bizcocho estando muy enferma,
una porcelana exquisita todavía para nosotros,
y mi hermano apurándola: ‘¿Y?’

No sé qué es un biscuit, ¿una especia exótica.
algo de todos modos, especial? Igual
andaba delicadamente por la casa, rozando los ochenta
como se roza una herida
con una gasa.

En la época de mi madre
las mujeres eran muy visibles.
Mi madre se miraba en los espejos
y yo no llegaba a abarcar
su imagen con mis ojos. Me excedía,
la intuía a lo lejos como algo que se añora.

Como ahora,
una elegía.

A la criatura adorable
fijada en lo remoto de la foto,
que ya a los ocho años parecía
más grande que la vida: te extraño,
aunque no te conocía. Eso fue antes
que a mí me dieras vida
en un tamaño apenas natural.

Igual,
una elegía.

Y a la otra de la foto que espero
conservar, la mujer bella que sostiene
el libro ante la hija de un año
en el engaño de la lectura:
te quiero por lo que dura, y es suficiente
leer en el presente, aunque se haya apagado
tu estrella.

Por ella,
una elegía.

Ahora soy la fotografía
y vos el líquido revelador. Tu muerte
me convierte en yo: como una ciencia aplicada
soy la causa y el efecto,
el ensayo y el error, este vacío
de la nada que golpea el corazón
como cáscara vacía.

Una elegía,
cada vez con más razón

§

Las palomas
Alejandro Crotto

Hay que ponerse rápido las medias
porque el piso de piedra está frío; en la cocina
desayunamos leche, pan con manteca y miel,
después salimos a cazar palomas
con nuestrorifle de aire comprimido,
mi hermano y yocon menos de once años
ycon botas de goma, camisa gruesa a cuadros y balines
en el bolsillo —dos o tres,
los próximos a usar, van en la boca.
Vamos dejando huellas en la helada que empieza a deshacerse,
vamos alerta entre las ramas de los plátanos,
los altos eucaliptos, el nogal, las casuarinas,
los álamos del haras, la pileta,
un tiro cada uno, caminando,
señalando de a ratos las copas del otoño.

Después, detrás del lavadero, entre frutales,
las desplumamos y las destripamos:
sosteniendo en la izquierda el peso tibio
vamos sacando plumas con la otra,
las más largas y duras en la cola y el ala,
las fáciles del pecho, las cortitas
yoscuras de la espalda, las más suaves
en el flanco, debajo de las alas en la axila;
van quedando en los yuyos enredadas hacia el lado del viento,
pegadas en las manos, suspendidas del aire
cuando se arremolina de repente;
después vamos vaciando el cuerpo, mucho más chico
ahora en relación a la cabeza: primero el buche,
aveces con semillas de girasol intactas que se pueden comer,
apenas agrias, y metiendo con fuerza los dedos hacia arriba
donde termina el esternón, girándolos
dentrodel cuerpo todavía caliente, agarrando y tirando para abajo,
arrancamos los largos intestinos y la panza, sacamos los pulmones
como una esponja rosa pegada a las costillas,
los riñones, el hígado, el quieto corazón,
que los perros atrapan sin que toquen
el suelo; en la canilla lavamos las palomas
yles cortamos la cabeza, las atamos
subidos a un banquito de la pata a un alambre hasta la noche.

Las manos queman por el frío del agua,
brillan los cuerpos en el aire, al sol; la vida
es material, y la materia
es difícil, sagrada.

§

de La Lírica Está Muerta
Ezequiel Zaidenwerg

La lírica está muerta:

                     se quedó
varada en un remanso hipnótico del sueño,
mientras que más allá del coágulo final de la conciencia,
en torno al lecho con dosel de plata,
junto a la cama pobre de madera y espina,
se reunían los deudos,
aguardando el instante de iniciar
la sucesión.
                   Con todos los sentidos humanos agotados,
la cápsula de viento que tenía su espíritu
subió rumbo a las auras, desleída en una racha
centrífuga de luz, igual que Elías en la tempestad, arrebatado
sobre un carro de fuego.
                                      Y aunque murió la vida,
no dejó harto consuelo su memoria: nadie partió las aguas,
ni surgió un Eliseo como sucesor.
                                                       Ajenos al prodigio,
en contubernio, se llevaron el cadáver
y vino un impostor para dictar un testamento espurio,
que se arropó con sus cobijas, tibias
todavía.
             La lírica
está muerta. “De muerte natural”,
según manifestaron a través de un portavoz,
“tras batallar durante largos años
contra una cruel enfermedad”.
  (Fin del comunicado).
“Con profundo
pesar, sus hijos y sus hijas,
sus nietos y sus nietas y su abnegado esposo
participan de su fallecimiento
y ruegan una oración en su memoria”.
                                                                       Está muerta,
la lírica. Hace ya siglo y medio,
y aunque sus herederos todavía parecen ser los mismos
–aún no peinan canas y caminan erectos, sin ayuda de nadie–,
recién ahora el expediente
(LÍRICA S/SUCESIÓN AB INTESTATO),
tras mil y una ofensivas judiciales,
tiene sentencia firme, y es posible dar curso
a la liquidación definitiva del acervo hereditario:
                                                                              PROPIEDADES OFRECIDAS:
Gran oportunidad. Se vende torre. Únicamente en block.
Importantes detalles en marfil sobre fachada.
Destino: comercial o dependencias estatales.
A reciclar. Sin baños ni ventanas.
Gran profusión de espejos.

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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Conjunção

E agora, pós-utópico José?
E aí, trans-histórico João?

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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Um poema de Solano Trindade (1908 - 1974).






Olorum Ekê

Olorum Ekê
Olorum Ekê
Eu sou poeta do povo
Olorum Ekê

A minha bandeira
É de cor de sangue
Olorum Ekê
Olorum Ekê
Da cor da revolução
Olorum Ekê

Meus avós foram escravos
Olorum Ekê
Olorum Ekê
Eu ainda escravo sou
Olorum Ekê
Olorum Ekê
Os meus filhos não serão
Olorum Ekê
Olorum Ekê



Solano Trindade (1908 - 1974)

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sábado, 15 de junho de 2013

Em Colônia

Cheguei ontem a Colônia, com meu amigo e parceiro recente, o músico Markus Nikolaus (n. 1989). Hoje à noite nos apresentamos no clube Die Werkstatt. Eu como DJ, Markus com seu projeto musical (veja vídeo abaixo):

   

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 Estamos hospedados na casa de nosso amigo, o músico e escritor Bryan Kessler (n. 1991).

   

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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Entrevista com Luke Troynar, tambem conhecido como BAD TROPES

 

 Entrevista com Luke Troynar (Melbourne, Austrália, 1986), também conhecido BAD TROPES,


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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Da série de leituras que organizo com Black Cracker em Berlim: YOUNG NECK feat. BLACK CRACKER (vídeo)

 

YOUNG NECK featuring BLACK CRACKER na terceira edição do evento "READING: a night of text / sound / video". Filmado por Johan Delétang no dia 22 de maio de 2013, no espaço Shift, de Berlim. READING é uma série de eventos organizados por mim e por Black Cracker, investigando formas tradicionais e alternativas de publicar/apresentar TEXT-BASED WORK. 

O próximo será no dia 25 de junho, com os poetas textuais / sonoros / visuais Rachel McKibbens (EUA), Shane Anderson (EUA), Imogen Heath (Irlanda) e Luke Troynar a.k.a. Creatures  / Bad Tropes (Austrália).



domingo, 9 de junho de 2013

"Índios, memória de uma CPI", de Hermano Penna

 

"O filme Índios, memória de uma CPI é um média metragem de 32 minutos de duração que utiliza o material cinematográfico que documentou a histórica Comissão Parlamentar de Inquérito, realizada pela Câmara dos Deputados em 1968 e que investigou a situação dos povos indígenas. A CPI do Índio, como na ocasião ficou conhecida essa iniciativa da Câmara Federal, foi a primeira Comissão de Inquérito (CPI) que saiu do prédio do Congresso para fazer suas investigações in loco. Inicialmente foram pensadas cinco viagens para regiões onde mais se agudizavam os conflitos entre índios e as frentes pioneiras. Fui convidado por Olympio Serra, o antropólogo assessor da CPI, para documentar as viagens dos deputados. Contando com a colaboração direta da Universidade de Brasília, com uma câmera Arri/16, do Hospital Distrital de Brasília e um Nagra do Smithoniam Institute, eu, fotografando e dirigindo, e Fernando Almeida, fazendo o som, filmamos as duas viagens que a CPI conseguiu realizar até o fatídico dia de 13 de dezembro de 1968, dia do AI-5. Na primeira viagem, aos estados do Pará, Goiás e Maranhão, contamos com a presença de Maurice Capovilla, que na época colaborava na reestruturação do Departamento de Cinema da Universidade de Brasília, e muito auxiliou nas primeiras filmagens do documentário. A CPI foi interrompida pelo AI-5, vários dos seus membros foram cassados, inclusive o seu relator o Dep. Marcos Kertzmann, e não concluiu os seus trabalhos. O filme também sofreu as consequências da brutalidade política: os negativos e o som me foram tomados. Estava adiada a primeira tentativa do cinema brasileiro em colocar a questão do índio como problema social e político, antes toda a cinematografia indígena era etnográfica. Anos mais tarde viria o pioneiro "Terra dos Índios" de Zelito Viana, "Uirá" de Gustavo Dahll e mais tarde o "Mato Eles" de Sérgio Bianchi. Ficou adiada também, a minha estreia num filme de fatura semi profissional. Anos se passaram e nunca aceitei a violência política de que fomos vítimas. Finalmente consegui, quinze anos depois, reaver os originais de imagem e som de forma rocambolesca, mas isso já é outro filme. A colaboração da TV CÂMARA foi determinante na finalização do filme, em 1998, ano em que a Camapanha da Fraternidade tem a questão indígena como tema. E, que esse filme participe da continuada, diária, luta contra o preconceito e pelo respeito às diferenças étnicas." 

----- Hermano Penna

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