já não é mais mecânica, hoje
não nem amanhã
alicerçam-na sob o túnel
que leva seu nome
triste noiva
teus rebordos minúsculos incham & caem
o homem que compra teu conversível
guincha-te até o baile
mecânica e brilhosa
como um cérebro maquinal
o papa do DADA galga-te
chupa teus tubos
mais tarde há-de bombear seus arrebites nas
tuas almofadas de látex
(tradução de Ricardo Domeneck)
§
The Mechanical Bride
no longer is mechanical, today
not nor tomorrow
they prop her under the tunnel
that bears her name
sad bride
thy tiny flanges swell & fall
the man who buys thy roadster
hauls thee to the dance
mechanical & beaming
like a brain machine
the pope of DADA mounts thee
sucks thy pipes
later will pop his rivets on
thy rubber cushions
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Uma das características interessantes da antologia Technicians of the Sacred foi a tentativa de Rothenberg de borrar, na verdade, as fronteiras que separavam as poéticas ocidentais modernas das poéticas mundiais "arcaicas" (uso a expressão nos termos de Mircea Eliade, e não com os preconceitos euro-etnocêntricos), ligando em arco poetas de culturas não-ocidentais a certas vanguardas européias, vendo, por exemplo, em DADA mais que niilismo destrutivo e anti-tradição, mas (como tenho defendido) o retorno a características dormentes do trabalho poético, que se torna muito mais que mera franquia da literatura.
(Jerome Rothenberg, "London Onion", 1985)
DADA se tornaria uma espécie de "musa" para Rothenberg, nas palavras da poeta Diane Wakoski, poeta ligada também ao grupo da "Deep Image", com Rothenberg, Robert Kelly e Clayton Eshleman.
Este retorno às estratégias do grupo do Cabaret Voltaire liga poetas como Jerome Rothenberg, David Antin e Clayton Eshleman aos poetas do Grupo de Viena, como H.C. Artmann e Gerhard Rühm, ou a poetas franceses como Henri Chopin e Bernard Heidsieck.
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Abaixo, uma das "Horse Songs" em performance de Rothenberg.
(Jerome Rothenberg, "Horse Songs 1")
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