segunda-feira, 15 de junho de 2009

Estação ferroviária, por favor

Passei o fim-de-semana em Leipzig, onde fui convidado a discotecar após a apresentação do novo projeto musical da deslumbrante cantora transsexual Nomi Ruiz, mais conhecida por doar suas muitas vozes ao projeto Hercules and Love Affair. Foi um grande prazer conhecer Nomi e os outros membros do projeto Jessica 6, durante a checagem de som e um jantar, no qual a grande parte da nossa conversa girou em torno do processo de gentrificação em Nova Iorque e Berlim ou sobre como é viver em São Paulo.

Estes músicos estão entre os muitos responsáveis pelo disco revival atual, feito no entanto por músicos extremamente talentosos, e não me surpreendeu que um dos pontos altos do concerto foi a cover de uma canção disco do grande grande Arthur Russell (1951 - 1992).

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Não conhecia Leipzig. Estivera na cidade em março, lendo na Feira do Livro, por ocasião do lançamento da antologia bilíngüe (português-alemão), com textos dos 10 poetas lusófonos e dos 10 germânicos que participaram do Festival de Poesia de Berlim, em 2008. Foi uma passagem-relâmpago e apenas desta vez pude caminhar pela cidade, tomar um café no sol, ler.

Entrei, como sempre, em todas as livrarias que vi, em meu hábito de analisar estantes de poesia. Enquanto esperava na fila, em uma delas, poeta brasileiro comprando uma antologia de um dos grandes minnesänger medievais (versão alemã do troubadour), Walther von der Vogelweide (c. 1170 - 1230) --- um de meus poetas alemães favoritos ---, a alemã em minha frente esperava na fila para pagar por seu exemplar de Die Hexe von Portobello, de Paulo Coelho.

Quero trabalhar em uma tradução de Walther von der Vogelweide para o português. Tarefa das trabalhosas.

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Caminhando de volta para o hotel, entro na Thomaskirche, sem saber que era o local de repouso dos restos mortais de Johann Sebastian Bach, no momento em que o famoso coro de meninos conhecido como Thomanerchor, fundado em 1212, do qual Bach foi diretor entre 1723 e sua morte em 1750, ensaiava, se não me engano, a cantata “O Ewigkeit, du Donnerwort”, de 1723. Passei um bom tempo ali.

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Retornei ao Berlimbo no domingo à noite. Percebi que ainda tenho um prazer imenso em subir num táxi e dizer: "Estação ferroviária, por favor" ou "Train station, please" ou "Hauptbahnhof, bitte."

2 comentários:

Rafael Mantovani disse...

olá, ricardo

estou gostando de acompanhar suas aventuras pela Europa

gostei que você me linkou, fico feliz

bjo :-)

Ricardo Domeneck disse...

Oi, moço,

descobri seu blog através do Dimi. Bom o contato.

beijo

R.

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