1. A poeta e videasta escocesa Leila Peacock.
Trabalhos que circulam entre gêneros estão entre os que mais me interessam, mas esta elisão a taxinomias não torna a vida de seus criadores exatamente fácil. Entendo bem a situação. Há poetas que veem meus trabalhos e dizem: "isso não é poesia, é vídeo"; há videastas que veem meus trabalhos e dizem: "isso não é videoarte, é poesia"; tudo isso não importa muito até o momento em que percebemos que os espaços de diálogo são muitas vezes dependentes dos contextos gerados pela taxinomia de gêneros artísticos. Tenho consciência clara de que minhas performances vídeo-textuais têm efeitos distintos se apresentadas em uma galeria de arte ou em um festival de poesia literária. Tudo isso me veio à mente ao preparar a mais recente publicação da Hilda Magazine, com trabalhos da escocesa Leila Peacock. Os trabalhos ali apresentados, em especial "Sing. Speak. Scream. Sigh", de 2008, podem parecer habitar vários espaços distintos. Para mim, trata-se de poesia, daquela que retém todo o seu contexto clássico e medieval, textualidade em performance. Ao mesmo tempo, o trabalho pode ser visto como body art, como vídeo e até mesmo como literatura, a partir da análise de seu texto. Mostro abaixo a peça em questão e convido os amigos a visitarem a página dedicada a Leila Peacock na Hilda Magazine para verem mais.
"Sing. Speak. Scream. Sigh" (2008), de Leila Peacock.
Sing. Speak. Scream. Sigh
Leila Peacock
Sing speak sigh scream
I'm a sunken mouth you cannot see
I am the music of your laugh
I am the gills of your every gasp
Scream sing speak sigh
Without me you can speak no I
Hewn by lips and cut by teeth
I relieve the pressure of speech
Sigh scream sing speak
From these doors of breath
Will your last breath leak
I am a pipe with out a reed
I am the crown of an upturned tree
Speak sigh scream sing
Just don't forget to keep breathing in, in ,in ,in
Orpheus had a sister, descendant of Pandora, cousin to the sirens, whose voice was so sweet that it unseamed space. Exquisite chaos followed in her wake, buildings collapsed, people went mad, snakes threw themselves into the sea. Thus was she imprisoned for the greater good in a box made of mother-of-pearl, the first music box, where she ended her days. Once those days were done the gods preserved her voice and it was divided amongst the birds, some was gifted to the wind, some dispensed among mankind where it was kept in boxes much like me. What remained was but a whisper and that haunted the seashells in memory of her own pearlescent imprisonment, thus was she forgotten by history but remembered by the sea...
:
§
2. Novas produções do alemão Florian Pühs.
Florian Pühs é uma figura já conhecida do subterrâneo alemão, e escrevi sobre ele algumas vezes aqui. Son os holofotes primeiro como vocalista da banda punkcore Surf Nazis Must Die e mais tarde vocalista e letrista da banda synthpunk Herpes, nos últimos tempos Florian Pühs tem produzido também techno. Ele disponibilizou algumas faixas novas em sua página no portal Soundcloud. Reproduzo aqui duas de minhas favoritas.
LEVEL022 by florianpuehs
LEVEL020 by florianpuehs
§
3. Thom Yorke adere ao Movimento em Prol de Poetas que Saibam Dançar.
Creio que o mundo estava preparado para tudo, menos para um vídeo novo do Radiohead em que Thom Yorke bancasse o go-go-boy. Mais um membro do Movimento em Prol de Poetas que Saibam Dançar.
"Lotus Flower", do poeta Thom Yorke, acompanhado pelo Radiohead.
Lotus Flower
Thom Yorke
I will sneak myself into your pocket
Invisible, do what you want, do what you want
I will sink and I will disappear
I will slip into the groove and cut me up and cut me up
There's an empty space inside my heart
Where the wings take root
So now I'll set you free
I'll set you free
There's an empty space inside my heart
And it won't take root
Tonight I'll set you free
I'll set you free
Slowly we unfurl
As lotus flowers
And all I want is the moon upon a stick
Dancing around the pit
Just to see what it is
I can't kick the habit
Just to feed your fast ballooning head
Listen to your heart
We will sink and be quiet as mice
While the cat is away and do what we want
Do what we want
There's an empty space inside my heart
And now it won't take root
And now I set you free
I set you free
Because all I want is the moon upon a stick
Just to see what it is
Just to see what gives
Take the lotus flowers into my room
Slowly we unfurl
As lotus flowers
All I want is the moon upon a stick
Dance around a pit
The darkness is beneath
I can't kick the habit
Just to feed my fast ballooning head
Listen to your heart
.
.
.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
1. Transitando entre gêneros: a poeta escocesa Leila Peacock. | 2. Lançamentos de Florian Pühs | 3. A dança de Thom Yorke
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