Passagem de manhã pela livraria Schwarze Risse, uma das minhas favoritas em Berlim, onde se encontra muita coisa rara. A livraria assume uma posição claramente politizada e tenta oferecer a "outra face" da literatura alemã. Na semana passada, eu encomendara o primeiro volume das obras reunidas de Unica Zürn (1916 - 1970), uma maravilhosa poeta e artista visual alemã.
O primeiro volume contém seus anagramas impecáveis, com uma potência imagética que lembra certos poemas torturados de Christine Lavant e Ingeborg Bachmann, mas com uma materialidade lingüística potente, fundamentada em sua escrita anagramática. Há algo desta materialidade também em Guérasim Luca.
Um poema com este "grau" de materialidade impede qualquer noção ingênua de tradução. Outro poeta pode apenas entregar-se à tarefa de "fazer o que ela fez".
Unica Zürn nasceu em Berlim, em 1916. Conheceu o (espetacular) Hans Bellmer em 1953, com quem passaria a viver e colaborar, mudando-se para Paris.
A poeta sofreu por anos com ataques implacáveis de depressão.
Passa a visitar um médico ligado aos surrealistas parisienses, o mesmo que cuidara de Antonin Artaud. A poeta é diagnosticada como "esquizofrênica" e passa a ser hospitalizada com freqüência.
(desenho de Unica Zürn)
Unica Zürn encerrou a própria vida em 1970, pulando da janela do apartamento que dividia com Hans Bellmer em Paris, como Ana Cristina César e Ana Mendieta fariam na década seguinte.
(Unica Zürn 1916 - 1970)
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Um comentário:
uau.
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