Enquanto me recupero de uma infecção na garganta, que me confinou ao retângulo da cama a semana toda, leio o presente do meu amigo esloveno Dražen Dragojević que, ao me encontrar numa ruela berlinense lendo Paul Zumthor, debruçado sobre um café, disse que eu deveria ler seu conterrâneo Mladen Dolar, que escrevera todo um livro sobre a metafísica da voz, a política da voz, a ética da voz, a voz. Duas semanas depois, ele me presenteava com o dito-cujo.
Entre um gole de chá de camomila, uma canção de Cat Power e páginas de
A Voice and Nothing More, de Mladen Dolar, assim como de
Nowhow On, de Samuel Beckett, a garganta deste poeta vai deixando de comportar-se como se três anzóis a osculassem a cada gole da própria saliva.
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