domingo, 14 de dezembro de 2008

Poetas brasileiros em livrarias de Barcelona

Na Livraria Central, loja ao lado do MACBA (Museu d'Art Contemporània de Barcelona), há um sonho de qualquer poeta quando pensa na seção de poesia de uma livraria. Não apenas uma parte gigantesca de poesia catalã, como poesia em castelhano, seja espanhola ou latino-americana, livros em francês, inglês, português. É o único lugar em que entro e encontro, sem ter que encomendar, livros de poetas americanos como George Oppen, Susan Howe e Rosmarie Waldrop, ou franceses como Pierre Albert-Birot, Michel Deguy, sem falar nas traduções para o castelhano e catalão de poetas israelenses, japoneses, poloneses, suecos.

Este fim-de-semana, visitando a livraria, comecei a pensar na idéia de Pound de que todo grande período de criação poética é precedido por um momento de intensa tradução. Se ele estiver correto, podemos predizer um século XXI frutífero para a poesia espanhola.

Comprei uma antologia bilíngüe do português Mário Cesariny, uma tradução para o castelhano do poeta israelense (nascido em Berlim, emigra para a Palestina com os pais durante o regime fascista) chamado Nathan Zach, e o livro de um poeta francês de quem eu jamais ouvira falar, nascido em Estrasburgo e chamado Jean-Paul de Dadelsen, que morreu muito jovem e praticamente inédito, amigo de Albert Camus (que estava preparando a edição póstuma de sua obra quando também morreu inesperadamente), um livro que me surpreendeu muito, chamado Jonas (Paris: Gallimard, 2005).

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"La baleine, dit Jonas, c´est la guerre et son black-out.
(...)
La baleine est toujours plus loin, plus vaste; croyez-moi, on n´échappe guère, on échappe difficilement, à la baleine.
La baleine est nécessaire."


Jean-Paul de Dadelsen, "Jonas" (1956).

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Poetas brasileiros vistos nas estantes
de poesia da Livraria Central, em Barcelona:

Manuel Bandeira (antologia em castelhano)

Carlos Drummond de Andrade (Sentimento do Mundo & O Amor Natural, traduzidos para o castelhano)

Murilo Mendes (Tempo espanhol, traduzido para o castelhano)

Vinícius de Moraes (antologia, traduzida para o castelhano)

Mario Quintana (antologia em castelhano)

Manoel de Barros (Gramática Expositiva do Chão - a edição brasileira, além de uma antologia em castelhano)

João Cabral de Melo Neto (O cão sem plumas, traduzido para o castelhano, além de uma antologia também em castelhano.)

Haroldo de Campos (Crisantempo, traduzido para o castelhano)

Ferreira Gullar (Poema Sujo, traduzido para o castelhano)

Armando Freitas Filho (Raro mar & Numeral Nominal, traduzidos para o catalão)

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A performance foi boa, apesar de um ou outro "erro". Volto hoje a Berlim, saudades da cidade, mas preguiça do país de que é a capital (cada vez mais).

"A baleia é necessária."

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