quarta-feira, 4 de março de 2009

Patchen, ainda.


Encontrei ontem na biblioteca aqui no Berlimbo (a mesma em que os anjos de Wim Wenders ainda caminham, na minha imaginação) um volume interessante de Kenneth Patchen, intitulado We Meet (2008), também publicado pela New Directions (a lendária editora de James Laughlin, que manteve tantos modernistas americanos in print, quando isto ainda exigia coragem).

O volume reúne os livros Because It Is, A Letter to God, Poemscapes, Hurrah for Anything (este título precioso) e ainda A Flame and Afun of Walking Faces. São poemas, em sua maioria, da década de 50 e 60, após Patchen atingir sua madurez que, em minha opinião, viera nos volumes da década de 40, como The Teeth Of The Lion (1942) e ---um dos meus favoritos--- Cloth of the Tempest (1943), quando Patchen abandona o lirismo (às vezes um pouco aguado) dos primeiros poemas, escritos na década de 30 ( sua estréia em livro ocorre em 1936, com Before the Brave, o que o faz um contemporâneo de Vinícius de Moraes e Manoel de Barros, por exemplo).

O que me chamou a atenção neste volume foi o nome de quem assina o prefácio: o poeta-músico Devendra Banhart, o que não é surpresa, já que Patchen parece ser um poeta para músicos, mais que um poeta para poetas. Parece-me um destino muito mais satisfatório. Nas palavras de Charles Mingus: "Patchen´s a real artist, you´d dig him.", ou na descrição de Allen Ginsberg para Patchen: "A senior survivor of the poetry spiritual wars."

Henry Miller (um dos heróis de minha adolescência) inicia assim seu ensaio sobre Kenneth Patchen, intitulado "A Man of Anger and Light":

THE first thing one would remark on meeting Kenneth Patchen is that he is the living symbol of protest. I remember distinctly my first impression of him when we met in New York: it was that of a powerful, sensitive being who moved on velvet pads. A sort of sincere assassin, I thought to myself, as we shook hands. This impression has never left me. True or not, I feel that it would give him supreme joy to destroy with his own hands all the tyrants and sadists of this earth together with the art, the institutions and all the machinery of every day life which sustain and glorify them. He is a fizzing human bomb ever threatening to explode in our midst. Tender and ruthless at the same time, he has the faculty of estranging the very ones who wish to help him. He is inexorable: he has no manners, no tact, no grace. He gives no quarter. Like the gangster, he follows a code of his own. He gives you the chance to put up your hands before shooting you down. Most people however, are too terrified to throw up their hands. They get mowed down.

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