quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O envolvimento de Miss Moss em outra de minhas figuras para a historicidade do poético

Escrevi em textos recentes sobre o uso que tenho tentado fazer, à minha maneira, do conceito de figura, buscando um discurso est-É-tico que não exclua do trabalho poético uma avaliação e consciência de sua historicidade. Mencionei a carta de Emily Dickinson, sua "Forgive me the personality", com seu uso da palavra (modo de usar) antes do século da psicanálise; assim como o desaparecimento de Bas Jan Ader em alto mar, durante sua performance intitulada "In Search of the Miraculous".

No texto sobre as "possibilidades de resistência política" para o poeta, a partir de sua relação com certos aspectos do mundo de hoje, como os que se manifestam no mundo da moda, tomo Kate Moss como exemplo de ícone-clone: totem/tabu, mostrando a canção/poema lírico "Some Velvet Morning", escrito por Lee Hazlewood (1929 - 2007) e vocalizado com Nancy Sinatra, que Kate Moss vocaliza com Bobby Gillespie, da banda Primal Scream. Em meu livro a cadela sem Logos, em que esta busca pela historicidade poética é um dos eixos, esta canção de Hazlewood/Sinatra, com sua cover por Gillespie/Moss, torna-se outra figura, por trazer uma mudança que me traz à mente algo da relação entre o metafórico e o metonímico, que já discuti algumas vezes.

No texto original de Lee Hazlewood, de 1967, ele escreve os versos: "Flowers are the things we know / Secrets are the things we grow", que Bobby Gillespie, em 2003, muda para "Flowers are the things we grow / Secrets are the things we know"
. Esta figura viria a se unir às outras estruturais do livro, em minha busca obsessiva por uma poética de implicações.

§

as bases do
do íntimo e
expressivo as correntes
do similar sem validade
o discurso
produz e
nomeia teste de
desempenho da
identidade este
tempo não
é tempo de sutilezas
de um mundo simpático
1967
nancy
sinatra
lee
hazlewood
equivaliam
"flowers are the things
we know
secrets are the things
we grow"
2003
kate
moss
bobby
gillespie
distoam
"flowers are the things
we grow
secrets are the things
we know"
não se perde
valor reajusta-se
na inflação da
querença as
versões do mesmo
entre o contíguo e
o similar as
ansiedades do comum
do próprio e do nome

in a cadela sem Logos (SP: Cosac Naify, 2007)

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Você pode ver/ouvir o poema lírico original de Lee Hazlewood, com Nancy Sinatra AAQQUUII, e a cover de Bobby Gillespie e Kate Moss AAQQUUII.

2 comentários:

gilson figueiredo disse...

ler seu blog bloqueia o meu senso criativo!
o projeto aqui na bahia com a poesia não foi abandonado... te mando + detalhes em breve!

Ricardo Domeneck disse...

Caro Gilson

que pena, gostaria que o blog funcionasse ao contrário. Apenas expresso aqui os questionamentos que imponho a mim mesmo, como tentativa de debate e para mostrar o processo. Espero que, de alguma forma, seja também um estímulo ao teu processo criativo.

Domeneck

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