meninim,
bonobobobo,
meninão,
beijei você no meio da rua
e você segurou minha mão,
qual fôramos adolescentes
de quinze aninhos
ou aquela dos sete anões,
mãos bobas,
pernas bambas
feito leitoras
da "Capricho",
e os dois,
bobões babãos,
meio Meg Ryan,
riam.
De montão,
de tontões.
Os beijins, os beijões
embaçavam seus óculos
e você os punha no bolso.
Eu poeticulava no cabeção,
murmurava cantaroladinho:
"ósculos nos óculos,
quero ver o que você faz de bão"
Volta a hora
das cantigas
de ninar e de amigo,
porque eu, minhas filhas,
já cansei do cantochão.
E teve cachaça,
e teve cigarro,
e teve carinho
e, amém!, tesão.
Agora sobe
esta luz-rojão,
manhãssim,
manhãbobo,
manhãtão
e eu a seguro
com as duas mãos,
como ontem sua
mão que não sua,
mas que sim,
mas que bobo,
mas que tão.
Menino,
sei que é cedo,
mas quem de nós
está contando
os beijins, os beijões?
Não nós dois,
todo bonobinhos,
todo bonobões.
Vamos brincar de apelido:
eu chamo você
de bóson à brasílica
ou, à lusa, de bosão,
e a mim
você me chama
de Rasputin,
rasputão.
§
Berlim, 28 de fevereiro de 2016
(para o dramaturgo Daniel Sauermilch)
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