quinta-feira, 31 de julho de 2008

Poesia brasileira / Brazilian poetry

Recebi esta semana meu exemplar da antologia de poesia brasileira, editada por Horácio Costa e Charles A. Perrone e publicada nos Estados Unidos pela Tigertail.

Horácio Costa selecionou os poetas, e incluiu um dos meus poemas do livro Carta aos anfíbios (2005), com tradução de Charles Perrone.

São 15 poetas, dos quais gostaria de destacar os cearenses Diego Vinhas e Eduardo Jorge, assim como o carioca Franklin Alves Dassie.

domingo, 27 de julho de 2008

"Concretude de correnteza e densidade de redemoinho"

A edição de julho de 2008 da revista eletrônica Germina está no ar. Contribuí com o ensaio "Concretude de correnteza e densidade de redemoinho". Trata-se da primeira parte (revista, reescrita) do meu texto "De Figurinos Possíveis em um Cenário em Construção", que foi incluído como encarte do número impresso de estréia da Modo de Usar & Co.

Editado às pressas para poder ser lançado com a revista no colóquio de poética contemporânea na Universidade Federal Fluminense, o livreto acabou saindo com muitos erros. Pretendo publicar as partes do longo ensaio, em capítulos separados, em revistas eletrônicas nos próximos meses.

Nesta primeira parte, discuto certos aspectos das poéticas contemporâneas brasileiras, em especial as hegemônicas (na imprensa, nas editoras, na universidade) a partir da década de 80, assim como o trabalho de poetas como Augusto de Campos, Roberto Piva, Régis Bonvicino, e contemporâneos como Marcos Siscar, Ricardo Aleixo, Philadelpho Menezes, Angélica Freitas e Marília Garcia.

Este texto servirá possivelmente de introdução a uma antologia de poesia brasileira contemporânea sendo preparada na Argentina.

Nos capítulos seguintes, discuto certos prefixos como "pós", "trans", "neo" e seus usuários.

Quem quiser ler o texto, basta seguir o "link" abaixo:

Concretude de correnteza e densidade de redemoinho

sexta-feira, 25 de julho de 2008

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Minha leitura no Festival de Poesia de Berlim



Ricardo Domeneck @ Poesiefestival Berlin 2008.

Neste vídeo, eu leio meus poemas "Linear", do meu terceiro livro, chamado Sons: Arranjo: Garganta (no prelo), e o poema "Mula", que já foi musicado pela dupla Tetine (Bruno Verner e Eliete Mejorado), publicado pela primeira vez no número de estréia da Modo de Usar & Co. A poeta a meu lado é Sabine Scho, que lê as traduções dos meus dois poemas para o alemão, feitas comigo e em colaboração com Rodrigo Rimon, por ocasião do Festival de Poesia de Berlim de 2008.

11 de julho de 2008. Akademie der Künste, Berlin.
Filmado por Eugen Braeunig.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

oh sincrônica est(É)tica

§- Segue pela rua digital o cortejo de madres superioras, sublimes eternitites sem-telhas, trans-histöricas, que talvez nunca tenham lido Benjamin ou Kenner, pois parecem confundir todo e qualquer estudo da poesia como manifestação histórica (imagino que mesmo de grandes críticos como estes), com leituras limitadas de sociologia determinista. Afinal de contas, qualquer um pode abrir um livro de 40 anos atrás e fingir-se de seu eco, naquela espécie de citação que serve apenas para legitimar, de forma bastante vaga, a própria incompreensão das relações entre história e estética, numa atitude pueril que segue opondo as duas como se fossem irreconciliáveis, gaguejando de emoção ao abrir a obra já arreganhada.

§- Engraçado como se convoca o óbvio ululante para nublar o céu limpo do debate. O que eu me pergunto é: se estes poetas não estão interessados no debate das implicações estÉticas e políticas da obra de arte, por que tentam impedir o debate dos que estão interessados? Suponho que por medo do que estas mesmas implicações fariam à recepção de seus trabalhos. E porque, no Brasil, não se discute poesia, discute-se o cânone. É a velha questão de hegemonia: qual grupo ocupará as poucas vagas dos manuais de História da Literatura, este barco furado. No fim das contas (quem paga?), os trans-históricos defensores do sublime incondicionado preocupam-se com os aspectos mais seculares da História da poesia: ser leitura obrigatória no vestibular de 2147. E esta é a última coisa que eu desejo aos poetas que eu respeito.

§- Quem negaria que a sociologia pode distorcer o debate est(É)tico? Ninguém está interessado na ressurreição do determinismo. É muito fácil angariar "aliados" quando se distorce o debate desde o princípio, manipulando a discussão como se esta se tratasse da guerra santa de poetas puros contra poetas que querem "trair a poesia", cerceando sua liberdade criativa em nome de qualquer ideologia política. Já leram o debate entre Lukács e Bloch em torno da obra dos expressionistas na década de 30? O posicionamento de ambos é político e histórico. Mesmo assim, chegam a vereditos muito distintos. Nada é muito simples no terreno da estÉtica. No entanto, tentar fazer com que se confunda historicidade com sociologia rasa é uma tentativa de desviar o debate de seu eixo de importância.

§- Mas quando foi que História virou sinônimo de sociologia? A sociologia há de fazer sociologia. Deixe que diga e faça. Isto nada tem a ver com obras capitais da EstÉtica do século XX, escritas sem oposições simplistas entre estética e história, como os estudos da obra de Charles Baudelaire feitos por Walter Benjamin, ou qualquer um de seus ensaios; livros como The Mechanic Muse ou The Pound Era, de Hugh Kenner; ou Wittgenstein´s Ladder e Poetry On and Off the Page, de Marjorie Perloff... para ficar com 3 exemplos conhecidíssimos. Além do mais, é uma questão de ênfase, e também de ingenuidade dos que crêem que uma mera discussão formal seria realmente mais completa e atingiria algum tipo de "essência". Mas, a esta altura do campeonato, ainda há quem defenda tais essencialismos? Mesmo Jakobson afirmou que reduzir o estudo da poesia ao mero estudo do que ele chamou de "função poética" seria um equívoco.

§- Criar uma oposição dualista entre história e estética é pueril, a invenção de mais uma dicotomia por poetas que delas dependem para justificarem suas obras feitas de mera Literatice, como se a Literatura fosse um sistema hermeticamente fechado em si.

§- Serei mesmo o único que falha em entender como o pobre do Maiakóvski pode ser invocado a defender como revolucionária uma forma baseada em vegetação metafórica, elefantíase semântica e orientalismo exotizante, do mesmo teor do decadentismo (em minha opinião) do fim do século XIX? Esta dita "influência do Oriente", diga-se de passagem, NADA tem a ver com o movimento EASTWARD de alguém como John Cage. De quem eu não me canso de citar o seguinte trecho do livro Silence:

"Why, if everything is possible, do we concern ourselves with history (in other words with a sense of what is necessary to be done at a particular time?) And I would answer, 'In order to thicken the plot'. In this view, then, all those interpenetrations which seem at first glance to be hellish - history, for instance, if we are speaking of experimental music - are to be espoused. One does not then make just any experiment but does what must be done."
John Cage.

§- Isto é sincronia histórica. Sincronia HISTÓRICA. Queridas Madres Superioras, leiam bem, mais uma vez: "Why, if everything is possible, do we concern ourselves with history...?"


§- Não para fazer qualquer experimento, para atingir qualquer novidade, mas para fazer o que precisa ser feito. Fazer, não dizer. Há algo de leviano em traduzir "news that stays news" simplesmente como "novidade que permanece novidade", pois perde-se justamente o caráter também histórico do "news" como "notícia". O que não parece importar aos que crêem que a Literatura (não é o momento de discutir a relação entre poesia e literatura, cada trincheira em seu sulco) é um sistema lacrado, auto-suficiente, sem contato com a saúde do ar de seu século. Coisa mofada.

§- Mas estes poetas, que confundem historicidade com aula de sociologia da USP, justificam-se em sua mítica trans-historicidade saqueando ainda autores como Paul Celan, um dos poetas mais intrinsecamente históricos do século XX, e o fazem para sentirem as cócegas perdidas da autoridade do poeta, de forma parecida com que a Geração de 45 saqueava Rilke. Defendem trans-historicidade, mas recorrem ao contexto de TERROR HISTÓRICO de um poeta como Paul Celan, saqueando justamente a aura de terror histórico do Holocausto para se sentirem como autoridades poéticas em seus apartamentos de SP e do RJ, sonhando que algo desta autoridade sobreviva na importação e resgate seus textos do limbo da desimportância. E ainda se surpreendem que haja quem se enoja.

§- Posso recorrer a Auerbach? Eis uma das citações que eu geralmente uso para justificar os meus atos de vilão historicista, investindo com minha mula sincronicamente contextual contra os cowboys-mocinhos que passam zunindo em pégasos incondicionados, babando ambrosia trans-histórica pela boca:

"A realidade, dentro da qual os homens vivem, modifica-se, torna-se mais ampla, mais rica em possibilidades e ilimitada; assim, ela também se modifica, no mesmo sentido, quando se torna objeto da representação."

§- Saudades dos situacionistas. Mas não é este o caso, e o mundo, já dizia aquele judeu homossexual austríaco, é tudo o que é o caso. Pois bem. Algo ligado ao que chamamos de mundo como construção de um discurso, talvez. Ou discurso de uma construção?

§- A possibilidade de um debate seria saudável, seria até bonita. É difícil no Brasil, mas creio que seja difícil em todos os lugares. Hoje, entendo bem o que Carlos Drummond de Andrade estava almejando, de certa forma, ao escrever “Estes poetas são meus. Não são jornais nem deslizar de lancha entre camélias… É toda a minha vida que joguei.” Cito de memória, memória, a dita-cuja. Arrisca-se tanto quem dedica a própria vida a esta atividade esquisita de « ser, agir, viver como poeta », é normal que se defenda a própria carne com unhas e dentes. Quem há de culpar a mãe-coruja?

§- Encerremos com uma visão um pouco mais complexa da historicidade, que não recorra a dualismos engessados e obsoletos. Que tal Giorgio Agamben? Ele anda na moda entre os poetas com diploma universitário, deve ter uma certa autoridade. Eu também gosto muito do rapaz italiano. Leia bem, madre superiora:

"...the object of history is not diachrony, but the opposition between diachrony and synchrony which characterizes every human society... Every historical event represents a differential margin between diachrony and synchrony, instituting a signifying relation between them."

§- Mas se estes poetas, surgidos em meados da década de 90, precisam fazer de diacronia e sincronia oposições puras, assim como opõem história e estética para servirem de muletas a sua poesia neo-na-verdade-decadentista, sejam muito felizes, é o que desejo. Em breve, nas livrarias, o novo biscoito do forno de uma madre superiora trans-histörica, chamado Besta Difásica. Faz sentido, ó dicotômica senhora. Aposto que sairá por uma ótima editora, apesar de vossa senhoria bancar a vítima, a sofrer nas maos de vilões poeticotidianos. Não se esqueça de fazer uma auto-entrevista por ocasião do lançamento, especialmente para lembrar aos pupilos que vêm pedir a benção que os mocinhos seguem sendo mocinhos e os bandidos seguem sendo bandidos.

§- Apesar do discurso de vitimização de muitos poetas, são publicados por ótimas, excelentes editoras do país, e não parecem ter portas fechadas, até onde sei. Julgo pela minha caixa de correio eletrônico, sempre entupida com convites para eventos muito interessantes no Itaú Cultural, Academia de Cinema, Casa das Rosas (onde fiz minha única leitura no Brasil, e onde fui muito bem recebido e tratado). Em SP, por exemplo, são convidados de honra em palestras, oficinas pagas, leituras, eventos, de várias instituições públicas e privadas, muitas em lugares nobres da capital paulistana, como na Avenida Paulista. Eu vejo o nome dos malvados poetas quotidianos com muito menos freqüência nos convites que se encaixotam pelo espaço virtual.

§- As implicações est(É)ticas do trabalho poético são importantes demais para deixarmos madres superioras, com suas auréolas de Aurélio, nublarem o debate. Porque o resto é picuinha entre poetas ou, como diz Angélica Freitas, briga de macho-alfa em busca da liderança do bando e do direito de comer mais fêmeas.


§- E da História, nenhum escapa.

Para todos, DADADADADADADADA







segunda-feira, 14 de julho de 2008

Artigo da Deutsche Welle sobre o Poesiefestival

Festival de poesia de Berlim se dedica à poesia lusófona

por Rodrigo Rimon / Deutsche Welle


Em sua nona edição, um dos maiores festivais de poesia da Europa se dedica à produção lírica dos países lusófonos, misturando a poesia ao grafite e à música, e colocando Arnaldo Antunes e Chico César no mesmo palco.


Em sua nona edição, o poesiefestival berlin – segundo a organização, o maior da Europa, com mais de 10 mil visitantes a cada ano – se dedica de 5 a 13 de julho à poesia do mundo lusófono. Serão nove dias (e noites) de recitais, workshops, performances e debates, mas também de confrontos lingüísticos e intercâmbios literários entre representantes de países com bagagens históricas e sociais muito distintas.

A graça do evento Weltklang (Som do mundo), com que a organização inaugura o festival na noite deste sábado (05/07), é que poetas contemporâneos de dez nações, todos eles consagrados em seus países de origem, apresentam suas produções literárias no idioma original, sem traduções simultâneas, ressaltando apenas o aspecto sonoro da poesia.

Nesta noite, o brasileiro Arnaldo Antunes encontrará o português Manuel Alegre, mas também Tomaž Šalamun (Eslovênia), Hiromi Ito (Japão), Israel Bar Kohav (Israel), Inger Christensen (Dinamarca) e Manuel Alegre (Portugal), entre outros.

Poesia + som

O ex-Titãs também dividirá o palco com Chico César para um show que já está sendo considerado pela mídia alemã como o ponto alto do evento. "Imponderáveis demais são os dois rebeldes poéticos, que dificilmente podem ser reduzidos a uma linha comum", antecipa o jornal Tagesspiegel, de Berlim.

A tão óbvia quanto complexa ligação entre poesia e som também será trabalhada no projeto e.poesie, com o qual o festival apresenta cinco compositores de música eletrônica que criaram paisagens sonoras com base em textos de poetas contemporâneos.

O princípio é simples: cada compositor escolheu um poeta cuja linguagem o impressiona e, através de uma cooperação que se estendeu por meses, inseriu as estrofes em um contexto sonoro. Entre outros, o americano Sidney Corbett musicará textos do alemão Johannes Jansen, e o tcheco Vit Zouhar, do austríaco Peter Waterhouse.

Dois artistas norte-americanos representarão a cena de spoken word. A estudante de jornalismo Ursula Rucker se vale de elementos de jazz, soul e triphop, unindo poesia, estilo, música e política em uma performance carregada de protestos: contra a guerra, o aborto e a onipotência da mídia, pela igualdade de direitos e os direitos da mulher. Já Mike Ladd, com um master of poetry de Harvard no currículo, reúne elementos do electro ao punk e ao pop.

Poesia + Dichtung

Mas os 210 milhões de lusófonos no mundo e as outras cerca de 20 línguas crioulas de base portuguesa são o principal destaque desta edição. No workshop de tradução VERSschmuggel (algo como "contrabando de versos"), poetas de Portugal, Brasil, Angola, Guiné-Bissau e Moçambique se reúnem com poetas de língua alemã e trabalham juntos, com a ajuda de um intérprete, na tradução de poemas de sua autoria. Os resultados serão reunidos em uma antologia, a ser lançada na Alemanha, em Portugal e no Brasil, bem como no portal lyrikline.org.

Do Brasil, Ricardo Domeneck, Paulo Henriques Britto, Angélica Freitas e Marco Lucchesi se reunirão, respectivamente, com os alemães Sabine Scho, Hans Raimund, Arne Rautenberg e Nikolai Kobus. Também participarão os portugueses Ana Luísa Amaral, Pedro Sena-Lino e Paulo Teixeira, bem como Tony Tcheka (Guiné-Bissau), Ana Paula Tavares (Angola) e Luís Carlos Patraquim (Moçambique).

Para Ricardo Domeneck, um evento como este possibilita "criar e fortalecer, de forma prática, aquilo que em teoria deveria existir: um intercâmbio entre escritores e poetas que têm a língua portuguesa como campo de atividade artística". O autor de Carta aos anfíbios e A cadela sem logos critica que, por mais que exista uma Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, esta gera muito pouca comunicação entre seus membros.

"Muito se discute sobre certas questões burocráticas, entre as quais eu incluiria até mesmo o acordo ortográfico, enquanto jamais parece ter ocorrido aos envolvidos – especialmente a Portugal e Brasil, que teriam recursos para isso – criar pontes entre os escritores e poetas da língua, cobrindo a grande distância geográfica entre os países. É incrível que seja em solo alemão que um dos primeiros encontros entre poetas do Brasil, de Portugal e dos países africanos lusófonos possa acontecer."

Poesia + imagem

O processo de hibridação artística prossegue em Berlim através de um encontro inédito entre grafiteiros e poetas de Berlim, de Barcelona e do Rio de Janeiro. O objetivo é combinar poesia e street art a partir de uma idéia dos poetas brasileiros Claudia Roquette-Pinto e Renato Rezende, e dos grafiteiros cariocas Ment, Bragga e Machintal.

Segundo a organização, mais de 40 grafiteiros se candidataram a participar do evento, mas houve uma pré-seleção. Textos de poetas como Timo Berger e Bas Böttcher, entre outros, servirão de inspiração para os artistas visuais, que pintarão a fachada de uma loja de departamentos abandonada em Berlim. Por fim, um júri escolherá os melhores trabalhos.

"Estou muito curioso para ver como o trabalho dos artistas de grafiti convidados poderão 'traduzir' poemas em imagens, especialmente por meu trabalho não ser particularmente muito imagético", disse Domeneck, um dos poetas escolhidos.

Lisboesia e uma casa do verso

Que um dia Lisboa já foi a capital de um império mundial, hoje em dia nem parece mais relevante. Mas a organização do festival reconheceu o potencial artístico da capital portuguesa, onde se encontram lusófonos de quatro continentes, e decidiu homenageá-la por sua rica cultura poética.

Os poetas Teresa Balté, Anna Paula Tavares e Paulo Teixeira, o rapeiro Pacman (do grupo Da Weasel) e a fadista Aldina Duarte comandarão uma noite de festa, que ainda será ilustrada com imagens da vida cotidiana em Lisboa, filmadas por Jorge Colombo.

Para encerrar, por mais interessado em culturas estrangeiras que o festival se mostre, um colóquio debaterá a necessidade de se criar um centro de poesia na Alemanha. "É hora de falarmos de uma instituição como esta também na Alemanha, de um centro que exista só para esta arte e que já é realidade em diversos países do mundo", consta do programa do evento.

Editores, literatos e diretores de organizações semelhantes em outros países discutirão como seria possível fundar um centro que reorganize a memória poética alemã, avalie a situação atual da reflexão poética e a torne mais presente na vida cultural do país.

Rodrigo Rimon

sábado, 12 de julho de 2008

"Home is the place you left"

Acabo de receber meu exemplar do volume "Home is the place you left", uma coletânea de textos organizada pelos artistas visuais Michael Elmgreen (Dinamarca) e Ingar Dragset (Noruega), que trabalha como o duo Elmgreen & Dragset, para o qual colaborei com o poema "The Barbarian Invasion of Ex-Islets", escrito a convite dos artistas. O volume acompanha a exposição homônima do Trondheim Kunstmuseum, na Noruega, que trata do nomadismo artístico contemporâneo e da nova configuração internacionalista de artistas que fixam residência em outros países. Todos os colaboradores são artistas e escritores que emigraram para outros países, continentes. O volume traz ainda textos de artistas visuais contemporâneos consagrados como Monica Bonvicini e Henrik Olesen, além de Kirstine Roepstorff, Paola Pivi, do curador brasileiro Adriano Pedrosa, entre outros.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Hoje à noite em Berlin / Tonight in Berlin

Ricardo Domeneck reads @ Akademie der Künste - July 11th, Friday, at 8pm, within the Poesiefestival Berlin 2008.

Em pleno Festival de Poesia de Berlim, que já contou com a performance de Arnaldo Antunes, a apresentação por André Vallias de poemas de Augusto de Campos, oralizados/musicados por compositores como Caetano Veloso, Cid Campos e Adriana Calcanhotto, um debate sobre os intercâmbios entre poetas lusófonos (que contou com o brasileiro Paulo Henriques Britto, a portuguesa Ana Luísa Amaral e o moçambicano Artur Armando), ocorreu ontem o interessante VERSschmuggel, ou "contrabando de versos", que pareou poetas lusófonos com poetas germânicos para que se traduzissem mutuamente. Ontem, leram os poetas Angélica Freitas (com o alemão Arne Rautenberg) e Paulo Henriques Britto (com o austríaco Hans Raimund).

Hoje, ocorre às 18:30 uma conversa/debate, em que analisarei com Sabine Scho e Berthold Zilly (o grande tradutor de Euclides da Cunha e Raduan Nassar na Alemanha) as diferenças entre a cena poética brasileira e a alemã (eu como poeta brasileiro vivendo em Berlim, e Sabine Scho como poeta alemã vivendo no Brasil).

às 20:00, comeca a segunda parte (ou leva de poetas) do VERSschmuggel, em que eu leio com Sabine Scho, e Marco Lucchesi lê com o alemão Nikolai Kobus. Estes poemas todos, incluindo obviamente os dos portugueses e africanos lusófonos, serão publicados em uma antologia a ser lançada na Alemanha, no Brasil (pela Editora 34) e em Portugal, sendo distribuída ainda em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

A leitura será hoje às 20 horas, na prestigiosa Akademie der Künste.

VERSschmuggel - Poesiefestival Berlin 2008
Akademie der Künste
Hanseatenweg (right next to S-Bahn Bellevue)

July 11th, Friday, 8pm.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Bartomeu Ferrando


(Performance video-textual "Sintaxi", dezembro de 2000, Barcelona)



Bartomeu Ferrando é um dos mais importantes poetas vivos da Espanha, nascido em Valência em 1951. Também conhecido como Bartolomé Ferrando, o poeta é um dos grandes performers e teóricos da polipoesia na Península Ibérica. Estudou música e filologia hispânica, e é hoje professor na Facultad de Bellas Artes de Valência. Fundou a revista Texto Poético, que divulgou, entre outras poéticas experimentais, a do grupo brasileiro Noigandres, e fez parte do grupo FLATUS VOCIS (Bartomeu Ferrando, Fátima Miranda e Llorenç Barber), o único grupo na Espanha a praticar de forma contínua a pesquisa poética que tinha como objetivo reunir escritura, voz e performance. Publicou ainda “Hacía una poesía del hacer” e La mirada móvil.

O poeta catalão Bartomeu Ferrando é hoje um dos mestres contemporâneos em um espaço lingüístico que deu à Espanha e ao mundo, no último século, a poesia modernista de J.V. Foix e Mercè Rodoreda e, no pós-guerra, a poesia plural de Joan Brossa e Guillem Viladot, por exemplo, nomes continuamente excluídos de qualquer antologia de “poesia espanhola”, ainda que a Catalunha tenha produzido, nas últimas cinco décadas, os poetas experimentais mais interessantes do país. É um prazer mostrar a performance vídeo-textual “Sintaxi” de Bartomeu Ferrando na Modo de Usar & Co., gravada no Festival Proposta de Barcelona, na língua catalã/valenciana do poeta. Com algumas exceções (como o respeitável Antonio Gamoneda, o estranho-no-ninho Leopoldo María Panero, além de Benjamín Prado ou Sandra Santana, para usar exemplos de 4 gerações distintas), a poesia espanhola em castelhano mostrou-se bastante conservadora e limitada no pós-guerra, perdendo-se nos debates engessados da que ficou conhecida como “poesía de la experiencia”, cabendo à poesia catalã o papel de retomar, no país ibérico, as pesquisas das primeiras vanguardas. Isto foi feito com consciência est(É)tica impecável por poetas como Joan Brossa, Guillem Viladot, Josep Iglesias Del Marquet, Bartomeu Ferrando, Carles Hac Mor, Gabriel Ferrater, Vicenç Altaió, Enric Casasses ou Ester Xargay, entre outros.

No entanto, estes poetas são muitas vezes excluídos de antologias, como disse, de “Poesia Espanhola”, e até mesmo das de “Poesia Catalã”, sejam elas organizadas por literatos espanhóis ou catalães. As implicações políticas das escolhas estéticas em um país com mais de uma língua, que, no entanto, possui uma língua oficial hegemônica, são extremamente complexas, implicações das quais um turista de poucos dias em Barcelona dificilmente poderia bancar o juiz.

Mas este tipo de poesia raramente conta com o risco de sequer ser cooptada pelo Estado. Tentar criar dualismos fáceis em um complexo debate ético/estético de identidade lingüística gera posicionamentos políticos adolescentes, tanto em bravatas nacionalistas como anti-nacionalistas.




Poemas gráficos:



("Hacía el anonimato", Collage, 1994, 74'5 x 74'5 x 4'7 cm)



("Acumulación", Collage, 1998, 120'5 x 87 x 4'7 cm)



POEMAS-OBJETOS


("Muro", Poema objeto, 1996, 19 x 28 x 14,4 cm)




("Pájaro", Poema objeto, 1996, 7,5 x 10 cm)


da série de "Escrituras superpuestas"
(Acrílico sobre papel • 2001 • 35 x 35 cm.)



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seleção e nota: Ricardo Domeneck.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Poesiefestival Berlin 2008

Este ano, o Festival de Poesia de Berlim centra sua atenção
nos poetas da língua portuguesa.

This year, the Berlin Poetry Festival concentrates
on Portuguese-language poets.


com os poetas brasileiros: / with the Brazilian poets:

André Vallias, Angélica Freitas, Arnaldo Antunes,
Chico César, Cláudia Roquette-Pinto, Marco Lucchesi,
Paulo Henriques Britto, Renato Rezende & Ricardo Domeneck,
euzinho.

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POESIEFESTIVAL BERLIN 2008

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