terça-feira, 29 de abril de 2014

Homenagem a Konstantínos Kaváfis no seu 151° aniversário e 81° ano de sua morte



Há exatos 151 anos nascia Konstantínos Kaváfis e há exatos 81 anos morria Konstantínos Kaváfis.  Se era o mesmo, o homem ou o dia, teríamos aqui, como diria Hannah Arendt, um longo colóquio. Que poema ele teria escrito sobre este fato histórico? 

Aquele velho alexandrino ensinou-me tanto. Não há melhor senso de medida, em minha opinião, ao menos não para um poeta lírico, hoje em dia. Quando os mestres Pompeia, Cesariny e Pasolini agitam-se e impelem-me quase à violência, é Kaváfis quem sinto ao fundo da sala da cabeça, dizendo baixo, pois ele é o que mais tem classe entre nós: "Meus amigos, não façamos demasiado barulho. O mundo dorme. E a última coisa que deseja é ser acordado."

Se um dia prometo, pelos poderes de Afrodite e Bette Davis, visitar Alexandria, certamente é por todo o peso histórico que ali reside, mas é principalmente por ser a cidade de Konstantínos Kaváfis. 

Um conhaque com vocês quatro - Pompeia, Kaváfis, Cesariny, Pasolini, e ainda com Al Berto, Jack Spicer e Frank O´Hara, no Hades ou onde quer que seja o Nada, seria já um bom motivo para partir.

§


Ítaca
Konstantínos Kaváfis

(Trad. José Paulo Paes)

Se partires um dia rumo a Ítaca,
faz votos de que o caminho seja longo,
repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o colérico Posídon te intimidem;
eles no teu caminho jamais encontrarás
se altivo for teu pensamento, se sutil
emoção teu corpo e teu espírito tocar.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o bravio Posídon hás de ver,
se tu mesmo não os levares dentro da alma,
se tua alma não os puser diante de ti.

Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
nas quais, com que prazer, com que alegria,
tu hás de entrar pela primeira vez um porto
para correr as lojas dos fenícios
e belas mercancias adquirir:
madrepérolas, corais, âmbares, ébanos,
e perfumes sensuais de toda a espécie,
quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrina
para aprender, para aprender dos doutos.

Tem todo o tempo Ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
e fundeares na ilha velho enfim,
rico de quanto ganhaste no caminho,
sem esperar riquezas que Ítaca te desse.

Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.

Ítaca não te iludiu, se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência,
e agora sabes o que significam Ítacas.

§

Ítaca
Konstantínos Kaváfis

(Trad. Haroldo de Campos)

Quando, de volta, viajares para Ítaca
roga que tua rota seja longa,
repleta de peripécias, repleta de conhecimentos.
Aos Lestrigões, aos Cíclopes,
ao colério Posêidon, não temas:
tais prodígios jamais encontrarás em teu roteiro,
se mantiveres altivo o pensamento e seleta
a emoção que tocar teu alento e teu corpo.
Nem Lestrigões nem Cíclopes,
nem o áspero Posêidon encontrarás,
se não os tiveres imbuído em teu espírito,
se teu espírito não os sucitar diante de si.

Roga que sua rota seja longa,
que mútiplas se sucedam as manhãs de verão.
Com que euforia, com que júbilo extremo
entrarás, pela primeira vez num porto ignoto!
Faze escala nos empórios fenícios
para arrematar mercadorias belas;
madrepérolas e corais, âmbares e ébanos
e voluptosas essências aromáticas, várias,
tantas essências, tantos arômatas, quantos puderes achar.
Detém-te nas cidades do Egito -nas muitas cidades-
para aprenderes coisas e mais coisas com os sapientes zelosos.

Todo tempo em teu íntimo Ítaca estará presente.
Tua sina te assina esse destino,
mas não busques apressar sua viagem.
É bom que ela tenha uma crônica longa duradoura,
que aportes velho, finalmente à ilha,
rico do muito que ganhares no decurso do caminho,
sem esperares de Ítaca riquezas.

Ítaca te deu essa beleza de viagem.
Sem ela não a terias empreendido.
Nada mais precisa dar-te.

Se te parece pobre, Ítaca não te iludiu.
Agora tão sábio, tão plenamente vivido,
bem compreenderás o sentido das Ítacas.

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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Nova produção do meu amigo Uli Buder e uma foto nossa, ainda sóbrios, na última noitada


Akia (Uli Buder) - "Xenarion" (2014)

Creio que vocês já estão cansados de ler o nome dele por aqui (é uma das minhas criaturas favoritas no planeta), então encerro deixando vocês com uma foto feita por Matthias Hamann em certo clube onde estávamos, logo após minha discotecagem, e ainda sóbrios demais.

Com Uli Buder na noite. Foto de Matthias Hamann.


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segunda-feira, 21 de abril de 2014

"As Hiper-Mulheres" (2011), filme de Carlos Fausto, Takumã Kuikuro e Leonardo Sette

O poeta gaúcho Marcus Fabiano Gonçalves postou ontem este filme, na íntegra, nas redes sociais, chamando-o de "um dos melhores filmes brasileiros dos últimos anos." Assisti ao filme imediatamente e digo a vocês, com certeza, que se trata de um dos filmes brasileiros do novo século. Chamado de documentário, retratando a vida dos Kuikuro durante os preparativos do Jamurikumalu, o maior ritual de dança e canto femininos do Alto Xingu, o filme tem uma força narrativa que vai além da usual linguagem documental. Interessa-nos também por mostrar a poesia cantada dos Kuikuro (em breve poderemos ter as traduções de Bruna Franchetto, que vem trabalhando com os textos). Recomendo o filme fortemente.


As Hiper-Mulheres (2011), filme de Carlos Fausto, Takumã Kuikuro e Leonardo Sette

"Temendo a morte da esposa idosa, um velho pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios, enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente."
Nome original:
As Hiper Mulheres
Diretor:
Carlos Fausto, Leonardo Sette, Takumã Kuikuro
Roteiro:
Duração:
80 min.
Ano:
2011
Data da estreia:
Classificação:
16 anos
País:
Brasil
Produção:
Carlos Fausto, Vincent Carelli
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Vitrine Filmes



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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Lament for Ur (2.000 b.C.)


Remember Ur, Rio.
Remember Ur, York.



LAMENT FOR UR (2000 b.C.)

For the gods have abandoned us
like migrating birds they have gone.
Ur is destroyed, bitter is its lament.
The country's blood now fills its holes
like hot bronze in a mould.

Bodies dissolve like fat in the sun.
Our temple is destroyed.
Smoke lies on our city like a shroud.
Blood flows as the river does,
the lamenting of men and women,
sadness abounds.
Ur is no more.

("The goddess of Ur, Ningal,
tells how she suffered
under her sense of coming doom.")

When I was grieving for that day of storm,
that day of storm, destined for me,
laid upon me, heavy with tears,
that day of storm, destined for me,
laid upon me heavy with tears,
on me, the queen.

Though I was trembling for that day of storm,
that day of storm destined for me --
I could not flee before that day's fatality.
And of a sudden I espied no happy days
within my reign, no happy days within my reign.

Though I would tremble for that night,
that night of cruel weeping destined for me,
I could not flee before that night's fatality.
Dread of the storm's floodlike destruction
weighed on me,
and of a sudden on my couch at night,
upon my couch at night
no dreams were granted me.
And of a sudden on my couch oblivion,
upon my couch oblivion was not granted.

Because (this) bitter anguish
had been destined for my land --
as the cow to the mired calf --
even had I come to help it on the ground,
I could not have pulled my people
back out of the mire.

Because (this) bitter dolor had been destined for my city,
even if I, birdlike, had stretched my wings,
and, (like a bird), flown to my city,
yet my city would have been destroyed
on its foundation,
yet Ur would have perished where it lay.

Because that day of storm had raised its hand,
and even had I screamed out loud and cried;
"Turn back, O day of storm, (turn) to (thy) desert,"
the breast of that storm would not have been lifted from me.

Then verily, to the assembly, where the crowd had not yet risen,
while the Anunnaki, binding themselves (to uphold the decision),
were still seated,
I dragged my feet and I stretched out my arms,
truly I shed my tears in front of An.
Truly I myself mourned in front of Enlil:

"May my city not be destroyed!" I said indeed to them.
"May Ur not be destroyed!" I said indeed to them.
"And may its people not be killed!" I said indeed to them.
But An never bent towards those words,
and Enlil never with an, "It is pleasing, so be it!"
did soothe my heart.

(Behold,) they gave instruction that the city be destroyed,
(behold,) they gave instruction that Ur be destroyed,
and as its destiny decreed that its inhabitants be killed.

Enlil called the storm.
The people mourn.
Winds of abundance he took from the land.
The people mourn.
Bood winds he took away from Sumer.
The people mourn.
Deputed evil winds.
The people mourn.
Entrusted them to Kingaluda, tender of storms.

He called the storm that annihilates the land.
The people mourn.
He called disastrous winds.
The people mourn.
Enlil -- choosing Gibil as his helper --
called the (great) hurricane of heaven.
The people mourn.
The (blinding) hurricane howling across the skies
-- the people mourn --
the tempest unsubduable like breaks through levees,
beats down upon, devours the city's ships,
all these he gathered at the base of heaven.
The people mourn.

Great fires he lit that heralded the storm.
The people mourn.
And lit on either flank of furious winds the searing heat of the desert.
Like flaming heat of noon this fire scorched.

The storm ordered by Enlil in hate,
the storm which wears away the country,
covered Ur like a cloth, veiled it like a linen sheet.

On that day did the storm leave the city;
that city was a ruin.
O father Nanna, that town was left a ruin.
The people mourn.
On that day did the storm leave the country.
The people mourn.
Its people's corpses, not potsherds,
littered the approaches.
The walls were gaping;
the high gates, the roads,
were piled with dead.
In the wide streets, where feasting crowds
once gathered, jumbled they lay.
In all the streets and roadways bodies lay.
In open fields that used to fill with dancers,
the people lay in heaps.

The country's blood now filled its holes,
like metal in a mold;
bodies dissolved --
like butter left in the sun.

("Nannar, god of the Moon and spouse of Ningal,
appeals to his father, Enlil")

O my father who engendered me!
What has my city done to you?
Why have you turned away from it?
O Enlil! What has my city done to you?
Why have you turned away from it?
The ship of first fruits no longer brings
first fruits to the engendering father,
no longer goes in to Enlil in Nippur
with your bread and food portions!

......................................................

O my father who engendered me!
Fold again into your arms my city from its loneliness!
O Enlil! Fold again my Ur into your arms from its loneliness!
Fold again my (temple) Ekishnugal into your arms from its loneliness!
Let renown emerge for you in Ur! Let the people expand for you:
let the ways of Sumer, which have been destroyed,
be restored for you!

Enlil answered his son Suen (saying):

"The heart of the wasted city is weeping,
reeds (for flutes) of lament grow therein,
its heart is weeping, reeds (for flutes)
of lament grow therein,
its people spend the day in weeping.
O noble Nanna, be thou (concerned) about yourself,
what track have you with tears?
There is no revoking a verdict,
a decree of the assembly,
a command of An and Enlil
is not known ever to have been changed.
Ur was verily granted a kingship
-- a lasting term it was not granted.
From days of yore when the country
was first settled, to where it has now proceeded,
Who ever saw a term of office completed?
Its kingship, its term of office, has been uprooted.
It must worry.
(You) my Nanna, do you not worry! Leave your city!"

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quarta-feira, 9 de abril de 2014

"Texto em que o poeta escandaliza-se com as implicações do fato de que as estátuas gregas eram na verdade a cores enquanto pensa em sua vida amorosa"

Durante as férias, o relógio
foi ignorado, mas não
pausou. Não é necessário
proteger as estátuas
da chuva e basta
para negar que a alegria
sobrevive a meio inverno
saber que a cura
a todas as tuas alergias
e urticárias será o inferno.
Na mesma Berlim
em que alguns foram escritos
mas não na mesma Berlim,
os Selected Poems de Tsvetáieva
fazem de suas enxaquecas
aspirinas às minhas.
E imaginamos que a casa
que se reduziu a cinzas
queima ainda
na memória, membrana
com membrana ainda se tocam
e nossas glândulas em uníssono
todavia celebram um sim dito
em conjunto, que aquela cama
estará sempre desfeita
à espera de mãos úmidas de leite
e colos cobertos com as migalhas
do pão partido naquele último
café-da-manhã juntos.
Se o mesmo
sol brilha, o calendário
é para esta lembrança
a tradução de um original
a que não se tem mais acesso
e o citamos de memória.
A trama desta história
imbricou-se por atalhos
ou contornos demais.
Eu perco a meada
do fio. Confundo Gogol
e Gorky, gargalo
e gogó, sei que Nezahualcóyotl
talvez não entenderia a sina
de Nabucodonozor ou Napoléon
e se de repente um leão
pudesse falar nossa língua,
nós mesmo assim correríamos
de sua abordagem.
Pessoalmente,
sigo imputando a culpa de tudo
ao fato de na infância
terem me ensinado
que Frankenstein
era a criatura, não
o criador.
Se eu o invocasse numa língua-fetiche
e o chamasse de Baba ou Abba,
em suaíle ou aramaico, então iídiche,
e o sentisse crescer feito baobá
a desarvorar desaforo, oba-oba, índice,
pois sei mortas todas as línguas
até que o lambam,
lama sabachthani,
sou lesma de sábado, tanning
ao sol que também o cobre
e cobreia, sou aquele cofre
cujo segredo é tão-somente
o número do meu telefone.
Esta é uma guerra em que, ao fim,
o lado perdedor é o que exige
reparações e o direito ao motim,
e apenas não se chora o leite
que se derrama pelos cantos
dos lábios se parte desce
pelo canal do esôfago
e a poça
no chão encontra-se
ainda ao alcance da boca.


§


Ricardo Domeneck, publicado originalmente no quarto número impresso da Modo de Usar & Co.

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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Das canções favoritas: "Lord Don´t Move the Mountain", na voz da generosa Mahalia Jackson

 

Não há muito o que dizer desta canção que ela já não diga em píncaros e abismos, essa canção que é uma prece, mais que um hino. Que só poderia mesmo nascer da coragem e generosidade daqueles irmãos africanos sequestrados, torturados e escravizados nas terras do Velho Novo Mundo. A performance de Mahalia Jackson é tingida de duende em cada célula, por todos os pontos cardeais. 


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quinta-feira, 3 de abril de 2014

"Confissão (1964 - 1985)", poema de William Zeytounlian


CONFISSÃO (1964–1985)
    William Zeytounlian

“– come si chiama la tua ragazza?
Margherita”.
P. P. Pasolini


toda
a conta
feita:

ato final,
evidência
contrafeita.

eu sou
o cálice
sacrificial.

eu sou
o cálice
sacrificial
no altar.

eu sou
o cálice
sacrificial
no altar
e seu
próprio
conteúdo.

eu sou
o bode
à borda
da faca,

eu sou
o homem
desnudo.


eu sou
o grito

eu sou
o grito
inquieto

eu sou
o grito
inquieto
que busca
o ouvido.

eu sou
o grito
inquieto
que busca
o ouvido
que busca
o gozo.

eu sou
o gozo.

eu sou
o gozo
atroz.

eu sou
o gozo
atroz e
inquieto.

eu sou
o gozo
atroz e
inquieto
do algoz;

do algoz
inquieto.

eu sou
o esquecido

eu sou
a areia
que me
enterra.

eu sou
a cova
que se
encerra.


eu sou
este objeto
decorativo

este
abjeto
esquecido
pendendo.

eu sou
esta gota
que me
escorre

eu sou
esta gota
que me
escorre
agora.

eu sou
o sonho
que se
esgota

o sonho
que se
esgota
em mim.

eu sou
a encruzilhada
de acertos,

o emblema
do escrúpulo

um gesto,
um estupro,
a vida nua.

eu sou
o erro
da virtude.

eu sou
a minha
dúvida.





terça-feira, 1 de abril de 2014

Imagem & Som para a performance "Quede Qaddish", com Markus Nikolaus, no MMK-Frankfurt


No ano passado, quando fui convidado a fazer uma performance no programa paralelo da retrospectiva de Hélio Oiticica no Museu de Arte Moderna de Frankfurt, preparei em colaboração com meu parceiro alemão Markus Nikolaus uma peça que chamei de "Quede Qaddish", com um poema simples seguido da lista de desaparecidos da Ditadura - lista à qual incluí nomes como o de Amarildo de Souza e Oziel Gabriel. Hoje, incluiria na performance do texto o nome de Cláudia Silva Ferreira. Por imagem, um slideshow com fotos de vários deles, unido ao texto vocalizado e a música composta e tocada ao vivo por Markus. Queria preparar um vídeo com a peça para hoje, mas não consegui terminá-lo. Posto então aqui, apenas pelo dia de hoje e em homenagem aos que foram e são mortos pelos Militares brasileiros desde 1964, o texto da performance, abaixo, com o slide e música no vídeo, acima.

Quede Qaddish

O corpo
também é penetrável.
Bala, eletrochoque,
rato, faca.

O corpo
também é flexível.
Forca, cadeira do dragão,
geladeira, pau-de-arara.

O corpo
também é irrastreável.
Vala comum, deserto,
Oceano Atlântico.

O corpo
também é catalogável.
Arquivos do Exército,
Marinha, Aeronáutica.

Lista de chamada:
Dilma Rousseff, presente.

Ausentes:

Adriano Fonseca Filho
Aluísio Palhano Pedreira Ferreira
Amarildo de Souza
Ana Rosa Kucinski Silva
André Grabois
Antônio ´Alfaiate´
Antônio Alfredo Campos
Antônio Carlos Monteiro Teixeira
Antônio de Pádua Costa
Antônio dos Três Reis Oliveira
Antônio Guilherme Ribeiro Ribas
Antônio Joaquim Machado
Antônio Teodoro de Castro
Arildo Valadão
Armando Teixeira Frutuoso
Áurea Eliza Pereira Valadão
Aurino Pereira dos Santos Pataxó Hã-Hã-Hãe
Aylton Adalberto Mortati
Bergson Gurjão Farias
Caiupy Alves de Castro
Carlos Alberto Soares de Freitas
Celso Gilberto de Oliveira
Celso Rodrigues Guarani-Kaiowá
Chico Mendes
Cilon da Cunha Brun
Ciro Flávio Salasar Oliveira
Cláudia Silva Ferreira
Custódio Saraiva Neto
Daniel José de Carvalho
Daniel Ribeiro Callado
David Capistrano da Costa
Dênis Casemiro
Dermeval da Silva Pereira
Dinaelza Soares Santana Coqueiro
Dinalva Oliveira Teixeira
Divino Ferreira de Sousa
Dorothy Stang
Durvalino de Souza
Edgard Aquino Duarte
Edmur Péricles Camargo
Eduardo Collier Filho
Elmo Corrêa
Elson Costa
Enrique Ernesto Ruggia
Ezequias Bezerra da Rocha
Félix Escobar Sobrinho
Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira
Francisco Manoel Chaves
Galdino Jesus dos Santos
Gilberto Olímpio Maria
Guilherme Gomes Lund
Heleni Telles Ferreira Guariba
Helenira Rezende de Souza Nazareth
Hélio Luiz Navarro de Magalhães
Hiran de Lima Pereira
Honestino Monteiro Guimarães
Idalísio Soares Aranha Filho
Ieda Santos Delgado
Isis Dias de Oliveira
Issami Nakamura Okano
Ivan Mota Dias
Jacinto Rodrigues Pataxó Hã-Hã-Hãe
Jaime Petit da Silva
Jana Moroni Barroso
Jayme Amorim Miranda
João Alfredo Dias
João Batista Rita
João Carlos Haas Sobrinho
João Cravim Pataxó Hã-Hã-Hãe
João Gualberto Calatroni
João Leonardo da Silva Rocha
João Massena Melo
Joaquim Pires Cerveira
Joaquinzão
Joel José de Carvalho
Joel Vasconcelos Santos
Jorge Leal Gonçalves Pereira
Jorge Oscar Adur (Padre)
José Humberto Bronca
José de Jesus Silva Pataxó Hã-Hã-Hãe
José Lavechia
José Lima Piauhy Dourado
José Maria Ferreira Araújo
José Maurílio Patrício
José Montenegro de Lima
José Pereira Pataxó Hã-Hã-Hãe
José Porfírio de Souza
José Roman
José Toledo de Oliveira
Kleber Lemos da Silva
Libero Giancarlo Castiglia
Lourival de Moura Paulino
Lúcia Maria de Sousa
Lúcio Petit da Silva
Luís Almeida Araújo
Luís Eurico Tejera Lisboa
Luís Inácio Maranhão Filho
Luiz René Silveira e Silva
Luiz Vieira de Almeida
Luíza Augusta Garlippe
Manuel José Nurchis
Marcos Veron Guarani
Márcio Beck Machado
Marco Antônio Dias Batista
Marcos José de Lima
Maria Augusta Thomaz
Maria Célia Corrêa
Maria Lúcia Petit da Silva
Mariano Joaquim da Silva
Mario Alves de Souza Vieira
Maurício Grabois
Miguel Pereira dos Santos
Nelson de Lima Piauhy Dourado
Nestor Veras
Norberto Armando Habeger
Onofre Pinto
Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior
Orlando Momente
Oziel Gabriel
Paulo César Botelho Massa
Paulo Costa Ribeiro Bastos
Paulo de Tarso Celestino da Silva
Paulo Mendes Rodrigues
Paulo Roberto Pereira Marques
Paulo Stuart Wright
Pedro Alexandrino de Oliveira Filho
Pedro Carretel
Pedro Inácio de Araújo
Ramires Maranhão do Vale
Rodolfo de Carvalho Troiano
Rosalindo Souza
Rubens Beirodt Paiva
Ruy Carlos Vieira Berbert
Ruy Frazão Soares
Sérgio Landulfo Furtado
Stuart Edgar Angel Jones
Suely Yumiko Kamayana
Telma Regina Cordeiro Corrêa
Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto
Tobias Pereira Júnior
Uirassu de Assis Batista
Umberto Albuquerque Câmara Neto
Vandick Reidner Pereira Coqueiro
Virgílio Gomes da Silva
Vitorino Alves Moitinho
Walquíria Afonso Costa
Wálter de Souza Ribeiro
Wálter Ribeiro Novaes
Wilson Silva

O corpo
também é penetrável.
Bala, eletrochoque,
rato, faca.

O corpo
também é flexível.
Forca, cadeira do dragão,
geladeira, pau-de-arara.

O corpo
também é irrastreável.
Vala comum, deserto,
Oceano Atlântico.

O corpo
também é catalogável.
Arquivos do Exército,
Marinha, Aeronáutica.

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