Qual é a diferença entre um crítico que lê em 2015 com os parâmetros de 1956 e um crítico que lia em 1956 com os parâmetros de 1922? Ou, ainda, entre estes e um crítico que lia em 1922 com os parâmetros de 1881? Qual era mesmo aquela história do santo-de-altar que dizia que boa poesia nenhuma se escreve com os métodos dos 20 anos de antanho? Aplica-se só à poesia ou à crítica, também? Se tudo o que se escreve hoje não presta (e a maioria certamente não presta - grandessíssima novidade, tomem aqui a coroa de louros pela inusual capacidade de percepção estética), o que garante aos senhores que isso dizem, que não estão cometendo o mesmo erro dos que também disseram isso tanto em 1956 como em 1922, saudosos dos poetas de vinte anos antes? Que poeta hipotético é este que parecem ter em mente, e que deveria estar escrevendo em vez dos que hoje escrevem? Cruzamento de Drummond com Cabral, pitadinhas de Murilo, glace de Campos? Se conhecem a obra deste poeta hipotético tão intimamente, por que não o são? A um autor que acabou de escrever o "Poema de sete faces", culpa-se-lhe não ter escrito ainda "A Máquina do Mundo"? Ah, perguntas, perguntas.
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