quinta-feira, 14 de abril de 2016

Homenagem atrasada a Raul Pompeia por seu aniversário


Ontem foi o dia em que mestre Pompeia nasceu, há 153 anos. Dom Pedro II havia sido coroado fazia 21. No ano seguinte ao nascimento de Pompeia, começava a Guerra do Paraguai. Milhões de seres humanos sequestrados de seus lares trabalhavam como escravos do Oiapoque ao Chuí. Muitos anos depois, Euclides da Cunha encerraria um anti-épico: "É que ainda não existe um Maudsley para as loucuras e os crimes das nacionalidades..."

Enquanto escrevia O Ateneu, respirava o ar do Rio de Janeiro e o compartilhava com Machado de Assis, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Luiz Gama. Logo cairia a família imperial e viria a sucessão de marechais e fazendeiros, enquanto Cruz e Sousa trabalhava como arquivista na Central do Brasil. Olavo Bilac, Luís Murat e Raul Pompeia trocavam insultos pela imprensa por desavenças políticas em torno de Floriano Peixoto.

Quando estive no Rio de Janeiro pela última vez, fui ao Cemitério de São João Batista procurar seu túmulo. Não o achei. Trombei com o de Tom Jobim, o de Carmen Miranda, o do Barão de Itambi e o do Barão de Santa Margarida.

Tropecei em um túmulo dilapidado, em que se lia algo como AM____ RI___ FACÓ (18__- 1_53) e me perguntei se seria o elegante amigo poeta de Carlos Drummond de Andrade, a quem ele dedicou seu Claro Enigma (1951).

Tempos distantes, tudo tão estranhamente igual. Tivesse encontrado seu túmulo, teria feito minha prece-ritual:

"Ave, Pompeia. Nome de catástrofe. Que se soterre em cinzas o Rio de Janeiro. Sobre os escombos d'OAteneu, teu Sérgio é o nosso Angelus Novus."



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