quinta-feira, 24 de março de 2016

Migalhas tão pequenas de nós dois, menino do bóson-bosão


Os cinco dedos de cada mão do menino do bóson-bosão


[poema]

deus está morto
não é culpa sua
meu pai está morto
não é culpa sua
a república está morta
não é culpa sua

não é culpa sua
que arrasto a carcaça
até a sua cama
como se este fosse
um ato heroico

sei que pareço exigir
ressarcimento
ao chegar a seu quarto
com as mãos
espalmadas e vazias

mas eu juro
que esta noite basta
um colchão comum
um travesseiro comum
uma coberta comum

um calor qualquer
compartilhado
como se compartilha
um deus
um pai
uma república

§

berlim, 21 de março de 2016

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