João Cabral de Melo Neto & João Gilberto
um dia dirão:
houve joões
nesse inferno
de tabeliães,
cabral e gilberto,
a cantar chãs
com a elegância
dos pães.
anti-supérfluos
deram a lição:
antes ser cães
ágeis a leões
de dó e dengo.
eis o alerta
contra o joio
e os rojões.
menos pedras
do que tijolos,
disseram:
amem o silêncio
mas não em excesso,
pois nos corpos
nua é a voz,
o barro de joões.
pau seco, bossa.
brio de candeia.
garbo de cartola.
do aleijado destro,
um útero-igreja
em ouro preto.
a pedra-pomes
à pele morta.
dos cadivéus,
a redoma de ocas.
chega! abaixo
os panteões.
filhos somos
de corujas-diabos,
urubus-reis,
caboclos gaviões.
nada fomos
além ou aquém
do que somos:
micos de ouro
e não leões,
mas nos quais mora
a força de onças.
bicos de falcões.
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7 de julho de 2019
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