ESPADACHINS
a William Zeytounlian
Nada se reordenou no mundo
esta manhã em que eu descubro,
nesse desembainhar palavras de coisas,
que sempre chamei de peixe-espada
o que outros chamam de espadarte.
esta manhã em que eu descubro,
nesse desembainhar palavras de coisas,
que sempre chamei de peixe-espada
o que outros chamam de espadarte.
Eles seguem inscientes do anzol,
essa outra arma nossa,
um deles assemelhando a espada
com o corpo todo, o outro
com o que lembra uma espada sobre a boca.
Contra dicionários e nossa indústria bélica
seguem por água doce e água salgada
o peixe-espada e o espadarte,
indiferentes ao que não seja tesão ou fome.
E na minha tesão e minha fome
vou também sendo catalogado no mundo,
em verossimilhanças e incongruências,
com a língua que também se usa
como anzol e como espada.
E se repito agora seus nomes
como quem decora as partes do corpo,
é só para ordenar um pouco meu caos,
sem espada na boca além da língua,
como se assim os protegesse,
qual pudesse doar-lhes uma bainha:
este é o peixe-espada,
aquele é o espadarte,
e aqui está minha língua.
Nossa bainha é o mundo.
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