As distrações
para as famílias do interior
exigem recursos humanos
próprios.
para as famílias do interior
exigem recursos humanos
próprios.
Aqui
não vêm atuar
os grandes atores,
aqui
não vêm ler
os grandes poetas,
aqui
não vêm cantar
os grandes cantores,
aqui
não se digna
a interpretações
a intelligentsia.
Aqui,
às igrejas evangélicas
e às academias de ginástica
pertence a implementação
do Mens sana in corpore sano.
As visitas à sorveteria
que antes fora uma pizzaria
e antes, uma lanchonete,
apenas mudam as paredes,
que não trazem
nem fotografia nem pintura
de tradições centenárias.
O espaço público
— nem Ágora nem Eclésia —
incita variações
— agora aos sussurros —
dos ressentimentos velhos,
das irritações pequenas
que se acumulam
e latejam como pústulas.
As frustrações do pai,
as frustrações da mãe,
e assim, em escadinha,
as frustrações nascentes
da prole toda, em perdas
crescentes.
À mesa
reina nossa mesma
falta de assunto da janta
ou o assunto repetido
à exaustão. As dívidas
com Deus e com César.
E sim, o silêncio
sobre os únicos assuntos
que quiçá nos salvassem.
Quem-nos-dera, num instante
de lucidez repentina,
aguássemos agora
os sorvetes, as pizzas, os lanches
com lágrimas, esgoelando juntos
na sarjeta. Mas o que diriam
os vizinhos?
Nas capitais
lacrimeja a intelligentsia
— o povo! o povo! —
enquanto o mofo e o musgo
cobrem aos poucos
a nossa não-boca, a nossa não-alma.
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