Ismar Tirelli Neto (Rio de Janeiro, 1985) |
DEVOÇÃO
Estou doce doce de condicionais
Todos os dias capacito-me de um crânio
A cultura coloca-me certo número de buracos onde meter minha devoção
Estou doce doce de diretivas
De meio a formidáveis reescrituras tenho caminhado
Caminhado com emparedamento cada vez maior
Encarregue de certo ritmo na roseira
Arrasto pelo mundo aparição e desaparição
Arrasto o triz até o tram
Quando subo
O mesmo vazio de consecução
Olhos choram contracorrentes
Onde um assento vazio?
Na minha frase
Onde um assento vazio?
Estou doce doce de hibridação
Para sentar às centelhas sobre o veículo já não se tem idade
Para sentar às estrelas
Para tomar café-da-manhã com as estrelas
Já não se tem idade
Não lhes parece o caso?
Sou eu quem deve preponderar na minha frase
Não lhes parece o caso?
Quem deve preponderar na minha frase sou
Eu fora
Fora todos os ouvidos
Preciso de um vagão vazio para dizer o ouvido
Um ouvido inteiro
A cultura corta um buraco redondo entre os reservados do banheiro
Volvam volvam as vontades quebradas
Estou virado como século
Vemos um filme extremado
Tenho pelo menos a virtude de realmente existir
Trabalho por adesivos de coração
Jogo ao cisco
Ganho em urbanidade
Muro-me de Introduções Guias Manuais
Tacanhado em cômodo com todos os quadrantes da Terra
Concateno frêmito no escroto à chegada do significado
A cultura coloca-me certo número de histórias de conversão a memorizar
Estou por assim dizer
– Ismar Tirelli Neto
.
.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário