sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

"Café com estátua de Brecht", o segundo dos poemas publicados há um mês na página "Risco", do jornal carioca O GLOBO.



O poeminha abaixo, intitulado "Café com estátua de Brecht" (também com o título alternativo "A um sentante brechtiano") foi um dos dois poemas inéditos meus publicados no dia 15 de janeiro de 2011 na página Risco do caderno Prosa & Verso, no jornal carioca O Globo. Já mostrei aqui o outro poema, intitulado "Entre o fogo e a derme". A página é editada por Carlito Azevedo desde abril de 2010, e já publicou poetas brasileiros contemporâneos como Lu Menezes, Juliana Krapp e Laura Liuzzi, assim como traduções para textos de poetas estrangeiros como os grandes Zbigniew Herbert (Polônia), Yehuda Amichai (Israel) e Saburô Kuroda (Japão).



Café com estátua de Brecht
ou A um sentante brechtiano

num banco
de praça
diante da estátua
de bertolt brecht
no berliner ensemble
vejo o desconhecido
lendo bertolt brecht
enquanto eu leio
o´hara ao seu lado
o estranho
bebe café
de uma térmica os olhos
azuis os cabelos
castanhos ignoram-me atrás
da gente o rio não
se espraia
engatinha em direção
desconhecida à frente
a escavadeira VOLVO
faz o que faz
ora escava
a terra abaixo
os prováveis
ossos acumulados
na dupla guerra
mundial meu umbigo
o centro de alhures
ao redor estes ratos
com asas
arrulham no ambiente
acústico não ouso
usar a voz
em isca à atenção
deste moço me constrangem
minhas óbvias sétimas
intenções comerei peixes
em retalhos
ainda que prefira
animais
que berram à hora
de sua morte
comerei mesmo peixes
em retalhos
com exagero de raiz
forte para arder
o crânio
sem dizer a este moço
sai dos meus olhos



(2007)

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