quinta-feira, 2 de junho de 2016

Carta mal-humorada à santa carioca do pau oco no dia do seu aniversário

diz aí, bicha de risinho modernista, quando é que vão deixar de te tratar feito criança, hein, meio assexuada, meio infantilizada, esses teus machos-viúva que até hoje lucram com as fofocas de namoricos, hein, bicha-santa, será que vão finalmente ter coragem de mencionar tua sapatice lá na FLIP, ou ainda vai ficar no muxoxo, no disse-que-disse que não se diz, na correspondência incompleta, hein, bicha-vândala, até onde vão assaltar teus cadernos, olha só de novo na página 226 desse poética cor-de-rosa aquela tua tradução de marianne moore que deus sabe, hein bicha-coceira, se acharam que era apropriação feito as de jorjão de lima, ou se até hoje não perceberam que era só isso mesmo, uma tradução com rabiscões e comentários de poeta ao lado, até o rabisco de dúvida ("diria?") na mesma linha em que aparece "dizia", diz aí, falarão sobre elas quando as compreenderem? de nós sobra só isso mesmo, essa "paixão chinesa pelo particular" não compartilhada pelos que nos folheiam ao léu. 

que fique claro, bicha-esperta, não ando por aí te chamando pelo primeiro nome, nem por apelido, se te menciono, e o faço pouco, é com nome completo, nunca fiz a íntima, santa de altar meu não é, e para que haja comércio entre nós te juro, te olho de igual pra igual, não te faço de santa não, de mulher-maravilha estilo anos 70 que dá uns giros e fica mais pelada, te olho e vejo uma mulher dona de seus passos haja ou não chão sob eles, não estou aqui para lucrar com os saltos mortais dos outros, tomo o que me interessa como poeta faz com poeta desde que o mundo é mundo e fomos capazes de dizer "mundo", poeta-bicha, bem que sei que concordaria afinal que de bíblia basta uma, que canseira deste não-me-toque, destas luvas não de pelica mas de borracha com que te manuseiam, de sublinharem o que a bicha não escreveu, espero que o chão te seja leve após ter-te sido tão duro.

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