Tive o prazer de rever o poeta Leonardo Fróes neste último fim-de-semana, desta vez em Petrópolis, e então seguir com ele e sua esposa, a fotógrafa Regina D'Olne, para o já lendário sítio do poeta nos arredores de Secretário, onde passei com eles alguns dias. Esta postagem é uma das memórias desta viagem.
A Pedra da Maria Comprida é um grande monolito de gnaisse-granito (como o Pão de Açúcar e outras das nossas pedras calvas), com 1.926 metros de altura, situada no território do município de Araras, no estado do Rio de Janeiro.
A foto acima, que não faz jus à pedra e seu nome, foi feita ao longe por mim enquanto o poeta me dizia que foi escalando esta montanha que lhe surgiu talvez seu mais famoso poema.
Introdução à arte das montanhas
Um animal passeia nas montanhas.
Arranha a cara nos espinhos do mato, perde o fôlego
mas não desiste de chegar ao ponto mais alto.
De tanto andar fazendo esforço se torna
um organismo em movimento reagindo a passadas,
e só. Não sente fome nem saudade nem sede,
confia apenas nos instintos que o destino conduz.
Puxado sempre para cima, o animal é um ímã,
numa escala de formiga, que as montanhas atraem.
Conhece alguma liberdade, quando chega ao cume.
Sente-se disperso entre as nuvens,
acha que reconheceu os seus limites. Mas não sabe,
ainda, que agora tem de aprender a descer.
— Leonardo Fróes, in Argumentos Invisíveis (1995).
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