Foi em 2019. Estávamos no Festival Artes Vertentes. O irmão-de-cabeça André Capilé já havia me contado sobre o poema "Sereno", no qual vinha trabalhando. Mas foi ali, numa noite do festival que ele dividia com Guilherme Gontijo Flores diante de uma instalação de Ricardo Siri que eu ouvi pela primeira vez essas invocações ao Boi.
Eu disse a ele depois da performance, que realmente me pôs em transe e trouxe água salinidade aos olhos, de amor pela tradição oral, que aquele poema nascia já anônimo. É elogio. Porque é como se ele apenas o houvesse buscado na memória coletiva, traumática e maravilhosa. Enquanto ele cantava, compus esses versículos na cabeça:
Só boi que é mesmo boi
sabe onde dói seu mu.
Compor um canto anônimo
não é pra qualquer um.
.
.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário