terça-feira, 21 de setembro de 2021

Seminário de Poesia Contemporânea na UFPR e a homenagem à poeta pernambucana Tereza Tenório

DESTA VEZ, AQUI, AGORA: VOZES DA POESIA CONTEMPORÂNEA.



Terceira edição. Organização de Sergio Maciel, Guilherme Delgado, Renata Mocelin e Luciane Alves. Universidade Federal do Paraná.
DIA 1 (14/09)
Wellington de Mello
Henrique Provinzano Amaral
Anelise Freitas
DIA 2 (21/09)
Paulo Henriques Britto
Diego Alves Amancio
Margarida Vale de Gato
DIA 3 (28/9)
Edimilson de Almeida Pereira
Ronald Augusto
Márcia Brito
POETA HOMENAGEADA: Tereza Tenório (Recife, 1949–2020).

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POEMAS DE TEREZA TENÓRIO
CORPO DA TERRA Pela janela o verde nos revela o coração da mata acesa o úmido veio das aromáticas resinas dentre nossas raízes enlaçadas a destilar a essência do teu hálito em mim corpo da terra desvelado * A FACA SOBRE A ÁGUA Existe o duplo silêncio: o da flauta e do tempo (que há mundos paralelos). Há o movimento rítmico: o do pêndulo no silêncio partido do hemisfério. E foi teu último engano: a ferida rubra e sangrenta. A branca madrugada transformou-te de louca suicida em clara manhã de pássaros e fadas. Houve também a faca sobre a água com o brilho mortal das escamas rápidas e houve o encontro da terra com os astros na rota dourada do fim de tarde. * A CASA NA COLINA Quem sempre quis uma casa na colina pra que pudesse namorar as árvores Tanto sonhou o rosto de uma menina sua cabeleira a refletir as vagas Eu que amarguei a solidão da sina de uma infância sofrida além da margem de tanto amar o amor como a saudade transformei-me ao sol dessa menina Tendo na boca o gosto da menina do crescer na paisagem do silêncio degustando a palavra enquanto sina transformando o silêncio enquanto tempo em meio ao sonho que a estrela move em meio à sina que se mofe ao vento * CASO O meu primeiro amor morreu de fome O meu segundo amor não teve jeito O meu terceiro amor se fez amante recebendo-me à tarde radiante Até hoje vivemos do seu jeito como meu último amor fatal perfeito * VIRTUAL No epicentro das ondas invisíveis edifiquei mandalas para os celtas habitantes dos últimos milênios guelras de peixes e barbatanas retas Onde o mar arrastara nossas redes para morder-nos tênues fios de espera o fluir das espumas retalhou os tecidos da carne contra as pedras nos módulos lunares dissolvi toda a sombra da superfície líquida seus cardumes de tubarões-martelo entre indormidos teoremas míticos arremessei ao lume destes versos nossa imagem virtual de estranhos ritos * TRÍPODES Queimados os corações no sacrifício dos remos sobre a pedra dos oráculos reedificamos o templo Marujos noutro avatar fomos mortos ao relento entre carvalhos e trípodes no temor ao deus sangrento No corolário da lenda filha dos quatro elementos fertilizamos a terra na fenda ao sul do oriente ao fim do embate mortal a seiva do sol no zênite .
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