quarta-feira, 9 de julho de 2008

Bartomeu Ferrando


(Performance video-textual "Sintaxi", dezembro de 2000, Barcelona)



Bartomeu Ferrando é um dos mais importantes poetas vivos da Espanha, nascido em Valência em 1951. Também conhecido como Bartolomé Ferrando, o poeta é um dos grandes performers e teóricos da polipoesia na Península Ibérica. Estudou música e filologia hispânica, e é hoje professor na Facultad de Bellas Artes de Valência. Fundou a revista Texto Poético, que divulgou, entre outras poéticas experimentais, a do grupo brasileiro Noigandres, e fez parte do grupo FLATUS VOCIS (Bartomeu Ferrando, Fátima Miranda e Llorenç Barber), o único grupo na Espanha a praticar de forma contínua a pesquisa poética que tinha como objetivo reunir escritura, voz e performance. Publicou ainda “Hacía una poesía del hacer” e La mirada móvil.

O poeta catalão Bartomeu Ferrando é hoje um dos mestres contemporâneos em um espaço lingüístico que deu à Espanha e ao mundo, no último século, a poesia modernista de J.V. Foix e Mercè Rodoreda e, no pós-guerra, a poesia plural de Joan Brossa e Guillem Viladot, por exemplo, nomes continuamente excluídos de qualquer antologia de “poesia espanhola”, ainda que a Catalunha tenha produzido, nas últimas cinco décadas, os poetas experimentais mais interessantes do país. É um prazer mostrar a performance vídeo-textual “Sintaxi” de Bartomeu Ferrando na Modo de Usar & Co., gravada no Festival Proposta de Barcelona, na língua catalã/valenciana do poeta. Com algumas exceções (como o respeitável Antonio Gamoneda, o estranho-no-ninho Leopoldo María Panero, além de Benjamín Prado ou Sandra Santana, para usar exemplos de 4 gerações distintas), a poesia espanhola em castelhano mostrou-se bastante conservadora e limitada no pós-guerra, perdendo-se nos debates engessados da que ficou conhecida como “poesía de la experiencia”, cabendo à poesia catalã o papel de retomar, no país ibérico, as pesquisas das primeiras vanguardas. Isto foi feito com consciência est(É)tica impecável por poetas como Joan Brossa, Guillem Viladot, Josep Iglesias Del Marquet, Bartomeu Ferrando, Carles Hac Mor, Gabriel Ferrater, Vicenç Altaió, Enric Casasses ou Ester Xargay, entre outros.

No entanto, estes poetas são muitas vezes excluídos de antologias, como disse, de “Poesia Espanhola”, e até mesmo das de “Poesia Catalã”, sejam elas organizadas por literatos espanhóis ou catalães. As implicações políticas das escolhas estéticas em um país com mais de uma língua, que, no entanto, possui uma língua oficial hegemônica, são extremamente complexas, implicações das quais um turista de poucos dias em Barcelona dificilmente poderia bancar o juiz.

Mas este tipo de poesia raramente conta com o risco de sequer ser cooptada pelo Estado. Tentar criar dualismos fáceis em um complexo debate ético/estético de identidade lingüística gera posicionamentos políticos adolescentes, tanto em bravatas nacionalistas como anti-nacionalistas.




Poemas gráficos:



("Hacía el anonimato", Collage, 1994, 74'5 x 74'5 x 4'7 cm)



("Acumulación", Collage, 1998, 120'5 x 87 x 4'7 cm)



POEMAS-OBJETOS


("Muro", Poema objeto, 1996, 19 x 28 x 14,4 cm)




("Pájaro", Poema objeto, 1996, 7,5 x 10 cm)


da série de "Escrituras superpuestas"
(Acrílico sobre papel • 2001 • 35 x 35 cm.)



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seleção e nota: Ricardo Domeneck.

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