terça-feira, 13 de novembro de 2012

Rio de Janeiro (John Cage, Wittgenstein, Max Czollek e por aí)

Cheguei ao Rio de Janeiro no sábado à noite, acompanhado do poeta alemão Max Czollek. Passei o fim de semana na companhia de amigos como Dimitri Rebello (Dimitri BR) e pude rever alguns outros companheiros queridos. Caminhei muito pela cidade e tive conversas extensas com Czollek.

ele tem um céu estrelado

gosta de canções
que soam feitas
por si sós

sob o chuveiro
curte masturbar-se
não é complicado

tem bons amigos
só quando é preciso
pensa em auschwitz

(tradução de Ricardo Domeneck)

:

er hat einen sternenhimmel
Max Czollek

er mag lieder
die sich anhören
wie selbstgemacht

unter der dusche
masturbiert er gerne
das ist unkompliziert

er hat gute freunde
wenn es sein muss
denkt er an auschwitz

  

Max Czollek nasceu em Berlim, Alemanha, em 1987. Entre 1993 e 2006 estudou na Escola Judaica, antes de ingressar na Universidade Livre de Berlim (Freie Universität Berlin) para estudos em Ciência Política. É cofundador do grupo Lyrikzirkels G13, publicou poemas nas revistas Randnummer, Belletristik e poet, e participou de festivais como o Festival de Poesia de Berlim (Poesiefestival Berlin) e Zeitkunst. Seu livro de estreia, Druckkammern (Berlin: Verlagshaus J. Frank, 2012) foi lançado este ano na Alemanha.

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Nossas conversas nos levaram a poetas distintos. Eu com Edmond Jabès, George Oppen, pensadores como Simone Weil, Mircea Eliade e Ludwig Wittgenstein. Max com Bertolt Brecht, Kurt Tucholsky, pensadores como Martin Buber e Emmanuel Levinas. Referências distintas, o que é sempre estimulante para a conversa. Hoje, terça-feira, chegam à cidade ainda os poetas Johannes CS Frank (Inglaterra) e Maya Kuperman (Israel). Na sexta-feira, nos apresentamos gratuitamente com o Zeitkunst Ensemble no Auditótio da Rádio MEC, às 17:00, com nossa "Homenagem a John Cage".



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Conversando com Max sobre Wittgenstein, lembrei-me deste filme de Péter Forgács e o compartilho aqui:


"Wittgenstein Tractatus - Interlude series" (1992), Péter Forgács

Péter Forgács é um cineasta e artista visual húngaro, nascido em 1950. Seu trabalho é quase todo baseado em filmes feitos por famílias nos anos 30 e 40, construindo a partir deles suas narrativas históricas. O filme Wittgenstein Tractatus - Interlude series, de 1992, parte de material parecido, feito por famílias judias húngaras antes da Segunda Guerra, com uma narração que revisita algumas das proposições doTractatus Logico-Philosophicus (1922), de Ludwig Wittgenstein. O filme, narrado em inglês, pode ser visto na íntegra no arquivo acima. Péter Forgács vive e trabalha em Budapeste.

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Ludwig Wittgenstein, um dos mais influentes filósofos da linguagem e pensador incontornável para a compreensão de parte da poesia contemporânea. Recomendamos aos brasileiros, além da leitura das Investigações Filosóficas (1953) e do próprio Tratado Lógico-Filosófico, do austríaco, também A Escada de Wittgenstein, de Marjorie Perloff, publicado nos Estados Unidos em 1996 com o título Wittgenstein´s Ladder.  No Brasil: A ESCADA DE WITTGENSTEIN :A Linguagem Poética e o Estranhamento do Cotidiano, tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Elisabeth Rocha Leite, lançado pela EDUSP.

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