Soube ontem da morte do crítico de arte norte-americano Thomas McEvilley, nascido em Cincinatti em 1939, e falecido a 2 de março deste ano, sábado. Foi um destes dínamos de formação sólida e curiosidade inteligente, interessado em arte, poesia, história. Recomendo a leitura de Art & Discontent (1991), no qual há um ensaio brilhante intitulado "Heads It´s Form, Tails It´s Not Content", ou seja: "Cara é Forma, Coroa Não É Conteúdo". Não sei exatamente que palavras usar para convencê-lo a ler o ensaio, apenas posso dizer que ele está disponível, neste link logo abaixo:
Citando poetas como Wallace Stevens e Frank O´Hara, mas partindo de uma discussão da crítica formalista de Clement Greenberg, Michael Fried e outros, Thomas McEvilley criou neste ensaio um dos textos mais inteligentes e sarcásticos contra certa ideologia da "autonomia estética da obra de arte".
Como aquela que vem disfarçada na teoria da "trans-historicidade" e "poema pós-utópico", de Haroldo de Campos, naquele ensaio que é, sem dúvida, o momento mais constrangedor na carreira crítica do grande poeta paulistano.
.
.
.
Um comentário:
Ótima recomendação, Ricardo, o texto é de fato brilhante - (es)clarecedor.
Não que tenha relação direta com um texto meu intitulado Brevíssimo elogio da literatura e do imaginário, mas talvez meu texto te interesse pelo assunto, e por ser curto, heurístico, aforismático, incluo-o aqui, na íntegra:
Brevíssimo elogio da literatura e do imaginário
As quatro dimensões da arte:
A literatura está para a imaginação assim como a música está para o tempo, a arquitetura para o espaço e o entretenimento para o virtual.
Talvez não em ordem cronológica ou ontológica, mas em ordem de importância, o imaginário seria a primeira dimensão da arte, possivelmente a primeira dimensão humana; o virtual, a última – a mais desumana?
Ouro-de-tolo:
É possível que o virtual derive sua pobreza, seu automatismo – seu status fantasmal –, do fato de não pertencer à ordem do dado (given), mas à ordem do criado. Como consequência ou não dessa limitação (uma limitação gnóstica ou demiúrgica; para a maioria, herética), das quatro dimensões da arte, ele seria, contra o senso comum, a mais limitada, uma vez que dá o máximo (de conteúdo) pelo mínimo (de esforço), sendo o máximo só superfície, simulacro, ou, se se preferir os irmãos Grimm a Baudrillard, ouro-de-tolo.
A superioridade indisputável da literatura:
A superioridade indisputável da literatura (ou da poesia, afinal toda grande literatura, toda grande arte, é poesia) está simplesmente – não havendo nada simples nisso – no fato de ela usar, moldar e estimular no mais alto grau a dimensão do imaginário.
Argumento indisputável a favor da primazia do imaginário sobre as demais dimensões artísticas:
Tente imaginar o contrário ;-)
P.S.: O textp sai em breve pelo Portal Musa Rara.
Grande abraço!
Postar um comentário