Mesmo a memória mingua,
amarelam-se as fotos, acovardam-se,
querem também morrer, e as paredes
onde agarram-se, tal como o último
dedo que tenta fincar-se no parapeito
antes que o corpo caia, carcomem-se,
são comidas pelos ratos, os guaxinins,
e sobra, por fim, apenas o cálcio
que, aos poucos, devolvemos
também à terra, que gira,
se esfria.
Ricardo Domeneck, no hotel, Frankfurt, 20 de março de 2013.
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Grey gardens (1975), de David & Albert Maysles
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Fotografia da holandesa Rineke Dijkstra, que tem retrospectiva
no Museu de Arte Moderna de Frankfurt neste momento.
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