CONFISSÃO
(1964–1985)
William Zeytounlian
“– come
si chiama la tua ragazza?
– Margherita”.
P.
P. Pasolini
toda
a conta
feita:
ato final,
evidência
contrafeita.
eu
sou
o
cálice
sacrificial.
eu
sou
o
cálice
sacrificial
no
altar.
eu
sou
o
cálice
sacrificial
no
altar
e
seu
próprio
conteúdo.
eu
sou
o
bode
à
borda
da
faca,
eu
sou
o
homem
desnudo.
eu
sou
o
grito
eu
sou
o
grito
inquieto
eu
sou
o
grito
inquieto
que
busca
o
ouvido.
eu
sou
o
grito
inquieto
que
busca
o
ouvido
que
busca
o
gozo.
eu
sou
o
gozo.
eu
sou
o
gozo
atroz.
eu
sou
o
gozo
atroz
e
inquieto.
eu
sou
o
gozo
atroz
e
inquieto
do
algoz;
do
algoz
inquieto.
eu
sou
o
esquecido
eu
sou
a
areia
que
me
enterra.
eu
sou
a
cova
que
se
encerra.
eu
sou
este
objeto
decorativo
este
abjeto
esquecido
pendendo.
eu
sou
esta
gota
que
me
escorre
eu
sou
esta
gota
que
me
escorre
agora.
eu
sou
o
sonho
que
se
esgota
o
sonho
que
se
esgota
em
mim.
eu
sou
a
encruzilhada
de
acertos,
o
emblema
do
escrúpulo
um
gesto,
a
vida nua.
eu
sou
o
erro
da
virtude.
eu
sou
a
minha
dúvida.
Um comentário:
Muito bem escrito e profundo.
Postar um comentário