Muita coisa incomoda na carne que começa a afrouxar-se aqui e ali, no cabelo que vai se embranquecendo. Mas há uma coisa que deviam ter-me dito sobre a idade: que eu leria, um dia, pela primeira vez, aquilo que já havia lido centenas de vezes antes. Deveria dizer: ler "como se" pela primeira vez, mas isso não faz jus à coisexperiência. E aquilo que parecia até mesmo ter perdido o lustro por ter-se tentado acender tantas vezes, e críamos ter entendido, e o tínhamos, mas não compreendido, de repente se ilumina imenso. Ler é uma duração tamanha. Quantos dias dura ler "Tudo no mundo começou com um sim"? Quantos dias dura ler "É cuidar que se ganha em se perder"? E jamais esquecer: é bom, não quer o mal. "Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
Berlim, 25 de agosto (mês de desgosto) de 2014.
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