quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Vesgo em Vigo, atendo meu amigo

1

Aqui em Vigo,
eu meço o nível:
chega já o dilúvio.
Aprendamos hinos
como nos códices
de Martim Codax e
do rei-cantor, Dinis.
Afundaremos mais
juntinhos, e felizes.

2

Deixa-os querer ser Pounds,
deixa-os querer ser Virgílios.
Cantarei como Meendinho
o teu mindinho e o teu pau.

Com Codax, aqui, em Vigo,
espero como Dom Dinis
venha o amigo, sano e vivo,
venha o amado, vivo e sano.

Cadê as flores, cadê as flores
do seco pinho?

Cadê as flores, cadê as flores
do seco ramo?

3.

Temo
aqui na ermida
de San Simion
as ondas
enquanto atendo
meu amigo.
Que me
cerquem
em breve
teus braços,
ó Moço,
que também
grandes son!

4.
Não vê o amado
que, de um lado,
secou-se a água,
camará, potável?

Não ouve o amigo
como sobe o nível
dos mares salinos?
És surdo, querido?

Já está quase submersa Vigo.
Serás um dos escafandristas?

Façamos como os pinguins
que memorizam os timbres
dos seus parceiros
e os acham no gelo.

Há-de servir-nos enfim
na secura do deserto.

5.

É-me chegad´um fax
por meu colega Codax,
há voltado meu amigo.

E irey, madr' ao Berlimbo!

É-me chegad´um tuitaço
do meu colega Meendinho,
há voltado meu amado.

E irey, madr' ao Berlimbo!

6.

És um bárbaro não-latino
nesse degelo sem pinguins,
então, repete só, comigo,
e reconhecerei teus timbres:

"Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo?
Ei ai Deus! Se verra cedo?

Ondas do mar levado, se vistes meu amado?
Ei ai Deus! Se verra cedo?

Se vistes meu amigo, o por que eu sospiro?
Ei ai Deus! Se verra cedo?

Se vistes meu amado, o por que ei gran coidado?
Ei ai Deus! Se verra cedo?"




.
.
.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog