sexta-feira, 31 de julho de 2020

Frederico Klumb lê um de seus poemas

Gravei esse vídeo com o amigo Frederico Klumb em minha última passagem pelo Rio de Janeiro, no qual ele lê um de seus poemas inéditos. Klumb é poeta, prosador e cineasta, nascido carioca [não é culpa dele] em 1990.

 

[Dos marinheiros]
Frederico Klumb

Dos marinheiros 
costuma-se dizer 
entre a terra e os navios 
que por amarem demais o mar 
precisam dos portos 
do chão mínimo 
o metal os contêineres pesando o rijo 
a única noite capaz de cessar o balanço 
do casco quando é seu trabalho perder-se de vista 
 
Dos marinheiros 
costuma-se dizer que é nos portos 
que encontram suas pernas seu peso 
o que sentir além de azul azul azul  
e amanhã azul 
dos marinheiros  
há muitas fotos espalhadas 
não são tão belas quanto as antigas 
são fotos de metal são fotos gigantescas 
são fotos do homem na proa 
no limite do que ainda pode ser visto 
antes do céu do mar navio 
cinza 

Ao olhar agora a fotografia de um marinheiro 
pensei comigo 
é ele e não a terra 
é ele, o continente 


Arena (2016), é um exemplo do seu trabalho visual. Nossa colaboração num vídeo também pode ser vista na revista Escamandro, para a peça sonora de Francisco Bley baseada em um poema meu.



Abaixo, um retrato que roubei do homem na Vila Isabel em 2018.

Ricardo Domeneck - "Frederico Klumb na Vila Isabel", 2018

Num poema-carta em forma de retrato, dedicado a ele e ainda inédito, encerro com os versos:

                  "ninguém apaga o incêndio 
                   que floresce 
                   na fiação capenga dos nossos sótãos."

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