Gravei esse vídeo com o amigo Frederico Klumb em minha última passagem pelo Rio de Janeiro, no qual ele lê um de seus poemas inéditos. Klumb é poeta, prosador e cineasta, nascido carioca [não é culpa dele] em 1990.
[Dos marinheiros]
Frederico Klumb
Dos marinheiros
costuma-se dizer
entre a terra e os navios
que por amarem demais o mar
precisam dos portos
do chão mínimo
o metal os contêineres pesando o rijo
a única noite capaz de cessar o balanço
do casco quando é seu trabalho perder-se de vista
Dos marinheiros
costuma-se dizer que é nos portos
que encontram suas pernas seu peso
o que sentir além de azul azul azul
e amanhã azul
dos marinheiros
há muitas fotos espalhadas
não são tão belas quanto as antigas
são fotos de metal são fotos gigantescas
são fotos do homem na proa
no limite do que ainda pode ser visto
antes do céu do mar navio
cinza
Ao olhar agora a fotografia de um marinheiro
pensei comigo
é ele e não a terra
é ele, o continente
Arena (2016), é um exemplo do seu trabalho visual. Nossa colaboração num vídeo também pode ser vista na revista Escamandro, para a peça sonora de Francisco Bley baseada em um poema meu.
Abaixo, um retrato que roubei do homem na Vila Isabel em 2018.
Ricardo Domeneck - "Frederico Klumb na Vila Isabel", 2018
Num poema-carta em forma de retrato, dedicado a ele e ainda inédito, encerro com os versos:
que floresce
na fiação capenga dos nossos sótãos."
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