de santos e sábios
os céus
têm os seus sabiás
e assuns.
só as aves sãs
são os anjos
que nos cabem,
nos sabem.
na igreja homens
egressos do barro
de novo são barro
cozido e pintado.
mas de Pedro
vejo o velho
vivo de cabeça
para baixo,
de Sebastião
vejo o jovem
que era são
antes das setas
e Francisco todo,
são e sanado,
canta ao lobo
-guará e suindara.
São Barro,
rogai por nós,
somos só
roupa e borra.
o que difere
seu João
de
São João?
o que difere
‘ave, Maria’
de
‘vai, Maria’?
o cardeal
a quem peço
a bença
é o pássaro,
o sol no mar
é meu Lázaro
e é você o sal
da minha terra.
seja sã, Maria,
seja são, João,
nessa febre
terçã do chão
enquanto
no céu, suave
e só,
vai a ave.
*
Imagem: quatro trabalhos do holandês Albert Eckhout (1610–1665) para a ornitologia brasileira.
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