1.
Deitamos em forma de concha
e as curvas de nossas colunas,
com essa minha pança ao meio,
soletram SOS a Deus e a drones.
Na pele não há qualquer corte
mas, como a alfaiate ou médico,
algo em nós implora por sutura.
2.
Não nos importa o tal Aristófanes,
suas lorotas num velho banquete.
Nós quase já somos aquela bolota
de quatro braços, quatro pernas,
como no leito do mar os polvos,
enfurnados aqui, em sua quitinete.
3.
Um pedaço de nós entra no outro,
como o anzol na boca do peixe,
como a flecha na carne da onça.
Quisera fôssemos aptos à osmose.
Ainda lateja em nós o descorçôo
de não amanhecermos siameses.
4.
Meu dedo se acopla ao côncavo
do seu umbigo. É um molusco
que busca esconderijo num coco.
Fisgada que enrijece um músculo.
Satélites de satélites, em órbita
de si, a rotação de nossas bundas.
5.
Inspeciono em seu braço direito,
qual cratera de meteoro na lua
cheia, sua cicatriz de uma vacina.
É uma Lagoa Rodrigo de Freitas
cheia do seu suor e minha saliva.
6.
Como a Maomé veio a montanha,
até mim há-de vir o seu bíceps.
Minha testa, sobrancelhas e nariz
celebram bodas, glória!, aleluia!,
com sua cerviz, cangote e nuca.
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