sábado, 24 de abril de 2021

EXALÇAÇÃO DE MAXIMIN, MÁXIMO-ALFA

Há uma semana, topei com Maximin pós mais-de-ano sem ver a geringonça. Não havia mudado o contador de vantagens. E como eu sou ridícula, mal o vi e já borbulhou outra ode na boca.

EXALÇAÇÃO DE MAXIMIN, MÁXIMO-ALFA

Bem sei, Maximin, que és campeão 
em tudo, sobre todos.

Quando chegas, o peito-balão 
qual galo-de-briga, os outros 
machos 
se contorcem no salão, prontos 
à escaramuça.

Boquiaberto, assisto à violência lactante 
dos cachorros jovens.

Hermafrodisíaca e viagrátis
é a vigia desses rituais 
de recorrente eleição à chefia da matilha
e eu sou a Xerazade 
desse rodízio 
dos reis de uma-só-noite.

Levo à orelha o telescópio, 
ergo aos olhos a corneta acústica. 
À vossa santidade, Maximin, faço  
de padê minhas oferendas.

Tu então fazes o exórdio 
do épico-de-ti-mesmo,
hino das vantagens que cantas, 
encomiástico 
de tuas próprias falcatruas. 

Se não existisses, eu
teria que te inventar como te invento.

Canta-te a ti mesmo, ó grão-tão
Maximin, eu te escuto. 
Que proezas relatas hoje à Eclesia? 

Sim, é óbvio que a Chomolungma 
e o Aconcágua tu já escalaste. 
Cruzaste o Mar Cáspio e Egeu a nado, 
também o Titicaca e o Tanganica. 
Foste antes de Peary ao Polo Norte,
ao Polo Sul antes de Amundsen.

Grandes são teus feitos, Maximin.
Agora escala-me e cruza-me,
finca a haste da tua bandeira 
nos meus poros Norte e Sul.

Faz de mim sobre este colchão de molas 
a Rosa-dos-Ventos.

Sou o último Oceano e Deserto 
que sobrepões e sobrepujas,
ó Argonauta-dos-vaus-de-córrego,
ó Cantagalo, ó mentiroso-mor,
teu é meu louvor compulsório,
ainda que não me engambeles.

Ninguém te cultua como a ti cultuo.
Ninguém me cutuca como a mim cutucas.

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