Há uma semana, topei com Maximin pós mais-de-ano sem ver a geringonça. Não havia mudado o contador de vantagens. E como eu sou ridícula, mal o vi e já borbulhou outra ode na boca.
EXALÇAÇÃO DE MAXIMIN, MÁXIMO-ALFA
Bem sei, Maximin, que és campeão
em tudo, sobre todos.
Quando chegas, o peito-balão
qual galo-de-briga, os outros
machos
se contorcem no salão, prontos
à escaramuça.
Boquiaberto, assisto à violência lactante
dos cachorros jovens.
Hermafrodisíaca e viagrátis
é a vigia desses rituais
de recorrente eleição à chefia da matilha
e eu sou a Xerazade
desse rodízio
dos reis de uma-só-noite.
Levo à orelha o telescópio,
ergo aos olhos a corneta acústica.
À vossa santidade, Maximin, faço
de padê minhas oferendas.
Tu então fazes o exórdio
do épico-de-ti-mesmo,
hino das vantagens que cantas,
encomiástico
de tuas próprias falcatruas.
Se não existisses, eu
teria que te inventar como te invento.
Canta-te a ti mesmo, ó grão-tão
Maximin, eu te escuto.
Que proezas relatas hoje à Eclesia?
Sim, é óbvio que a Chomolungma
e o Aconcágua tu já escalaste.
Cruzaste o Mar Cáspio e Egeu a nado,
também o Titicaca e o Tanganica.
Foste antes de Peary ao Polo Norte,
ao Polo Sul antes de Amundsen.
Grandes são teus feitos, Maximin.
Agora escala-me e cruza-me,
finca a haste da tua bandeira
nos meus poros Norte e Sul.
Faz de mim sobre este colchão de molas
a Rosa-dos-Ventos.
Sou o último Oceano e Deserto
que sobrepões e sobrepujas,
ó Argonauta-dos-vaus-de-córrego,
ó Cantagalo, ó mentiroso-mor,
teu é meu louvor compulsório,
ainda que não me engambeles.
Ninguém te cultua como a ti cultuo.
Ninguém me cutuca como a mim cutucas.
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