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quinta-feira, 29 de abril de 2021

Leitura em Curitiba em novembro de 2019 [com Dirceu Villa] em gravação da Catatau Filmes

 


Esta filmagem de Gregório Camilo e da Catatau Filmes foi feita durante uma leitura em Curitiba, Paraná, na Mímesis Conexões Artísticas em novembro de 2019, um mês antes de eclodir na China o vírus que tornaria impossíveis noites como essa. 

Na mesma noite leram também Dirceu Villa, que me convidou para o evento e tem sua leitura também registrada no filme, e Jussara Salazar. Meu agradecimento à Catatau Filmes, que mantém seu trabalho cinematográfico bem rente dos poetas.

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sábado, 24 de abril de 2021

EXALÇAÇÃO DE MAXIMIN, MÁXIMO-ALFA

Há uma semana, topei com Maximin pós mais-de-ano sem ver a geringonça. Não havia mudado o contador de vantagens. E como eu sou ridícula, mal o vi e já borbulhou outra ode na boca.

EXALÇAÇÃO DE MAXIMIN, MÁXIMO-ALFA

Bem sei, Maximin, que és campeão 
em tudo, sobre todos.

Quando chegas, o peito-balão 
qual galo-de-briga, os outros 
machos 
se contorcem no salão, prontos 
à escaramuça.

Boquiaberto, assisto à violência lactante 
dos cachorros jovens.

Hermafrodisíaca e viagrátis
é a vigia desses rituais 
de recorrente eleição à chefia da matilha
e eu sou a Xerazade 
desse rodízio 
dos reis de uma-só-noite.

Levo à orelha o telescópio, 
ergo aos olhos a corneta acústica. 
À vossa santidade, Maximin, faço  
de padê minhas oferendas.

Tu então fazes o exórdio 
do épico-de-ti-mesmo,
hino das vantagens que cantas, 
encomiástico 
de tuas próprias falcatruas. 

Se não existisses, eu
teria que te inventar como te invento.

Canta-te a ti mesmo, ó grão-tão
Maximin, eu te escuto. 
Que proezas relatas hoje à Eclesia? 

Sim, é óbvio que a Chomolungma 
e o Aconcágua tu já escalaste. 
Cruzaste o Mar Cáspio e Egeu a nado, 
também o Titicaca e o Tanganica. 
Foste antes de Peary ao Polo Norte,
ao Polo Sul antes de Amundsen.

Grandes são teus feitos, Maximin.
Agora escala-me e cruza-me,
finca a haste da tua bandeira 
nos meus poros Norte e Sul.

Faz de mim sobre este colchão de molas 
a Rosa-dos-Ventos.

Sou o último Oceano e Deserto 
que sobrepões e sobrepujas,
ó Argonauta-dos-vaus-de-córrego,
ó Cantagalo, ó mentiroso-mor,
teu é meu louvor compulsório,
ainda que não me engambeles.

Ninguém te cultua como a ti cultuo.
Ninguém me cutuca como a mim cutucas.

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sábado, 16 de janeiro de 2021

Mais dois poemas para as 'Odes a Maximin'

Mais dois poemas para as 'Odes a Maximin'. Se você tem o livro, sinta-se à vontade para manuscrever estes no volume. Se não o tem, ora, está na hora de comprá-lo para aquela amiga assanhada nesse Natal.



EXORTAÇÃO A MAXIMIN PARA QUE NÃO SEJA SÁDICO FEITO O CUPIDO

Maximin, larga desse látego.
Dá-nos um só bom exemplo
para que o cupido fanático
derrube por algumas horas
o arco e flecha de brinquedo.
Dê paz aos tolos do planeta.
Olha o estado dessa carcaça,
alvo para treino de arqueiros.
Tudo lateja. Põe o teu dedo
numa dessas minhas feridas
que fulgem como lantejoulas.
Faz como Tomé fez a Cristo.
Aproxima tua pele de azulejo,
move os teus dedos grossos
como troncos de peroba-rosa
e aperta aqui. Não é chacra,
é minha doença de mil chagas.
Não aquela do bicho-barbeiro.
A que causas, bicho barbado.

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TEXTO NO QUAL O POETA INTERPELA MAXIMIN COMO ABŪ NUWĀS NA CAÇA À RAPOSA

Vez tanta, Maximin, tu me escapas.
De novo, de novo, e de novo.

Te rodeio pelas ruas como vira-lata
à espera de carne sem ossos.

Te sobrevoo como pássaro na mata
à espera da páscoa em ovos.

Mas na noite em que já me inflamava,
gozo em Gomorra qual o fogo. 

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domingo, 29 de novembro de 2020

Quatro poemas novos para o livro 'Odes a Maximin' (2018)


Meu livro 'Odes a Maximin' foi lançado pela Garupa Edições em 2018, com desenhos do artista alemão David Schiesser. Nos últimos 2 anos, acabei por escrever quatro outros poemas que numa futura edição passarão a fazer parte do livro. Eles seguem abaixo.


A CADEIA ALIMENTAR DE MAXIMIN

Pena, rapaz, é não pertencermos
à tradição semítica para que louve
tuas pernas como as da gazela.
Se não há tais bichos no território,
não é rijo o cervo-do-pantanal?
Cairá mal comparar esse teu torso
maciço à musculatura das antas?
Se não como leão, pois qual onça
rondas meu habitat. Eu, capivara
a latir de amor seu destino de presa
nas águas onde, sardento, pairas.

*

MAXIMIN ENTRE OS MINOANOS

Nu, deitado nessa cama com lençol claro,
não sei, Maximin, se és o touro alvo
de Possêidon para Minos, ou o Minotauro.
Eu me mantenho jocastamente coesa:
sou o útero que pariu tua cabeça bovídea
e a que usufruiu o sêmen quadrúpede,
graças a Dédalo arriada numa vaca lígnea.
Zoofílica saciei em coito esse deleite.
Mas uma novidade sei trazermos ao mito:
és livre. Sou eu a detenta do labirinto.

*

CARTA A MAXIMIN ESCRITA NA CAMA COMO SE ESTA FOSSE UM MONASTÉRIO 

Qual monge budista
com as mangas úmidas 
do samue no templo 
choraria por seu chigo

Maximin, eu te digo:

nessa tua longa ausência,
muitas vezes a raposa
já cruzou sozinha 
a lua no asfalto chuvoso.

*

MAXIMIN, ÚNICO

Com frequência,
habitantes minúsculos
do nosso planeta,
vírus e bactérias,
põem de joelhos
a nossa civilização.

Em meio ao pânico 
e ao isolamento
das mil pandemias,
Maximin, ajoelho-me
eu mesmo, e adoro
tua multicelularidade.

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