quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Após ler sobre a descoberta, e confirmação científica, dos ossos de Ricardo III sob um estacionamento público.

Ossos de Ricardo III, expostos após confirmação genética.


Ao meu xará corcunda

                “Now is the winter of our discontent
                  Made glorious summer by this son of York”
                                                   Shakespeare

Morte estende-se humilhante e dura,
se começa nos campos de Bosworth,
em batalha, termina com arqueólogos,
a um da casa de York e/ou corcunda.
Planta precede concreto, Plantagenet,
e, do reino, restam indícios genéticos.
Auden disse, de Yeats, que ao poeta
virar seus admiradores é o que resta.
Mesmo a um rei tudo que se reserva,
pior, é transformar-se nos detratores.
Jamais saberemos se vilão de Tudors
ou só psicopata ordinário, frequência
dos regentes da época, e hodiernos.
Confesso, em Shakespeare, odiar-te
é um prazer imenso, torcer que reino
não valha cavalo, ou sequer um jegue.
Mas, eis teus ossos, Ricardo Terceiro.
Enfim iguais: naquilo que nos sobeja,
ainda que murmures, tal qual Heine,
"Quem dera fossem os teus, Ricardo"

Ricardo Domeneck, Berlim, madrugada de 05 de fevereiro de 2013.

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