Rio de Janeiro: estarei hoje à noite com uma caixinha cheia de exemplares do meu "Medir com as próprias mãos a febre" (RJ: Editora 7Letras, 2015) a partir das 21:00 no BAR DAS QUENGAS (Avenida Mem de Sá, 175). Venha, compre um livro, e bebamos algo juntos.
GRATO de verdade aos amigos que puderem vir e também me ajudar a espalhar o local. Venham mesmo que não possam comprar o livro. Afinal, tudo nessa vida é negociável e o nome do lugar já diz tudo.
sábado, 26 de setembro de 2015
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
domingo, 13 de setembro de 2015
Obcecado com uma fotografia de Serguei Maksimishin
Desde que vi esta fotografia do russo Serguei Maksimishin, nascido em 1964, em sua exposição solo no Festival Artes Vertentes deste ano, estou obcecado com ela. Não me sai da cabeça.
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sábado, 5 de setembro de 2015
Após visitar a casa de Paul Celan, em Czernowitz
Esta manhã, visitei o jardim da casa onde Paul Celan nasceu, em Czernowitz, na Ucrânia. Terra de fronteiras fluidas, a cidade pertencia ao Reino da Romênia à época. Li Celan pela primeira vez quando tinha cerca de 20 anos. Há muito tempo venho querendo escrever um ensaio sobre a estranha fortuna crítica do poeta na Alemanha e fora dela. Na verdade, a estranheza vem justamente da comparação entre como Celan é lido dentro do seu espaço linguístico e fora dele. Mas, por ora, estou sob o impacto de ter visitado sua casa, sua rua, e ouvido seus tradutores russo (Mark Belorusetz, que também traduziu meus poemas para o festival onde estou) e ucraniano (Petro Rychlo), lendo poemas do livro Die Niemandsrose (1963), em alemão, ucraniano e russo. Rychlo acaba de publicar sua tradução ucraniana integral, em volume bilíngue, deste livro decisivo na obra de Celan.
Decidi então preparar uma postagem dedicada a Celan na Modo de Usar & Co., com minha tradução para o "Todesfugue". Tenho uma tradução também para o "Engführung", mas esta ainda não ouso mostrar. Traduzir Celan é responsabilidade tamanha. Na minha tradução para "Todesfugue", da qual já publiquei um par de versões em locais diversos, tento apontar para outros possíveis caminhos, pois que o poema já foi recepcionado algumas vezes em nossa língua.
No entanto, procurando uma fotografia de Celan para a postagem na Modo, deparei-me uma vez mais com aquela bela foto do poeta aos 18 anos, em uma fotografia de escola, antes da Catástrofe, fotografia que sempre me tocou muito, pela beleza do jovem poeta, sua aparente alegria, o futuro, o futuro prometido.
Um Celan feliz, ainda com os pais. Em casa. Em sua cidade natal. A sinagoga ainda estava de pé, como sinagoga. Foi então que me lembrei de um poema que escrevi em 2003, quando estava apaixonado por outro rapaz judeu (alemão, mas também de origem ucraniana). Lembrei-me que, ao entrar na Torre do Holocausto no Museu projetado por Liebeskind, chorei pensando que aquele menino, que eu amava, teria encontrado o mesmo destino 60 anos antes. Não é querer personalizar uma tragédia que jamais poderei verdadeiramente compreender. Nenhum de nós o pode. Apenas os sobreviventes. Mas era, parecia-me, a única maneira de não deixar a Catástrofe no campo do abstrato, dos números, das estatísticas. E foi mais forte que eu.
Reproduzo-o abaixo. Foi publicado em meu primeiro livro, Carta aos anfíbios (Rio de Janeiro: Editora Bem-Te-Vi, 2005).
Reproduzo-o abaixo. Foi publicado em meu primeiro livro, Carta aos anfíbios (Rio de Janeiro: Editora Bem-Te-Vi, 2005).
Na contingência de suas mãos
a quem mais
importaria que as mãos
de Philipp Naujoks
pareçam-se
com as de Paul Celan
em uma foto aos 18 anos
senão a mim que as
amo feitas em sua forma
corporal de coisas
naturais busco dar-lhes
um significado para
que passem a existir
e digo: “eu
vejo nelas o partir
do pão de minhas
expectativas” e quando
elas em acidentes
deliberados tocam-me
sei do sangue correndo
para irrigar obediente
minha pele
sob o jugo destas
mesmas
mãos
cujas feições e textura
reconheço entre as
centenas já vividas
a ponto de revê-las
nas mãos deste
morto
que escreveu “esta mão
que beijei alumia-se
às bocas” e murmurar
para mim mesmo na
escuridão da gengiva
a semelhança de unhas
dedos carpos oito
ossos
dispostos
em duas fileiras
e fechar os olhos e cerrar
os dentes e pensar quando
novamente se contingências
excedem sua escala de
permanência e atrevem-se
a querer mais como todos
nós dizemos mais cedo
ou mais tarde não
queria que acabasse
mas o tempo
todo a água entornando
de um copo para
o rio e o braço
levando o copo de
volta à água provam que
continente e conteúdo
em certos momentos
confundem-se
(o prazer descarta-os)
para nossa vitória
§
in Carta aos anfíbios (Rio de Janeiro: Editora Bem-Te-Vi, 2005).
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quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Dos satyricus: "Poema do mais triste miojo"
Rocirda Demencock no alto do Mosteiro da Cúpula Dourada de São Miguel,
em Kiev, na Ucrânia. Foto de Alexander "Sasha" Burlaka.
Poema do mais triste miojo
Manuel Bandeira
Derretendo nas estepes,
sem cossacos, a galope,
que venham, o sequestrem,
o poeta velho toma borche
e sonha com os jovens
monges de batina, feéricos,
que ele viu no monastério.
Ele ora: "Senhor, que o céu
um dia seja azul-turquesa
como, naqueles senhores,
as suas impecáveis vestes,
os incorruptíveis corpos."
E exorta: "Ide preparando
-vos, meus filhos e irmãos.
Se até mesmo o Bandeirão
finou em muxoxo sobre cardo,
como haveis de pururucar-vos,
pensais? Feito saltimbancos?
Quiçá vestindo saltimbarca.
Quede meios pra cardo, pirão?
Miojo custará olhos da cara.
Rocirda Demencock. Carcóvia (Kharkiv), Ucrânia - 2 de setembro de 2015.
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