quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Dos satyricus: "Poema do mais triste miojo"


Rocirda Demencock no alto do Mosteiro da Cúpula Dourada de São Miguel, 
em Kiev, na Ucrânia. Foto de Alexander "Sasha" Burlaka.


Poema do mais triste miojo

                "Pungem fundo as puas do cardo."
                                       Manuel Bandeira 

Derretendo nas estepes,
sem cossacos, a galope,
que venham, o sequestrem,
o poeta velho toma borche
e sonha com os jovens
monges de batina, feéricos,
que ele viu no monastério.

Ele ora: "Senhor, que o céu
um dia seja azul-turquesa
como, naqueles senhores,
as suas impecáveis vestes,
os incorruptíveis corpos."
E exorta: "Ide preparando
-vos, meus filhos e irmãos.

Se até mesmo o Bandeirão
finou em muxoxo sobre cardo,
como haveis de pururucar-vos,
pensais? Feito saltimbancos?
Quiçá vestindo saltimbarca.
Quede meios pra cardo, pirão?
Miojo custará olhos da cara.


Rocirda Demencock. Carcóvia (Kharkiv), Ucrânia - 2 de setembro de 2015.

.
.
.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog