"Detenhamo-nos, mais um instante, na aranha. O que acontece nos fios da teia? Acontecem moscas, outras aranhas, as catástrofes que rasgam os fios. E, no centro da teia, acontecimento inalcançável teicamente, acontece a própria aranha secretadora da teia e dona da teia, livre de deslocar-se ao longo dos fios para devorar moscas, copular com outras aranhas, combater outras aranhas e consertar estragos introduzidos na teia por catástrofes. Podemos, então, distinguir, basicamente, as seguintes modalidades ontológicas, as seguintes formas do Ser: mosca, outra aranha, catástrofe destruidora, e, com toda a sua problemática teica, a própria aranha. A aranha civilizada, no sentido ocidental do termo, tenderá a menosprezar a diferença entre mosca e outra aranha, considerando a outra aranha como uma espécie de mosca; ela tenderá a explicar as catástrofes destruidoras da teia como sendo supermoscas que não podem ser suportadas pela teia (provisoriamente, já que a teia cresce e se fortifica e acabará suportando moscas de todo tamanho); enfim, tenderá a considerar o mundo metateico como um reservatório, um vir-a-ser de moscas. A aranha materialista ensinará que a mosca é a tese e a própria aranha a antítese do processo dialético que se desenvolve nos fios da teia, tendo sido alcançada a última síntese quando a própria aranha tiver devorado todas as moscas. A aranha hegeliana afirmará que a aranha pressupõe a mosca e que o processo dialético é uma progressiva aranhanização do mundo-mosca, portanto fenomenal, e que, consequentemente, o devorar da mosca equivale à realização da mosca. A mosca devorada como mosca realizada: eis a última síntese, a total realização, por aranhanização, das moscas. A aranha heideggeriana considerará a mosca a ser devorada como a condição (Bedingung) da situação aranhal, e o cadáver da mosca já chupada como testemunha (Zeug) da passagem da aranha pelo mundo mosca!… Estes três tipos de especulação ocidental, e outros semelhantes, são caracterizados por um aranhismo extremo, já que aceitam a teia como fundamento da realidade sem discutir a própria teia. O aranhismo é inevitável para as aranhas, mas a discussão da teia é aranhamente possível. Essa discussão torna viável uma visão mais apropriada não somente da mosca, mas da própria aranha."
– Vilém Flusser, in "A Dúvida"
SEXTILHAS
Fagundes Varela (1841–1875)
Amo o cantor solitário
Que chora no campanário
Do mosteiro abandonado,
E a trepadeira espinhosa
Que se abraça caprichosa
À forca do condenado.
Amo os noturnos lampírios
Que giram, errantes círios,
Sobre o chão dos cemitérios,
E ao clarão de tredas luzes
Fazem destacar as cruzes
De seu fundo de mistérios.
Amo as tímidas aranhas
Que, lacerando as entranhas,
Fabricam dourados fios,
E com seus leves tecidos
Dos tugúrios esquecidos
Cobrem os muros sombrios.
Amo a lagarta que dorme,
Nojenta, lânguida, informe,
Por entre as ervas rasteiras,
E as rãs que os pauis habitam,
E os moluscos que palpitam
Sob as vagas altaneiras.
Amo-os, porque todo o mundo
Lhes vota um ódio profundo,
Despreza-os sem compaixão.
Porque todos desconhecem
As dores que eles padecem
No meio da criação.
*
É O SILÊNCIO
Pedro Kilkerry (1885–1917)
É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada livro que olha.
E a luz nalgum volume sobre a mesa...
Mas o sangue da luz em cada folha.
Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas... Comovido
Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse teu passo,
Asa que o ouvido anima...
E a câmara muda. E a sala muda, muda...
Àfonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda
Novo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima...
.......................................................................
E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas... O dia
Tarde florescerá pela montanha.
E ó minha amada, o sentimento é cego...
Vês? Colaboram na saudade a aranha,
Patas de um gato e as asas de um morcego.
*
A ARANHA
Manuel Bandeira (1886-1968)
Não te afastes de mim, temendo a minha sanha
E o meu veneno… Escuta a minha triste história:
Aracne foi meu nome e na trama ilusória
Das rendas florescia a minha graça estranha.
Um dia desafiei Minerva. De tamanha
Ousadia hoje expio a incomparável glória…
Venci a deusa. Então, ciumenta da vitória,
Ela não ma perdoou: vingou-se e fez-me aranha!
Eu que era branca e linda, eis-me medonha e escura
Inspiro horror… Ó tu que espias a urdidura
Da minha teia, atenta ao que o meu palpo fia:
Pensa que fui mulher e tive dedos ágeis,
Sob os quais incessante e vária a fantasia
Criava a pala sutil para os teus ombros frágeis…
*
A ARANHA
Murilo Mendes (1901-1975)
*
DESENHO
Cecília Meireles (1901–1964)
Fui morena e magrinha como qualquer polinésia,
e comia mamão, e mirava a flor da goiaba.
E as lagartixas me espiavam, entre os tijolos e as trepadeiras,
e as teias de aranha nas minhas árvores se entrelaçavam.
Isso era num lugar de sol e nuvens brancas,
onde as rolas, à tarde, soluçavam mui saudosas...
O eco, burlão, de pedra em pedra ia saltando,
entre vastas mangueiras que choviam ruivas horas.
Os pavões caminhavam tão naturais por meu caminho,
e os pombos tão felizes se alimentavam pelas escadas,
que era desnecessário crescer, pensar, escrever poemas,
pois a vida completa e bela e terna ali já estava.
Como a chuva caía das grossas nuvens, perfumosa!
E o papagaio como ficava sonolento!
O relógio era festa de ouro; e os gatos enigmáticos
fechavam os olhos, quando queriam caçar o tempo.
Vinham morcegos, à noite, picar os sapotis maduros,
e os grandes cães ladravam como nas noites do Império.
Mariposas, jasmins, tinhorões, vaga-lumes
moravam nos jardins sussurrantes e eternos.
E minha avó cantava e cosia. Cantava
canções de mar e de arvoredo, em língua antiga.
E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos
e palavras de amor em minha roupa escritas.
Minha vida começa num vergel colorido,
por onde as noites eram só de luar e estrelas.
Levai-me aonde quiserdes! – aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.
*
TEIA
Theon Spanudis (1915–1986)
*
VISGO TÁTIL
Manoel de Barros (1916–2014)
O visgo tátil do canto é como
a aranha que urde sua doce alfombra
nas orvalhadas vaginas das violetas
*
FORMAS DO NU
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
1
A aranha passa a vida
tecendo cortinados
com o fio que fia
de seu cuspe privado.
Jamais para velar-se:
e por isso são ralos.
Para enredar os outros
é que usa os enredados.
Ela sabe evitar
que a enrede seu trabalho,
mesmo se, dela mesma,
o trama, autobiográfico.
E em muito menos tempo
que tomou em tramá-lo,
o véu que não a velou
aí deixa, abandonado.
2
Somente na metade
é aruá couraçado.
Na metade cimento,
na laje do telhado.
Porque apesar do teto
que o veste pelo alto,
o aruá existe nu,
nu de pele, esfolado.
Sua casa tem teto
mas não tem assoalho:
cai descalça no mangue,
chão também escoriado.
E o morador da casa
se mistura por baixo
com a lama já mucosa:
bicho e chão penetrados.
3
Que animais prezam o nu
quanto o burro e o cavalo
(que aliás em Pernambuco
jamais andam calçados).
A sela e a cangalha
deixam-nos sufocados
como se respirassem
também pelos costados.
É vê-los se espojar
na escova má do pasto
quando lhes tiram o arreio
e os soltam no cercado:
se espojando, têm todos
os gestos se asfixiado:
espasmos, estertores
de asmático afogado.
4
O homem é o animal
mais vestido e calçado.
Primeiro, a pano e feltro
se isola do ar abraço.
Depois, a pedra e cal,
de paredes trajado,
se defende do abismo
horizontal do espaço.
Para evitar a terra,
calça nos pés sapatos,
nos sapatos, tapetes,
e nos tapetes, soalhos.
Calça as ruas: e como
não pode todo o mato,
para andar nele estende
passadeiras de asfalto.
*
UMA ESPERANÇA
Clarice Lispector (1920–1977)
Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
Houve um grito abafado de um de meus filhos:
- Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
- Ela quase não tem corpo, queixei-me.
- Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
- Ela é burrinha, comentou o menino.
- Sei disso, respondi um pouco trágica.
- Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
- Sei, é assim mesmo.
- Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
- Sei, continuei mais infeliz ainda.
Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
- Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.
Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
- É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
- Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
- Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.
Houve um grito abafado de um de meus filhos:
- Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
- Ela quase não tem corpo, queixei-me.
- Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
- Ela é burrinha, comentou o menino.
- Sei disso, respondi um pouco trágica.
- Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
- Sei, é assim mesmo.
- Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
- Sei, continuei mais infeliz ainda.
Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
- Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.
Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
- É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
- Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
- Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.
*
A TEIA
Lara de Lemos (1925-2010)
A teia se tece
de grade sem ferro
do negro sem fresta
do muro sem pedra.
A teia se tece
do árduo da espera
do aço da espada
e sua ameaça.
A teia se tece
da fala da insídia
da rede que enreda
na mesma cilada.
A teia se tece
de liça, contenda
açoites, cobiça
invídia, solércia.
A teia se tece
de nomes antigos
de amigos perdidos
no elo das celas.
*
ARANHA
Lygia Pape (1927-2004)
*
ARANHA
Francisco Carvalho (1927–2013)
I
Medusa
tecelã dos fios
da morte.
Seus olhos de Górgona
dilaceram
o corpo do vento.
Transformam
em rochas de sal
os filhos do nosso invento.
II
Num raio de sol
os fios da teia.
Arquitetura de vidro
com vigas de areia.
O fulgor da trama
que o vento incendeia.
Numa gota de orvalho
os olhos da teia.
Medusa acordada
a aranha passeia
nas ruas de seda
do seu devaneio.
III
Arquiteta
dos minutos
fiandeira
do tempo circular
semeadora
das messes do vazio
ceifadora
de asas e de vôos
contemporânea
dos anjos e da morte.
*
UMA ARANHA
Ferreira Gullar (1930–2016)
ela surgiu não sei de onde
quando abri o Dicionário de Filosofia
de José Ferrater Mora
no verbete Descartes, René;) mi-
núscula
com suas muitas perninhas
quase invisíveis
cruzou a página 1305 como se flutuasse
(uma esfera de ar
viva)
e foi postar-se no alto
no limite entre o texto e a margem branca
enquanto eu
fascinado
indagava:
como pode residir
insuspeitado
nestas encardidas páginas
– em minha casa, afinal de contas –
um tal ser
mínimo mas vivo
consciente de si
(e como eu
parte do século XXI)
e que agora parece observar-me
tão espantado quanto estou
com este nosso inesperado encontro?
*
dos CANTARES DO SEM NOME E DE PARTIDAS
Hilda Hilst (1930–2004)
Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.
*
“A flor flore. A aranha tece. O uirapuru, no fundo da floresta, toca uma vez por ano sua flauta, para ninguém. O poeta poeta. Quer o vejam, quer não, ele pulsa. O pulsar quase mudo.”
– Augusto de Campos (n. 1931)
flor flore
a aranha tece
o poeta poeta
*
TEIA
Orides Fontela (1940–1998)
A teia, não
mágica
mas arma, armadilha
a teia, não
morta
mas sensitiva, vivente
a teia, não
arte
mas trabalho, tensa
a teia, não
virgem
mas intensamente
prenhe:
no
centro
a aranha espera.
.
.
.
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