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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Rubens Akira Kuana vocaliza Luca Argel

Rubens Akira Kuana


"Uma hora para as caixas de som pararem de funcionar", 
poema de Luca Argel vocalizado por Rubens Akira Kuana.


Luca Argel

Uma hora para as caixas de som pararem de funcionar
conheci você no banheiro da cantina
cantando muito alto uma marchinha famosa
não era roxo ainda seu cabelo
não era roxa ainda sua voz
conheci você num leilão de frangos
fugindo do plantão
não era roxo ainda seu nome
não era roxa ainda sua mão
conheci você no maior município em área deste país
roubando uma canoa
não eram roxas ainda suas fotos
não era roxa ainda sua língua
conheci você andando de bicicleta
na primeira manhã de uma guerra
não eram roxos ainda seus amigos e o seu corpo
não era roxo ainda

.
.
.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Meus amigos estão ocupados: PARTE 2: O melhor de 2013

Postei ontem várias canções, poemas e notícias do que meus amigos e companheiros andaram produzindo em 2013. Chamemo-la de meu "Best Of This Year". Segue aqui a segunda parte.

Joel Gibb, o homem por trás da banda canadense The Hidden Cameras, lançou há pouco um novo álbuml. Joel é excelente cantor e letrista. Mostro abaixo o vídeo para a extremamente atual "Gay Goth Scene". Dedico esta a Silas Malafaia e Marco Feliciano.


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Por organizar o evento READING: a night ot text / sound / video com meu amigo Black Cracker, tive a oportunidade de conhecer Louis MacGuire, que se apresentou como Young Neck no evento de maio. Foi um dos presentes que recebi em 2013, sua amizade. Excelente produtor, e agora bateirista da banda Ballet School.





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Ficando ainda na beleza de ter conhecido Louis, graças a ele pude conhecer também Rosie e Michel, com quem ele forma a banda Ballet School, que lançou este ano seu álbum de estreia. Abaixo, a apresentação deles no nosso evento READING: a night ot text / sound / video, e seu vídeo para "Crush".



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Meu amigo Niklas Goldbach produziu e viajou muito em 2013. Visitem seu website. E vejam abaixo a última coisa que ele subiu para a rede, um excerto de "Prologue".


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Adelaide Ivánova está prestes a lançar um livro com a editora Cesárea, de Schneider Carpeggiani. Fez várias exposições na Europa. Posto aqui um de seus poemas e uma de suas fotos recentes.


tulipas
Adelaide Ivánova

meu parapeito
não tem flores,
meu apartamento
não tem geladeira,
ponho os saquinhos
de mussarela do lado
de fora da janela
para não estragarem
e assim prescindo
de tulipas.

:

fotografia recente de Adelaide Ivánova

§

Veronica Stigger lançou um dos melhores livros de prosa do ano, Opisanie świata (São Paulo: Cosac Naiy, 2013), e foi merecidamente reconhecida com vários prêmios.


§

Aquele que considero um dos melhores poetas da língua hoje, o português Miguel Martins (n. 1969), seguiu postando excelentes poemas em seu blogue. O poeta, além disso, traduziu este ano A Arte do Ruído, de Luigi Russolo. Abaixo, seu poema mais recente.

A carapuça universal
Miguel Martins

Entre cintilações fugazes e pretéritas
e as cinzas litigantes do presente,
vão mastigando o bolo, quimo, quilo,
vício mandibular e nada mais. 

Pegas de costas, arpoação de enguias
e umas danças de roda nos saguões,
vão evitando a formação de vértebras,
o que empecilharia o ganha-pão. 

Tomados de tonturas ante os monstros,
mesmo se de algibeira, canivetes,
vão floreando com palavras destas
o que, está bom de ver, é, tão-só, merda,

que melhor fôra não a ver jamais
– pensar é não viver, é literatura,
e fingir que se pensa, então, é cal
a disfarçar um desasseio intenso.


§

Este foi um ano de trabalhos hercúleos no campo tradutório, e destaco o trabalho de Guilherme Gontijo Flores na tradução de A anatomia da melancolia, de Robert Burton, em 4 volumes. Merecidamente premiado. Guilherme é, além do mais, coeditor de uma das melhores plataformas digitais de poesia traduzida no Brasil, escamandro.





§

2013 foi também o ano do surgimento de um novíssimo cujo trabalho muito me interessa: Rubens Akira Kuana, nascido em Videira, Santa Catarina, em 1992. Vive em Curitiba, onde estuda Arquitetura. Abaixo, seu poema mais recente.


Vida e Morte nas Grandes Imagens
Rubens Akira Kuana

interferir na sua fome
por score e ranking
ocioso, qual pontuação
devo alcançar para ser
aceito em seus ciclos

projeções, simulacros
mensagens de texto
visualizadas mas
não respondidas
10:20 17:50 23:45

o máximo esperado
o mínimo ocorrido
pratico o situacionismo
conforme espetáculo
ou ornamento acidentais

as minhas teorias
da deriva somente
conferem aos passos
um nome Próprio
para solidão

ponto nodal, envoltório
bolha química
bolha imobiliária
superfície contínua
homogênea, fragmentada

onde a superacumulação
de repudiações líricas
desenvolve, rígida
o apocalipse de todos
os anticorpos virais

jamais supus aumento
em conta corrente conjunta
porém ao assinar nosso seguro
desemprego, submeto
trabalho e obra

o crédito consignado
à loteamento e pena
reúne o cárcere
gentrifica a goela
reifica

feito um pássaro
feito um pássaro
mundano
feito um pássaro
moído

.
.
.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Outros poemas de Rubens Akira Kuana

Rubens Akira Kuana nasceu em Videira, Santa Catarina, em 1992. 
Atualmente, reside em Curitiba, Paraná, onde estuda arquitetura e urbanismo.




velozes e furiosos 7

não é de toda
força ou modéstia
que se faz uma canoa

você encontra
uma canoa e deseja
rebaixá-la
levá-la junto com sua família
adotiva

this is brazil

escuta em um trailer
após o jogo
condecorativo
hoje
a floresta Amazônica
está pronta

para receber eventos
deste porte
uma proliferação
de agências de turismo
mosquitos
mordaças

sua família está a salvo
sua reputação está a salvo
seu investimento está a salvo

this is brazil

você cria um alter ego
silvio santos
explode cais e banco
com as mãos atadas
tira a camisa e resgata

o ritual
uma aldeia
o clube inteiro

compartilha

porque todo homem é um totem

pela safra seguinte
já constrói canoas
penhora-as e reclama
o reembolso

estes remos não remam
estes jeans encolhem
rápido, melhor
cultivar algodão transgênico
exigir cosméticos
mercenários
1, 2, 3
mas oi

peguem logo
os seus malditos macacos

this is brazil

cadê dinheiro


§

esvaziar o freezer jogar tetris cair

porque eu ainda não sei se o reflexo
que eu faço
sobre a pia
é a síntese das minhas costas
ou do hábito noturno talvez
não é o meu
olha
dentro da boca
o cotovelo caberia
se alcançasse
o seu queixo
deitado
é a espera
entre um charco e outro
nunca houve uma superfície inteira
que pudesse esperar
pelas minhas pernas
por favor
estão distantes demais
eu nunca vi neve na minha vida
e sinto que estou perdendo

tudo que não gravei em MP3 
quando os calcanhares se tocam
também
em horas ímpares
eu estou perdendo

fôlego acima de tudo

porque acima de tudo eu separei
um curso d'água 

até a calçada e de volta
até a sua

§

capotagens

a curva que você repete está indisponível
quando eu me jogo da varanda
direto para o sofá
é o ponto de apoio que eu pondero
é a pronúncia dos efes
f aquilo
f ábaco
f uma vertigem

f aquilo

agora podemos conversar sobre a estante
o ângulo que ela faz com os litros
de leite na sua mão esquerda
aproveitam para exclamar 
um F5 um tanto
autoritário

há uma única estação que nos impede
não foi feita para contornar
não foi feita conosco

a curva que você faz

quando está em pedaços

é mais curva do que o necessário

§

acidentes domésticos envolvendo toalha

o mistério ainda é maior
quando a descamação completa
eu me fecho

a porta da lavanderia
 completa
bato três vezes mais

fica mais fácil te explicar
o porquê das cortinas
estarem todas no chão

é que eu esqueci 

o salto dos sapatos
os noticiários esportivos
argumentavam
Borges era bulímico e não sabia
minha genealogia
o remédio

são as opções
quando eu jogo um pano de prato em cima

quando eu jogo um pano de prato
o mistério ainda é maior

em cima

da minha última carta de amor
restou uma passagem não-autobiográfica
é a primeira que eu levaria 
caso alguém consertasse o gelo
e aceitasse o troco
com amor até

logo muito
obrigado sinceramente
por favor


§

Gertrude Stein tinha um cão eu tenho dois

a notícia do cerco ao átrio
me convalesceu imensamente
porque eu pensei que todas as pessoas
ou pelo menos as pessoas
que eu adiciono
em uma escada
conheceriam o repertório completo

em uma escala

cada grito contra os outdoors
foram o que sobrepôs
o sangue

foi o sangue de uma pomba

o que me cercou

são projetos de vida
lacunas na minha pele 

indicam a direção

onde a notícia torna-se amena

será sangue
será inútil
será um

§

coincidências histéricas

eu quis comer a terra
que o seu pé esquerdo não possui
eu quis comer a terra
que o seu pé ainda não possui
eu ainda quis comer terra
apesar da sua cintura
ser ligeiramente menor
que o meu campo de visão
porque o meu campo de visão
é uma gangorra

.
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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um poema de Rubens Akira Kuana (Videira, Santa Catarina, 1992).




acidentes domésticos envolvendo toalha
Rubens Akira Kuana

o mistério ainda é maior
quando a descamação completa
eu me fecho

a porta da lavanderia
 completa
bato três vezes mais

fica mais fácil te explicar
o porquê das cortinas
estarem todas no chão

é que eu esqueci

o salto dos sapatos
os noticiários esportivos
argumentavam
Borges era bulímico e não sabia
minha genealogia
o remédio

são as opções
quando eu jogo um pano de prato em cima

quando eu jogo um pano de prato
o mistério ainda é maior

em cima

da minha última carta de amor
restou uma passagem não-autobiográfica
é a primeira que eu levaria
caso alguém consertasse o gelo
e aceitasse o troco
com amor até

logo muito
obrigado sinceramente
por favor

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