sábado, 28 de fevereiro de 2009

Lennon/Rist

"Happiness is a warm gun" é um dos poemas líricos mais maravilhosos do pós-guerra.




§ - John Lennon


Três traduções da letra de John Lennon para a canção, uma delas por Fabiano Calixto, a que fiz com Marília Garcia, e ainda uma tradução de Carlos Drummond de Andrade para a canção incluída no lendário “Álbum Branco” dos Beatles. A letra possui uma história curiosa, com seu caráter “colagístico” e de descontinuidade, a montagem de fragmentos de canções, que Lennon uniria naquela que é uma das mais difíceis e enigmáticas do álbum, com sua métrica irregular e constante mudança melódica. Lennon declarou que “Happiness is a warm gun” seria sua “história portátil do rock”, com várias pequenas partes em uma canção de cerca de 3 minutos.



A felicidade é uma arma quente
tradução de Fabiano Calixto


Ela não é uma garota que marca touca
Ela bem sabe a mão de veludo
Como uma lagartixa a uma vidraça


O homem na multidão e seus espelhos coloridos
E suas botas fodidas
Mente com os olhos enquanto as mãos fazem
Os trabalhos extras
A impressão em sabão de sua mulher
Que tanto comeu e doou ao Patrimônio Histórico


Mais uma dose, pois estou desabando
Caindo nas tralhas que esqueci na cidade-alta
Mais uma dose, pois estou desaband
Madre Superiora saca a arma
Madre Superiora saca a arma
Madre Superiora saca a arma


A felicidade é uma arma quente
A felicidade é uma arma quente, mãe!
Quando eu a pego nos braços
E sinto meu dedo em seu gatilho
Sei que ninguém pode me fazer mal
Porque a felicidade é uma arma quente, mãe
A felicidade é uma arma quente

Sim, ela é
A felicidade é uma arma quente, sim
Arma!
Bang! Bang!!
Pow! Pow!!
Bem, você não sabe que a felicidade é uma arma quente, mãe?



Felicidade é um revólver quente
traduçã
o de Marília Garcia & Ricardo Domeneck

Ela não é o tipo de garota que deixa passar
E conhece de outros carnavais o toque da mão-de-pelica
Como uma lagartixa na vidraça


O homem na multidão com seus espelhos multicoloridos
Nas botas cardadas
Mente com os olhos enquanto suas mãos ocupadas
Fazem hora-extra
A impressão em sabão de sua mulher
Que ele comeu e doou ao Patrimônio Histórico


Preciso de uns tiros, pois estou pra baixo
Abaixo dos trapos que deixei no subúrbio
Preciso de uns tiros, pois estou pra baixo
Madre Superiora queime a largada
Madre Superiora queime a largada
Madre Superiora queime a largada


Felicidade é um revólver quente
Felicidade é um revólver
quente, mãe!
Quando eu a pego nos braços
E sinto meu dedo em seu gatilho
Sei que ninguém pode me fazer mal
Porque felicidade é um revólver quente, mãe

Sim, ela é
Felicidade é um
revólver quente, sim
Gatilho!

Bang! Bang!!
Pow! Pow!!
Bem, você não sabe que a felicidade é um revólver quente, mãe?



A felicidade é um revólver quente
Tradução de Carlos Drummond de Andrade

Até que essa garota não erra muito
Acostumou-se ao roçar da mão-de-veludo
como lagartixa na vidraça.


O cara da multidão, com espelhos multicores
sobre seus sapatões ferrados
descansa os olhos enquanto as mãos se ocupam
no trabalho de horas extraordinárias
com a saponácea impressão de sua mulher
que ele papou e doou ao Depósito Público.


Preciso de justa-causa porque vou rolando para baixo
para baixo, para os pedaços que deixei na cidade-alta,
preciso de justa-causa porque vou rolando para baixo

Madre Superiora dispara o revólver
Madre Superiora dispara o revólver
Madre Superiora dispara o revólver


A felicidade é um revólver quente
A felicidade é um revólver quente
Quando te pego nos braços
e meus dedos sinto em teu gatilho,
ninguém mais pode com a gente,
pois a felicidade é um revólver quente
lá isso é.



§ - Pipilotti Rist


Gravada várias vezes por outras bandas, a canção passou por uma das apropriações e desconstruções mais inteligentes no vídeo “I´m Not The Girl Who Misses Much”, da artista suíça Pipilotti Rist. Apropriando-se da letra de Lennon e encenando-a, numa desconstrução em que o objeto (she) torna-se o sujeito do texto (a terceira pessoa em “She´s not a girl who misses much” tornando-se a primeira pessoa na boca do sujeito de Rist: “I´m not the girl who misses much”), Pipilotti Rist entrega-se a uma performance em que esta “girl” recebe voz e corpo, num vídeo em que o desfoque e a distorção assumem uma função estética e trazem efeitos cômicos e ao mesmo tempo comoventes e críticos, em sua intervenção no discurso masculino sobre o corpo feminino.




Um comentário:

Anônimo disse...

what an amazing song.. sweeping..

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