quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Texto gentil de Sylvia Beirute, e pequena seleção de poemas meus em seu espaço

A poeta portuguesa Sylvia Beirute, que escreve e divulga poesia na página Uma Casa em Beirute, publicou na semana passada uma seleção de poemas meus, com o vídeo-retrato "Eugen" e uma pequena introdução, muito gentil e generosa. Abrindo com dois fragmentos do livro a cadela sem Logos (SP: Cosac Naify, 2007), ela então transcreve vários textos do meu primeiro livro, Carta aos anfíbios (RJ: Bem-Te-Vi, 2005), que circulou pouco, publicado por uma pequena editora. Convido-os a visitarem a página, se não pelos meus poemas, então pelos de vários bons poetas divulgados ali, assim como pelos poemas da própria Sylvia Beirute. Encerro a postagem com um texto da portuguesa.


Idioma
Sylvia Beirute

pedem-me que desperdice, que deixe estar,
que me desnomeie com um defeito do sono,
e que desse início desafie uma erudição
com um incêndio no idioma de dentro.
depois oferecem-me uma porta, uma porta
que quando bate sobrepõe
um silêncio de limão sobre a coxa, que
hetero-consome e auto-escurece. dizem-me:
desperdiça, sylvia, deixa {r}estar, põe
cada pé em cada prato da balança do
inacontecido saudável, prediletiza a partir
desse ponto até à humidez do teu ego de exposição.
por fim, deixam-me uma janela que ensina
o modo como os sujeitos procuram os predicados
que inutilizam, e
mostra explicando
a independência da incompletude
daqueles que crescem como flores.


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