sábado, 10 de agosto de 2013

O mestre Pier Paolo Pasolini (1922 - 1975): trecho de entrevista e documentário.



"A recusa sempre foi o gesto mais importante. Santos, eremitas, intelectuais... a História foi feita por aqueles poucos que disseram `não´, não pelos cortesãos e conselheiros, não pelos `cardeais cinzentos´. Mas por uma recusa a fazer sentido, tem que ser principal, não secundária; tem que ser total, não em meros pontos individuais; tem que ser absurda e desafiar o senso comum. Eichmann estava cheio de senso comum. O que lhe faltava? Faltava-lhe a habilidade de dizer `não´ à coisa principal imediatamente, quando ele ainda era um administrador, um burocrata comum. Talvez ele até mesmo tenha dito a outros a seu redor no escritório: `Eu não gosto daquele Himmler´. Talvez ele o tenha murmurado, da forma como se murmura em editoras, jornais, em grupos do governo, na televisão. E talvez ele até tenha protestado contra o fato de que alguns trens paravam apenas uma vez por dia para que os prisioneiros pudessem ir ao banheiro, comer um pouco de pão, beber um pouco de água, quando na verdade teria sido mais sensato parar algumas vezes. Mas ele nunca pisou nos freios da máquina fascista. Então você precisa fazer três perguntas: qual é a `situação´; por que ela deve ser detida; e como?" --- Pier Paolo Pasolini, em sua última entrevista, na semana em que foi brutalmente assassinado. 

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