quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Um poema de Andriy Lyubka


Andriy Lyubka é um poeta, prosador e crítico ucraniano, nascido em 1987. Publicou os livros Oito meses de esquizofrenia (2007), pelo qual recebeu o prêmio destinado em seu país ao melhor livro de estreia do ano, e ainda Terrorismo (2008), a coletânea de contos Killer (2012, já traduzida para o polonês) e sua última coletânea de poemas, 40 Mangos e Uma Gorjeta por Cima (2012). Uma antologia de seus poemas foi traduzida para o alemão e publicada na Áustria, com o título Notaufnahme (2012).

Participou ontem à noite da sexta edição do READING: a night of text / sound / video, organizada por mim e por Black Cracker aqui em Berlim. Participaram da leitura ainda os poetas Jon Sands (de Nova Iorque, via Skype) e Matilde Campilho. A noite encerrou-se com uma performance de Markus Nikolaus.

Leia outro poema de Andriy Lyubka, em tradução direta do ucraniano por Vira Vovk, aqui na Modo de Usar & Co.

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POEMA DE ANDRIY LYUBKA


Essa mulher em seu banheiro, depilando-se,
celebrará o vigésimo-quarto aniversário amanhã.
Talvez "celebrar" seja palavra ruidosa demais,
ela simplesmente telefonará para pai e mãe
e fará suas orações antes de ir para a cama.
Você não entende as orações, nem seus olhares misteriosos,
a língua que usa nos menus de seu telefone.
Vocês não estão predestinados a ficar juntos, e é melhor assim,
você diz para si mesmo: "é melhor assim".
Em momentos de ternura incomum, você diz
que acredita que eles não têm armas nucleares,
destruição em massa nenhuma, e sente-se um idiota.
E então você tem um sonho no qual o corpo dela
cheira a armas nucleares, como os desertos, as canções dos ciganos.
"Mas por que ciganos?", você se pergunta na manhã seguinte,
pena, não há resposta para esta pergunta. Você não sabe nada
sobre a infância dela, sobre o território em que recebeu sua 
              [educação em língua inglesa,
e por que exatamente ela escolheu você e não outro.
Vocês estão juntos há três semanas. E às vezes você examina 
              [o mapa-múndi,
avaliando a localização do Irã, seus vizinhos,
seus recursos, naturais e humanos.
Você considera que, com o passar do tempo, a compreenderá melhor.
Às vezes, você faz perguntas sobre o Irã, e promete a ela que visitarão 
             [o país juntos,
e ela ainda cheira a verão cigano e armas nucleares,
o deserto dela é entre vocês dois, a noite aproxima-se,
e ela está em seu banheiro, depilando-se.

(tradução de Ricardo Domeneck, a partir da tradução inglesa).

§

Жінка, яка голить ноги у твоїй ванній,
Завтра відсвяткує свої 24.
Хоча «відсвяткує» - заголосно сказано,
Просто подзвонить додому батькам
І помолиться ввечері.
Ти не розумієш її молитов, її загадкових поглядів,
Мови меню в її телефоні.
Вам не суджено бути разом, воно й на добре,
Кажеш собі, воно й на добре.
У хвилини особливої ніжності ти кажеш,
Що віриш, що в них немає ядерної зброї,
Жодної ядерної зброї, і відчуваєш себе придурком.
Потім тобі сниться, що її тіло
Пахне ядерною зброєю, пустелями і циганськими піснями.
Чому циганськими – питаєш себе зранку,
Але відповіді на це немає, ти не знаєш
Як минало її дитинство і де вона вивчила англійську,
Чому обрала саме тебе.
Ви разом три тижні. Часом ти розглядаєш карту світу,
Оцінюючи розташування Ірану, його сусідів,
Природні й людські ресури.
Тобі здається, що розумієш її все краще.
Іноді розпитуєш її про Іран, обіцяєш поїхати туди з нею,
А вона все пахне циганським літом і ядерною зброєю,
І така пустеля між вами, і насувається вечір,
І вона голить ноги в твоїй ванній.

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