Desde que ouvi esta canção / poema vocal do meu parceiro Black Cracker, ele permaneceu em meu crânio como um mantra tenso, não para a pacificação, mas a ação. É difícil traduzir esse trabalho, com suas rimas ótimas, e mesmo o título. Literalmente, seria "A luz não deve à sombra" (Light don´t owe shade). Mas shade, aqui, vai além da palavra sombra, recorrendo à linguagem da comunidade queer nova-iorquina que vem desde o fim da década de 70, em que shade funciona, dentro do nosso pajubá paulistano, como uó, podre, equê, truque.
O verso diz Light don´t owe shade shit. Literalmente, seria "a luz não deve merda à sombra". Mas, em nossa linguagem queer brasileira, seria algo como "a luz não deve merda alguma à podridão". Se eu fosse imaginar este verso, escrito por um paulistano, poderia funcionar talvez como: "A luz não dá truque na sombra", mas também "A sombra não consegue dar truque na luz", ou, quem sabe, "A luz não é podre com a sombra", para manter o jogo entre light e shade.
De qualquer forma, aqui vai o poema vocal "Light don´t owe shade", de Black Cracker, do seu novo álbum Poster Boy, que sairá pelo selo e editora que estamos fundando em Berlim, Gully Havoc. Peço o apoio de vocês, entrando no link ao lado e nos seguindo, ou espalhando o poema vocal do meu parceiro.
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