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segunda-feira, 5 de março de 2012

Resenha de Laura Erber sobre meu livro "Ciclo do amante substituível", publicada neste sábado no jornal O Globo

Reproduzo abaixo, na íntegra, o texto da resenha de Laura Erber sobre meu livro Ciclo do amante substituível (Rio de Janeiro: 7Letras, 2012), publicada no caderno "Prosa & Verso" deste sábado, 3 de março de 2012, no jornal carioca O Globo, levemente editado (a imagem do texto no jornal está ao fim da postagem), basicamente retirando trechos de poemas e créditos de certas citações. Reproduzo o texto com muita alegria e gratidão, não apenas pelo fato da poeta Laura Erber, por quem tenho tanto respeito, ter apreciado o livro e o recomendado positivamente; mas pela beleza com a qual ela conseguiu, dando um exemplo de bom jornalismo, escrever um texto consciente do seu suporte de divulgação (um caderno de jornalismo cultural), respeitando tanto o livro como os leitores. Obrigado, obrigado, obrigado.



Laura Erber
Resenha do livro

Ciclo do amante susbtituível
de Ricardo Domeneck
Editora 7 Letras, 2012
190 pgs.


O poeta é um fingidor. O poeta não presta. O poeta já era. O poeta é um lixo. É um sismógrafo, sedutor, bandido, antena da raça. O poeta é uma graça. O poeta é sexy mas pode ser cruel. É delicado mas pode até morrer. Desde que foi posto pra correr da República de Platão o poeta não parou de despertar paixão e ódio, desconfiança, indiferença, alguma fofoca, sussurros, gritos e curiosidade. Mas afinal, o que pode e o que não pode o poeta? Em teoria, ele pode fazer e dizer tudo, mas na realidade da poesia e do seu sistema de valores, nem tudo pode ser dito ou feito. Há um acordo tácito que interdita certos temas e certas formas de dizê-los. Por exemplo: a confissão amorosa, a autobiografia deslavada e a elegia hedonista, até segunda ordem, continuam proibidas. Ao menos é essa a postura dos que ainda acreditam que força poética e matéria afetiva sejam termos antagônicos.

Pois Ricardo Domeneck, poeta, editor, tradutor e Dj, acaba de lançar um livro irresistivelmente lírico e extremamente bem urdido. Ciclo do amante substituível, editado pela 7 Letras, é um belo atrevimento. E não apenas pela alta voltagem homoerótica de certos poemas, mas porque vem balançar alguns pressupostos sobre os quais ainda se ancora boa parte da poesia produzida entre nós. Em tempos de excessiva espetacularização da intimidade, quando nem mais o cronista quer tocar o mundo sem antes invocar papai, mamãe e titia, a questão que se coloca logo de saída a este livro é: como criar uma voz profundamente lírica sem aprisioná-la na armadura tediosa do “eu mesmo”, no redundante narcisismo nosso de cada dia. Domeneck consegue desfazer essa armadilha transitando entre escombros de espelhos, mal-estar, exaltações, mitos literários, e atrizes mortas. Sem medo de mesclar referências atualíssimas e formas arcaicas – especialmente a elegia e a ode - sua poesia avança em ritmo frenético, hipnotizada pela sombra perturbadora do amor ausente, e sob o risco de se perder no fundo sem fundo da fossa. Recusando as facilidades do cinismo contemporâneo, mas rindo de si mesmo enquanto chora, o lirismo confessional desse livro parece ter saído diretamente dos versos de Drummond: “amar o perdido / deixa confundido / este coração”.

Vivendo em Berlim há vários anos, mas presente no Brasil datravés da revista Modo de Usar & Co., da qual é editor e co-fundador, Domeneck estreou em 2005 com o elogiado Carta aos anfíbios. De lá pra cá, sua produção assumiu também formas performáticas – tanto em vídeos quanto em recitais –, mas em Ciclo do amante substituível o performático deixa de ser sinônimo de vocalização do texto escrito e se apresenta como questão de sustentação de uma voz poética numa posição de enunciação desafiadora. Dividido em cinco partes, e com poemas escritos entre 2006 e 2011, o livro percorre o ciclo do amor-desamor, a começar pelo “amante substituível”, passando pela deliciosa “arte de substituir o insubstituível” e chegando finalmente ao “Por que todo poeta sonha escrever seu próprio epitáfio” que retoma um dos poemas do seu livro anterior, Cigarros na cama, lançado discretamente pelas Edições Modo de Usar em 2011. Ali também havia morbidez melancólica filtrada pelo humor e, em ambos, o corpo e o corpo da linguagem se confundem: “a escrita / por cópula / de signos / em metamorfose / na Ilha / de Páscoa / após contacto /com europeus”. A língua comparece em sua dupla significação, é tanto o idioma que marca a distância entre o poeta e o ex-amor, quanto o músculo que ligava aqueles dois corpos. “destarte escrevo este texto na língua de que nem sílaba você domina, esta língua que é meu sistema de signos e também com o que o lambo, língua em que “vontade” é-me ao mesmo tempo aquilo que impera e aquilo que implora”. Como nos fragmentos amorosos de Barthes, o vivido é gerador de reflexões sobre as contradições do sentimento amoroso, que se traduz num tom deliberadamente contraditório, comicamente grandioso, em versos quase sempre breves e sonoros.

Às vezes o “eu” é objetivado na terceira pessoa e torna-se um “ele”, tal como indicam vários títulos: “Texto em que o poeta sente-se impelido a dizer a Jannis Birsner em Zurique o que Frank O’Hara quis dizer a Vincent Warren em Nova Iorque”. Que o leitor não se assuste diante da enxurrada de referências: “Nossa pátria era a língua de Maysa, / mas também a de Maki Nomiya, / e a de Björk, e a de Beth Gibbons”, ou: “Naquele tempo você carregava livros / de Ana Cristina Cesar, eu os de Hilda Hilst / que eu comungava com o mundo em catequese, / mas você recusava emprestar os de sua suicida”. A abundância de nomes citados não torna a leitura hermética, pelo contrário, convida o leitor a participar do ciclo de formação do poeta e é tratada com ironia pelo próprio autor quando escreve: “Nada, no fundo, / importa muito, Maria Schneider. / Em duzentos anos, / quando o acúmulo / de notas de rodapé / para esse meu texto / exceder o número / de caracteres / do próprio / para que possa / ser compreendido, eu também serei / punhado e opróbio / de pó e ossos / como você.” O que interessa é o modo como se articulam e se tensionam os mitos pessoais, leituras, lugares e afetos, de modo que parece dispensavel a inserção de algumas notas incluídas no fim do livro, onde o autor explicita suas fontes num tom explicativo que destoa da organicidade dos poemas.

É possível e talvez desejável ler esse livro como uma ficção poética em que Domeneck transforma a si mesmo em personagem tragicômico de uma trama lírico-reflexiva; um livro em que as relações afetivas e as referências artísticas formam uma massa de sentidos totalmente imbricados. Domeneck parece ter plena consciência de que da modernidade herdamos o anti-expressivismo e o duro divórcio entre poesia e lirismo. É verdade que os ataques ao transbordamento lírico livraram a poesia do sentimentalismo barato e das sublimações soporíferas, abrindo caminho a outros e mais potentes modos de usar. Mas como não deixar o bebê escorrer com água? A tão surrada lírica amorosa, tradicionalmente identificada com uma primeira pessoa do singular autocentrada, tem sido submetida a uma importante revisão crítica nas últimas décadas. Jean-Michel Maulpoix, por exemplo, sugere que o lirismo deixe de ser lido como uma poesia centrada no eu, e que se comece a perceber nela o incessante extravio do sujeito, a “saída de si” de um “eu” alucinado pela força de atração do objeto amoroso. Longe de ser uma forma inocente e impensada de lamento, sua poesia implica um forte trabalho de encenação. A emoção aí não é nem ingênua nem fingida, mas um ato profundamente performático. Trata-se de reconquistar liberdade poética na própria escrita do poema, colocando-se em risco, pois, como já foi dito, “a poesia como o amor arrisca tudo nos signos”. Ciclo do amante substituível mostra que um coração em frangalhos, cavalgado com brio e boas doses de humor, pode render alguns dos mais irresistíveis versos da nossa época.







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domingo, 24 de julho de 2011

A Bénédicte de Laura Erber e seu diálogo com Péret

Laura Erber

A poeta carioca Laura Erber (n. 1979) lançou há pouco um livro virtual pela Editora da Casa, intitulado Bénédicte vê o mar. A publicação virtual traz uma pequena apresentação da autora, e uma orelha assinada por Angélica Freitas. É a publicação mais recente da poeta, também artista plástica, desde seu lançamento duplo em 2008, quando a mesma Editora da Casa lançou Vazados & Molambos (Florianópolis: Editora da Casa, 2008), e também veio a lume no Brasil a edição bilíngue português/inglês de Os corpos e os dias (São Paulo: Editora de Cultura, 2008), originalmente lançado na Alemanha em 2006, com tradução de Timo Berger para o alemão. Escrevi sobre os dois livros aqui: http://ricardo-domeneck.blogspot.com/2009/03/dois-livros-de-laura-erber.html

Este Bénédicte vê o mar foi composto ao lado de vários desenhos de Laura Erber diretamente no iPad, formando um trabalho que conjuga o gráfico e o textual. O título é um jogo sonoro com o nome da poeta portuguesa de origem belga Bénédicte Houart, a quem o trabalho é dedicado. Não apenas os poemas como os próprios desenhos parecem dialogar com o trabalho tão simples e direto de Houart.

Esta Bénédicte de Erber se move dentro da consciência do que não parece ser biografável, mas é, no entanto, biodegradável, como ela escreve num dos poemas. Trata-se de uma poesia que aceita a pobreza dos nossos recursos, e poderá desagradar os que buscam o grandioso indizível. Esta personagem que vive no porão de uma marmoraria me fez, em alguns momentos, pensar em "Nevers", a personagem francesa do filme Hiroshima Mon Amour (1959), escrito por Marguerite Duras e dirigido por Alain Resnais, com sua passagem pelo porão da casa, nos dias em que ela foi "jovem e louca em Nevers, louca de amor". Não sei o que levou a Bénédicte de Erber ao porão, mas cedo ou tarde todos nós passamos por ele.

Convido vocês a lerem o que ela escreve dos fundos da marmoraria, visitando a página da Editora da Casa:




Além do livro Bénédicte vê o mar, queria mostrar a vocês a bela tradução que Erber fez de um poema de Benjamin Péret, postada já há alguns dias na franquia eletrônica da Modo de Usar & Co.:


OS MORTOS E SUAS CRIANÇAS
Benjamin Péret, do livro Le Grand Jeu, 1928

Se eu fosse alguma coisa
não alguém
diria aos filhos de Édouard
providenciem
e se eles não providenciassem
eu iria para a floresta dos reis magos
sem galochas e sem ceroulas
como um eremita
e haveria certamente um grande animal
sem dentes
com plumas
e redondo como um vitelo
que viria uma noite devorar minhas orelhas
Então deus me diria
você é um santo entre os santos
pegue este automóvel
O automóvel seria sensacional
oito cilindros e dois motores
e no centro uma bananeira
que camuflaria Adão e Eva
fazendo

mas isso será objeto de outro poema

(tradução de Laura Erber)

§

O que não mostramos por lá, no entanto, e que tomo a liberdade de mostrar aqui, é o poema que Erber desentranhou do poema de Péret, intitulado "Velho oeste":



VELHO OESTE
Laura Erber

se eu fosse um outdoor
não alguém
diria aos netos de Édouard
esqueçam
e se eles não esquecessem
eu pegaria um avião para a Amazônia peruana
sem galochas e sem etnógrafos-linguistas
como um eremita
e haveria certamente
um bando de crianças
sem dentes
com plumas
revirando os cabelos
de suas mães
trôpegas
redondas
como um aniversário de morte
e viriam de noite
me pedir dinheiro
e remédios para o piriri
então deus adormeceria
sem dizer
“pegue este automóvel”
e o automóvel teria sido
híbrido e o couro escarlate
e de um lado e do outro da estrada
bananeiras camuflariam
o espetáculo surpreendente
da copulação dos zumbis



Encerro com uma entrevista da poeta e artista plástica, que passou uma temporada em Copenhague, onde pesquisou e escreveu sobre o trabalho do cineasta Carl Theodor Dreyer (1889 – 1968). Concedida ao Arquivo Dreyer, ela discute sua pesquisa:





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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Poetas da América Latina em Berlim: a quinta edição do Festival de Poesia Latino-Americana. Nota, com poemas de Erber, Zaidenwerg e outros autores.

Ocorreu no início deste mês aqui em Berlim a quinta edição do Festival Móvel de Poesia Latino-americana, com leituras e debates que têm sido sediados desde 2006 por instituições como o Instituto Cervantes, o Instituto Ibero-americano (Ibero-Amerikanisches Institut) e o Instituto para a América Latina da Universidade Livre de Berlim (Lateinamerika Institut der Freie Universität Berlin). Com direção dos alemães Timo Berger e Rike Bolte, o festival já trouxe ao país, sempre cuidando para que uma pequena seleção de seus poemas seja traduzida para o alemão, poetas do Chile, Argentina, México, Guatemala, Peru e, entre outros, até do Brasil. Participei com Douglas Diegues da primeira edição, em 2006. No ano seguinte, o festival trouxe a Berlim os poetas Carlito Azevedo e Angélica Freitas. Não houve poetas brasileiros nas edições de 2008 e 2009, mas este ano a poesia em língua portuguesa voltou a soar no festival com a vinda de Laura Erber.

Ainda que possamos discutir a tarjeta de "latino-americanos" reunindo poetas tão diversos em cultura/poética/língua, não se pode negar que o festival tem sido um portal importante para a divulgação do trabalho de jovens poetas do continente velho/novo aqui no continente novo/velho. Não só por isso, mas também por permitir o encontro e possível colaboração entre os próprios poetas latino-americanos, já que nem sempre é possível que se encontrem em outros festivais do próprio continente.

Quanto à tarjeta, há sim aquela velha discussão, que me parece ainda interessante: podemos realmente crer que um poeta em Buenos Aires compartilha da mesma cultura, poética e tradição de um poeta da mesma idade em Lima? Em Caracas? Até que ponto um poeta de Santiago do Chile compartilha da mesma língua usada por um poeta de Bogotá? Um poeta de São Paulo compartilha com um poeta do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte ou de Fortaleza a mesma língua?

Apesar das inevitáveis escolhas institucionais que um festival de poesia dependente do dinheiro público acaba por ter que fazer, Berger e Bolte conseguem trazer todos os anos alguns poetas realmente muito bons, que eu infelizmente não viria a conhecer de outra forma. Creio que mesmo no Brasil é difícil conhecer com amplidão a poesia sendo feita em outros países do continente, já que os próprios canais usuais da poesia hispânica no Brasil seguem as agendas publicitárias de grupos e "movimentos" específicos.

Um dos maiores prazeres, tanto de ordem pessoal como poética, foi poder reencontrar a poeta carioca Laura Erber e ouvir seus poemas recentes. Nascida no Rio de Janeiro em 1979, Erber já publicou três coletâneas de poemas: Insones (2002), Os corpos e os dias (lançado em edição bilíngue português /alemão em 2006, e em português/inglês em 2008) e Vazados & Molambos (2008). Sobre os dois últimos, escrevi o pequeno ensaio "A incerteza como princípio: dois livros de Laura Erber" para a revista Cadernos de Não-Ficção, editada por Antônio Xerxenesky. Publiquei uma versão do texto aqui. Erber leu poemas inéditos, além de textos do seu último livro. Gravei um vídeo com sua leitura, que pretendo publicar em breve na Hilda Magazine. Ela me deu a permissão gentil de reproduzir aqui um dos inéditos:

§

uma amiga não tem chaise longue
nunca teve
nem em Gotemburgo
nem em Lisboa
um dia descobriu que gostava muito
da palavra chaise-longue
sentia um arrepio bom estranho
espécie de sexo sem sexo
sem o homem e sem a mulher e sem os sexos
começou a freqüentar a Rua do Alecrim
decidida a testar a arbitrariedade do signo
colecionou inflexões tensas bruscas
suavíssimas da chaise longue
mas nada alterava (o frisson?)
pressionou vozes roucas contra a parede
graves contra o assoalho
agudas contra padrões fisiológicos
de veludo contra teóricos húngaros
e a posterioris
de tanta pressão adoeceu
foi então que descobriu a rádio Vox
uma rádio amarela num país cinzento
para ouvir numa chaise longue
debaixo do toldo


(poema inédito de Laura Erber)

§

O festival deste ano trouxe vários poetas dos quais jamais havia ouvido falar. Creio que o único de quem eu já conhecia alguns poemas era o guatemalteco Alan Mills, que viveu um período em São Paulo. Imagino que alguns dos leitores escassos mas generosos deste meu espacinho o conheçam, tenham suas opiniões, seus gostos.


Marca de agua

Lenta es la luz
cuando quiere alumbrar
los pozos de lo olvidado.
A Brodsky lo encerraron
por huevón/
por parasitismo social
y nadie supo entonces
nadie sabe ahora/
que muchos más quedaron
saludando muros eternamente.
Hay quienes esperan/
hay los que confían
en que sus huesos se abracen/
se froten y clamen por ellos.
Lenta es la luz y la luz es
la confirmación del abismo.
Estéril soñar con poetas apolíneos
que caminen/ lloren/ canten
con una marca de agua en el alma.
Inútil todo
y las bombas que amenazan
caer como cae la lluvia.

(poema de Alan Mills)

§


Gostei da leitura da porto-riquenha Mayra Santos-Febres. Não havia lido seus poemas antes e não sei se eles também funcionam na página tão bem quanto em sua voz. Deixo com vocês a decisão.




HOY SALE EL anuncio por la prensa
hoy se enteran las monjas del último colegio
hoy lo sabrán los enemigos
la cabeza de mayra santos tiene un precio
dice: sale, sale, venta, aproveche.
y habrá quien tenga cambio exacto
habrá quien haya ahorrado de su bono navideño
para tenerla en su casa y en su closet.
ya lo dicen hasta las abuelas:
oh hijos del expreso, oh señora de las bolsas repletas
le compraría usted a su nietocito núbil
a esa que se agarra el pipicito sin saber de su ceguera futura
esta bella cabeza con pelo
bella, sí bella
reluciente cabeza que palabrea sin necesidad de baterías.
y usted, señor de las papayas
quien vende con la balanza arreglada
como la cabeza de nuestra protagonista. seguramente un día
tendrán que hacer sus niños sobre ellas.
a usted, sí, como a tantos
esta cabeza es un verdadero negocio.
la asociación de mujeres embarazadas han avisado su interés
para que la cabeza juegue con sus niños que,
según últimas predicciones, serán grandes futbolistas.
la comisión de asuntos para la preguntas la quiere
para su programa de educación continuada a la comunidad
tal así una firma de cosméticos, best copies, y calzado kinneys.
pero a usted, señor transeúnte, señor desempleado de atunera,
se la vendo.
existen especificaciones sobre su manejo que deberán ser respetadas, no faltaba más.
oh, señor guaguero mire lo que traigo en esta bolsa,
es la cabeza de mayra santos
escojimos su casco para esta venta pre-inventario.
seso rebosado y tierno, dicen que de ámbar.
usted sabrá cuando la abra y vea
que es de ver esta cabeza, una maravilla
mayra santos la donó, dijo que ya no la necesitaba
su cabeza marcaba precaución, peligro y ella
de rabia, llamó a sus amigos,
“póngale precio a mi cabeza
pónganle precio a este azote eléctrico
a esta ponchador de a tres minutos”.
así sale en la etiqueta, así
SALE, SALE, VENTA que se acaba
asegúrese de tener seso para cuando no haya.
la cabeza de mayra santos tiene precio
cómprela, cómprela,
quién la quiere, quíen.

(poema de Mayra Santos-Febres)

§

Dentre os poetas que descobri aqui, posso mencionar em especial um deles, que me parece um poeta realmente bom e inteligente, com quem gravei um vídeo para a minha Hilda Magazine: o argentino Ezequiel Zaidenwerg, nascido em Buenos Aires em 1981. Ele mantém um blogue muito bom com suas traduções poéticas, e uma pesquisa rápida pela Rede indica que ele tem recebido bastante atenção crítica na Argentina. O festival o apresentou como "um dos melhores poetas argentinos contemporâneos". Estas nominações em geral causam apenas mal-estar e problemas, então prefiro simplesmente mostrar-lhes seu trabalho, para que cada um chegue à sua conclusão. Abaixo, veja o vídeo de sua leitura para os poemas "Doxa" e o esperto "Lo que el amor les hace a los poetas", dos quais reproduzo os textos em seguida.



Ezequiel Zaidenwerg lê os poemas "Doxa" e "Lo que el amor les hace a los poetas", nos originais em castelhano.


O vídeo começa pelo poema "Doxa", mas sigo aqui a ordem inversa: primeiro o inédito "Lo que el amor les hace a los poetas", e então "Doxa", publicado na coletânea de estreia e de mesmo nome de Zaidenwerg.

Lo que el amor les hace a los poetas

no es trágico: es atroz. Les sobreviene
una luctuosa ruina a los poetas que el amor captura,
sin importar su orientación o identidad
poética. El amor lleva al total desastre
de la uniformidad a los poetas gay,
a los poetas pansexuales y bisiestos,
y a las poetas y poetrices feministas, fementidas o veraces;
a los obsesionados con el género
y a los degenerados por igual, y a los perversos polimorfos:
y hasta los fetichistas de los pies
del verso capitulan a las plantas del amor,
que no distingue ideología,
programa ni poética. A los vates de la torre de marfil
los precipita del penthouse ebúrneo
directo a planta baja. A los apóstoles
del Zeitgeist, que proclaman sin empacho que la lírica está muerta,
les permite insistir en el error
y en sus prolijas parrafadas. Les produce una hemorragia palatal
a los que comban parcos aforismos diagonales,
a los herméticos de lata, a los que envasan
sus versos al vacío, a los falsarios del silencio,
y a los que fraguan haikus castellanos
al itálico modo. A los puristas de la voz les corta en seco
su dulce lamentar, y a los maniáticos del ritmo
les quiebra las falanges, y estropea
el íntimo metrónomo que llevan junto al corazón
para marcar el paso de sus versos. Les compone el sensorio
a los videntes y malditos y demás
rebeldes e insurrectos sin razón ni causa
poética, y les cura el desarreglo razonado
de todos los sentidos. Desaloja de su noche oscura
a los que piden luz para el poema
en las cavernas del sentido, y los devuelve sin escalas
a la trasnoche de la carne literal. Lo que el amor
les hace a los poetas, con paciencia y mansedumbre,
mientras las mariposas lentamente les ulceran el estómago
y el páncreas poco a poco deja de funcionar,
es harto inconveniente. A los que buscan con ahínco
y precisión de cirujano la palabra justa les arruina
el pulso, y en lugar de dar la vida, la aniquilan en su afán.
Y a los que con ardor y devoción persiguen
un absoluto en el poema, como un grial
todo de luz, tirante, diáfana y febril,
les nubla las certezas, y el deseo mismo
de saciar su ansiedad. Lo que el amor
les hace a los poetas, inadvertidamente,
mientras cosen y cantan y se atoran de perdices, es agudo, terminal
y fulminante. Es un torrente arrollador
de prosa, que espolea y multiplica, en progresión exponencial,
a los zopencos y palurdos de la poesía:
a los que cortan sin razón sus versos diminutos;
a los jinetes compulsivos;
a los diseñadores tipográficos del verso;
a los que quiebran la sintaxis sin saber
torcerla; a los que escarban en el éter a la busca de inauditos neologismos inaudibles;
a los modernos sin pretexto; a los que creen descubrir
la pólvora en sus versos balbucientes;
a los contestatarios automáticos y a los porno-poetas;
a los que sueltan grandes nombres por la densa
fronda de sus poemas, como Hansel y Gretel arrojaban
migas; a los que impostan en su voz
vacante los mohines de una infancia lobotomizada;
a los poetas bellos y felices, caprichosos;
a las tribus urbanas y los groupies de la poesía pubescente;
a los poetas pop y los rockstars del verso; a los videopoetas y performers;
a los ovni-poetas, voladores o rastreros, identificados;
a los objetivistas sin objeto
ni vista; a los que exigen que el poema
se vista de mendigo; a los filósofos poetas;
y a los cultores convencidos
de la “prosa poética”. El amor,
que mueve el sol y a los demás poetas,
los lleva hasta el postrero paroxismo: los convierte
en tierra, en humo, en sombra, en polvo, etcétera:
en polvo enamorado.
Y si resulta todavía que entre ellos
se aman amorosos los poetas pares,
felices en su amor solar sin escansión,
como si fueran en verdad el uno para el otro
un agujero negro de opiniones nebulosas,
tácitas palmaditas en la espalda y comentarios al pasar,
enanos, enfriándose, se absorben entre sí
y desaparecen.

(poema inédito de Ezequiel Zaidenwerg)

§

Doxa


Me quedé y me olvidé de que tenía que haberme quedado,
trabajando, quizás. Y abrí los ojos, grande,
hice una carpa con los codos y el encuentro de las manos.
Puse la cara encima. Esa película abrasiva,
el halo capilar que empieza a titilarme entre las palmas, eso
no puede ser mi gloria. No me glorío en nada
que avise cuando va a manifestarse;
o nunca me glorié, o nunca supe en qué gloriarme,
y cómo. Y estos ojos,
la piel de la nariz, el caracol de los oídos,
el breve vaso de agua de la conciencia, eso,
sólo lo puedo ver cuando me miro en el espejo,
o lo ven los demás sin que yo mire,
o me miro en los otros. Y está bien que así sea,
supongo. ¿Adónde está mi roca,
me pregunto, mi fuerza, mi peñasco, entonces?
Tiene que haber alguna cosa en mí que brille más
allá de mí, o vaya a hacerlo alguna vez, o lo haya hecho,
quizás sin darme cuenta yo. Y se me ocurre algo:
cuando era un embrión, cuando me hicieron,
la bola de epitelio que intentaba, ajena a mí,
actuar la simple forma que era yo, miraba toda para afuera,
un tubo dado vuelta, dado vuelta de nuevo,
con el estómago y el hígado indistintos, y los oídos y la boca:
la misma superficie, un guante solo,
única esponja-flor posada sobre el mismo, único, eje,
fisonomía pura en el abigarrado aire del vientre de mamá.
Debía haber un brillo ahí que se perdió cuando la cara ya formada
se tragó todo el resto, cuando por un pudor que no me dieron a elegir
–¿acaso el artificio le reclama al artífice: “¿por qué me hiciste así?”?–
un resto de esa gracia se ocultó en las sucesivas dimensiones desplegadas,
aquel aumento sordo de espesor y de entidad
que me permitiría ver el mundo como un mundo, luego.
Y ahora estoy pensando en esa parte que quedó indigesta,
y hay algo que me arrastra, una corriente subcutánea o algo
menos solemne acaso, al nombre que me dieron
para darme la fuerza. Taparon con un nombre
irreprochablemente israelita una mitad de mí.
¿Qué era lo que querían, que supiera
que si quería ser más parecido a lo que fuera a ser,
iba a tener que ser distinto de eso?
Mi gracia: un trabalenguas perfectamente hebreo.
¿Acaso se trataba de algo así como un Scrabble de la identidad,
pensaban que a su hijo le darían más puntos en la vida
por tantas zetas y esa cu y la doble ve?
Si había alguna cosa en mí que no era idéntica a sí misma,
¿no era mejor, acaso, hacer visibles las costuras?
Si a fin de cuentas la matriz que me engendró
jamás escuchó hablar, de chica, sobre el ghetto,
ni tuvo que saber qué cosa es el exilio en carne propia
hasta que, bueno, se exilió papá.
Si además, fueron ellos los que me criaron,
los de la parte árabe, del Líbano,
católica, o católica a su modo, que borraron de mi nombre.
Ellos también tenían a su hijo en el exilio:
acaso también él estableció su alianza en el desierto,
y lo llevaron como a Elías. Pero pagó la sangre,
porque era de otro pueblo. Y el sarcoma
le recubrió la espalda como un mapa.
¿Querían que yo fuera su Eliseo, que tomara
las dos terceras partes de su gracia?
Hasta les daba, a veces, por llamarme con su mismo apodo.
Fue demasiado para mí, un árabe imposible;
para un judío errado, un circunciso fraudulento,
que consagró su alianza en el quirófano
con el celoso dios de la fimosis
(me acuerdo lo que era, una campana henchida,
un girasol de agua si orinaba).
Fue demasiado para mí. Pensé que era mejor hacer
como con una herida que quisiera suturarse desde adentro
para dejar la cicatriz cubierta y proteger mejor
la piel. Se me rompió de todos modos. Engordé y se me rajó,
como una copa de cristal muy burdo. Se llenó de estrías,
una retícula delgada, discontinua, sobre el plano vertical
de las axilas a las nalgas, mezcla del diseño
de un árbol genealógico desnudo de su fronda
y el mapa del genoma. ¿A qué o a quién
había que culpar, a la genética, a la frágil epidermis de mamá,
o a aquella fuerza primigenia desatada,
esa dispepsia primordial que haría de la indigestión
la principal de mis pasiones? La respuesta
pugnaba por caer en saco ciego, disfrazada de un confiado
escepticismo sin objeto que, después,
demostraría ser una nesciencia temerosa, replegada
sobre su propia falta: ¿la eludía o solamente
la estaba difiriendo? No sabía que sabía. Y elegí aferrarme
a la intuición, un poco frívola y pueril,
de que mi centro geográfico, mi casa, no podían ser
el fuelle alveolar y el abanico delicado del espíritu.
Y ahora, que me quedo y que me olvido, que clavé
mi tienda con los codos y los brazos, y la cara sumergida
entre las palmas, como un cántaro que cae dado vuelta
y que se quiebra, sin saberlo, al lado de la fuente,
estoy cayendo en una edad en la que necesito
un sustituto digno para el alma:
para ponerme en marcha, y recordar
y recordarme. Un sucedáneo digno de un prosélito
forzoso. Y el asiento de mi amor,
la sede de mi juicio, debe ser, por ende,
ese baluarte hepático, la gloria polvorienta
de mis antepasados, los que no volvieron:
el saco ponderal, la piedra hueca,
la copa sucia en la que se mezclaron.

(poema de Ezequiel Zaidenwerg, do livro Doxa (Bahía Blanca: VOX, 2008)

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Nota: as fotos dos poetas aqui mostradas são de Timo Berger.


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terça-feira, 24 de março de 2009

Dois livros de Laura Erber



Conheci a poeta Laura Erber (Rio de Janeiro, 1979) em Buenos Aires, em 2006, quando lemos no Festival de Poesia Latino-Americana da capital argentina. Os outros brasileiros convidados eram Angélica Freitas e Chacal. O poeta Ademir Assunção, de passagem pela cidade, também leu no festival. Algum tempo depois, o poeta alemão Timo Berger presenteou-me com a edição alemã do livro Os corpos e os dias (Stuttgart: Merz-Solitude, 2006), de Erber, publicado aqui com a tradução de Berger, resultado da passagem da poeta pelo Schloss Solitude, um castelo próximo de Stuttgart que hoje abriga uma fundação de estímulo à produção artística, que acolhe poetas, videastas, pintores, performers, que passam uma temporada no local, produzindo um de seus trabalhos.

Voltei a ter um contato indireto com Erber em 2008, lendo o número 20 da revista Inimigo Rumor, na qual deparei-me com seu ensaio sobre o poeta Ghérasim Luca, sobre o qual a poeta havia criado um trabalho em vídeo e a quem havia traduzido para o português. Tal descoberta de um poeta como Luca exigia gratidão e restabelecemos contato, preparando juntos uma postagem sobre Ghérasim Luca para a franquia eletrônica da Modo de Usar & Co.

No ano passado, foi lançada no Brasil uma edição do volume Os corpos e os dias (São Paulo: Editora de Cultura, 2008), mais uma vez bilíngue, desta vez em tradução para o inglês. O livro trazia imagens do trabalho em vídeo que a poeta produziu para o poema-em-série.

O trabalho de Laura Erber transita entre a poesia escrita e o trabalho visual, especialmente em vídeo. Vista como poeta por uns, como artista visual por outros, aprecio e me identifico com sua busca por uma existência est-É-tica na fronteira entre práticas artísticas muitas vezes vistas como inconciliáveis. Seu trabalho insere-se na tradição lírica do Rio de Janeiro, que tem em Vinícius de Moraes e Cecília Meireles dois de seus representantes modernistas, mas espraia-se por poetas como Ronaldo Brito (o autor do maravilhoso Asmas, de 1982, livro ao qual poderíamos associar este Os corpos e os dias, de Erber), ou, nos últimos anos, poetas como Claudia Roquette-Pinto, Izabela Leal e a carioca por adoção Lu Menezes, assim como a lírica analítica de Marília Garcia e Juliana Krapp.

Os corpos e os dias pode ser lido como um poema longo em um fôlego que se divide em pequenos atos e atas de inalação e exalação. A poesia brasileira dos últimos anos entregou-se com freqüência à produção do mínimo e fragmentário, mas é uma das tarefas poéticas mais difíceis: a de poder atingir o mínimo sem entregar ao leitor o meramente desconjuntado. Ao adotar a estratégia do poema longo que se divide em silêncios, Erber consegue produzir muitos poemas que funcionam em sua existência individual e, ao mesmo tempo, tornam-se partes de um todo, numa poética metonímica, em sua estrutura como em sua linguagem. Dialogando entre si, como queria Jack Spicer para as páginas de um livro de poemas, sentimos completude funcional em uma página quase em branco, carregando apenas os versos: "o princípio de incerteza foi também um dia o / nosso princípio", para unir-se a outros versos e acumular e crescer em sentido (em sentido, ou em uma construção que substitua nossa inerente falta de sentidos?) na página seguinte:


"o que podemos pedir senão mais sede?
e terminar assim devotos mudos abertos"



Trata-se de uma est-É-tica que procura aceitar, sem apenas resignar-se ou lamentar em óbitos alguma "waste land", nosso reino de insuficiências.


"Gulliver gostaria de repouso aqui
atado em brotos de cogumelo
de lado para olhar o fruto aberto

um castelo de cartas também pode
durar no tempo
depois de cair"



É interessante que Laura Erber, sobre seu trabalho em vídeo dedicado a Ghérasim Luca, escreve que sua atenção estava voltada para o "caráter ao mesmo tempo público, paradoxal e teatral do suicídio no Sena", como assinala o poeta cearense Eduardo Jorge em seu ensaio "O eixo e a roda", dedicado a este vídeo de Erber. Eduardo Jorge lê, no ensaio, o próprio trabalho de Luca e de Erber a partir desta dramaticidade do público, paradoxal e teatral. Dos artifícios da boca natural em pleno ato de projetar-se ao exterior, em rajadas minúsculas.

Creio ser importante notar, porém, que esta aceitação do mínimo não me parece comparecer neste livro para satisfazer a já empoeirada ambição poética brasileira pelos parâmetros de qualidade conhecidos como "objetividade", "precisão" ou "concretude", geralmente casados no desejo de concisão. Como na seção do importante livro de Ghérasim Luca, Héros-Limite (1953), Laura Erber entrega-se neste trabalho a "le principe de incertitude". Não se trata de mera retórica crítica. Tal escolha gera implicações específicas na linguagem de Erber. Enquanto outros poetas entregam-se ao trabalho de descrição poética minimalista, na busca de um conciso que é raramente também denso e teso, de paisagens urbanas ou pequenos objetos, criando delicadas iluminuras (no melhor dos casos), mas frequentemente caindo no mero desarticulado e uso ingênuo da linguagem como simples exercício de representação (décadas depois de Wittgenstein e Peirce), em Laura Erber esta indeterminação faz da própria linguagem o campo de dúvidas e incertezas, não apenas do nosso velho "mundo exterior", mas daquilo que une nossos corpos em meio a outros objetos e faz de nosso eu "um limite do mundo": a linguagem. Não há descrições, apenas abordagens parciais, aproximações prováveis.


"o cartaz anunciava um filme de diálogos ágeis
mas falho nas cenas de ação"


O segundo livro de Laura Erber publicado no ano passado foi o (até então inédito) Vazados & Molambos (Florianópolis: Editora da casa, 2008). Nele, a voz de Erber se expande e estende, os poemas individuais seguem dialogando entre si, mas o fazem ainda por pequenas hesitaçoes internas, destinados a crescerem por metástase em uma linguagem na qual sabem não poderem confiar por completo. E, no entanto, nada mais possuem, a não ser esta linguagem compartilhável com o inalcançável outro.

Poema com fundo de Suzuki Harunobu
Laura Erber

quando as ondas brancas ficam mais altas em Tatsutayama
ninguém mais sabe se vai conseguir fazer a travessia de
noite
se o mundo dos prazeres é o mundo das coisas flutuantes
se a gaivota de risco fino terá lugar fora da paisagem
estilizada
ninguém sabe
se os amantes
tramam suicídio em Amijima
ou uma viagem pra Cuba
se quando pronuncio certos nomes
as ondas ficam mais altas
em Tatsutayama
ou aqui


§


(Laura Erber, "O livro das silhuetas", 2004)



Laura Erber nasceu em 1979, no Rio de Janeiro. Sua prática artística vem se caracterizando pelo constante trânsito entre linguagens e pelo modo como articula relações e descontinuidades entre palavra, imagem e corpo. Suas obras foram exibidas em diversos festivais internacionais de cinema e vídeo, além de centros de arte no Brasil e na Europa (Le Plateau, Jeu de Paume, Casa Européia da Fotografia, Museu de Arte Contemporânea de Moscou, Museu de Arte Moderna de Paris, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Oi Futuro, CCBB, IASPIS, Grand Palais). Foi artista residente no Centro de Arte Conteporânea Le Fresnoy (França), Akademie Schloss Solitude (Alemanha), Le Recollets (França), Batiscafo (Cuba). Realizou exposições individuais na Fundação Miró (Barcelona, 2006), no Centro Internacional de Arte da Ilha de Vassivière (França, 2005) e na Galeria Novembro Arte Contemporânea (Rio de Janeiro, 2006 e 2008). Publicou os livros Insones (2002), Os corpos e os dias (2008) e Vazados & Molambos (2008). Com o escritor italiano Federico Nicolao e a artista coreana Koo Jeong-A realizou o livro Celia Misteriosa (Villa Medici e edições Io, 2007); com o artista Laércio Redondo realizou o projeto A casa de vidro (2008). Colabora atualmente com a performer Marcela Levi.

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