sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Hoje à noite, nos vinhedos de Medana, Eslovênia


Hoje, às 20:30, estarei sob uma árvore nos vinhedos de Medana, na Eslovênia, para minha segunda leitura no festival (clique AAQQUUII). Conheci alguns poetas muito bons, a antologia foi muito bem editada, escrevo um relatório quando voltar ao Berlimbo. No domingo, parto para Veneza, que está logo ao lado, onde passo 3 dias perambulando pela Bienal.

3 comentários:

Anônimo disse...

Fiz um comentário, mas não apareceu; bem, faço-o novamente. Ricardo, creio que vc confundiu (no post Escrever em voz alta: parte 3: meça o corpo presente) transcendência com imanência, e os três poemas citados, apesar do caráter metafísico, ficam na imanência. Não esquecer que "transcendência" é um dado adquirido no Ocidente pela religião cristã, pode-se não aceitar ou crer no Deus único, mas para transcender é necessário a aceitação de um sentido maior. Outra coisa: transcendência não elide corpo, ao contrário, o corpo é necessário para que ela se realize. Por sinal, seu poema é muito bom. Divirta-se em suas viagens. Abraço, Antõnio Bastos

Ricardo Domeneck disse...

Caro Antônio,

peço desculpas pela demora em responder seu comentário e seu questionamento, não foi descaso. Estive fora de Berlim e queria responder com calma. Queria também, naturalmente, meditar sobre sua proposta de que, naquele artigo, teria sido mais apropriado usar "imanência" onde usei "transcendência".

De volta a Berlim, reli seu comentário, pensei a respeito, e confesso que discordo de você. Creio que o uso que fiz de "transcendência" é legítimo naquele contexto. De qualquer forma, veja bem, você fala sobre um "tom metafísico no sentido mais amplo", quando não creio ter insinuado que minha leitura exauria o assunto. Outra questão é que sempre busquei em meu trabalho uma maneira de borrar a linha fronteiriça entre certas dicotomias, portanto poderíamos dizer que meu texto implicaria uma metafísica em que "imanência" e transcendência" não se excluem. Mas não estou bem certo de que concordo com sua descrição.
O que me interessa naqueles poemas é a maneira como uma consciência corporal do poeta não implica materialismo. Há neles o anseio por transcendência, sem a negação do corpo. Esse é o dilema, de qualquer maneira. Eu estava tentando comentar e opor, de certa maneira, a tendência simbolista de sublimação do corporal e histórico. Veja, por exemplo, como em Cruz e Sousa há sempre uma sublimação do físico, também em outros poetas. Menciono Cruz e Sousa sabendo que ele teve motivos biográficos bastanre pungentes para esse anseio por sublimação, portanto não uso essa menção aqui de forma negativa.
Espero que isso exlique um pouco melhor como vejo a questão.

Abraço grande e agradeço o estímulo, que exigiu que eu elaborasse melhor o assunto.

Domeneck

Anônimo disse...

Ricardo, eu é que peço desculpas. Não sabia que vc estava ocupado. Bem, nos poemas que vc citou não percebo transcendência, mas posso estar errado, apesar que entendo nos seus poemas sua intenção. O conceito que utilizo para transcendência vem de Julián Marías: "Por otra parte, es nervio de la noción de creación la irreductibilidad. No es "fabricación", ni "generación", ni "emanación", sino creación ex nihilo sui et subjecti. El mundo no es algo "hecho" por Dios con una materia prima preexistente, ni engendrado por él - como el Hijo del Padre -, ni emanado de su propia realidade, sino puesto en la existencia, "fuera": este 'fuera' radical es lo que se ha llamado trascendencia, frente a toda forma de panteísmo; es la total irreductibilidad entre creador y criatura."
Desculpe citar textualmente, mas é que ele escreve e explica muito melhor do que eu. Por isso que Fernando Pessoa, apesar de toda interrogação metafísica (da origem) e ontológica (do sentido) não transcende, fica na imanência. Mas a discussão é boa e, penso, inesgotável. Abraços,Antônio Bastos.

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