quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Poema dedicado a Nadezhda Tolokonnikova, Yekaterina Samutsevich & Maria Alyokhina


Nadezhda Tolokonnikova, Yekaterina Samutsevich & Maria Alyokhina, 
da banda Pussy Riot




O anjo agachado 

             a Nadezhda Tolokonnikova, Yekaterina Samutsevich & Maria Alyokhina

Sobre uma desgraça, outra.
Eterno retorno e catástrofe,
já não há espaço entre teto 
e monturo para aquele Anjo 
Novo. Ele, torcicolo, manco 
há muitos séculos. Exemplo:
os russos. Estes enxergam 
no escuro, pois só o escuro 
os olha. Ao fim das células
-cone, a luz adiante no túnel 
é um trem. Rasputin, Stálin,
de certo Nicolau II a Putin.
Quiçá piore tudo um putsch.

Que importa, se pode
seguir lendo Tchecov.
A isso nós chamamos
democracia pós-Muro.
Se uma rebelião-pussy
contra os machos-alfa
vier, que ela nos traga
à "Origem do Mundo".
Mas os falos que falam
nos mantêm mudos.
"Que globo, meu Deus!",
disse eu, feito um rato,
e voltei a roer as unhas.


Ricardo Domeneck, Berlim, 9 de agosto, 2012.


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